In Sol Online (5/12/2007)
Por Margarida Davim
«O presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, diz que o líder da distrital do PSD, Carlos Carreiras, «foi enxovalhado», depois de ter visto a proposta que apresentou na véspera da reunião da Assembleia Municipal ter sido «ignorada» pelo seu partido
Para António Costa, «houve uma derrota clara da intervenção da direcção nacional do PSD» no processo que acabaria com uma solução de consenso, depois do braço de ferro mantido entre o PS e o PSD à volta do montante para o empréstimo da Câmara de Lisboa à banca.
«Talvez o sr. Carreiras se devesse dedicar à gestão de Cascais [onde é vereador] e deixar a Câmara de Lisboa», ironizou o autarca socialista, que admite que a solução encontrada não é a melhor para a cidade.
«É uma proposta de risco», avisa Costa, que recorda que o empréstimo aprovado esta terça-feira fica aquém do montante necessário para pagar todas as dívidas do município, já que este valor não cobre a provisão necessária para a quantia que pode vir a ser reclamada à Câmara e que ainda está em contencioso ou por facturar.
Contente por evitar uma crise política, António Costa diz que retirou uma lição de todo o processo: «O que aprendi é que é muito difícil viver nesta autarquia sem que o PSD defina um interlocutor e um só interlocutor».
Costa aproveitou a sugestão do presidente social-democrata da Junta de Freguesia de Benfica, Domingues Pires, e conseguiu viabilizar – com a abstenção do PSD – uma proposta de empréstimo de 400 milhões de euros (composta por uma primeira tranche de 360 milhões e por uma segunda de 40 milhões).
Pelo meio, caíram as ideias de Carlos Carreiras, que pretendia aprovar apenas o empréstimo de 143 milhões, criando um fundo municipal de 357 milhões para chegar aos 500 milhões de que Lisboa precisa para equilibrar as suas contas. Carreiras, que acompanhou a Assembleia Municipal sentado na plateia destinada ao público, desvaloriza o recuo e fala numa «vitória de Lisboa».
O presidente da distrital laranja mantém as reservas relativamente à legalidade do empréstimo e alerta para a possibilidade de este poder vir a ser chumbado pelo Tribunal de Contas.
Carreiras garante que a sua presença não serviu para pressionar os sociais-democratas a seguir a indicação de voto contra o empréstimo determinada pela direcção e explica que esteve na Assembleia «para tentar contribuir até ao fim».
Mais: o líder da distrital assegura mesmo que o presidente do PSD Luís Filipe Menezes não participou na negociação levada a cabo esta terça-feira e que culminou com a aprovação de um empréstimo de 400 milhões.»
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