A Avenida Duque de Loulé, parte integrante do grande plano visionado pelo Eng. Ressano Garcia nos finais do séc. XIX, era uma das artérias mais caras e nobres da capital. A 4 de Dezembro de 1902 a jovem avenida era baptizada "Avenida Duque de Loulé" por deliberação Camarária. Na primeira década do séc. XX, a fase de maior intensidade construtiva, a avenida transformou-se numa das moradas onde as melhores arquitecturas da cidade se exibiam, reflectindo os gostos, o poder económico e o estatuto social da burguesia lisboeta. Luxuosos palacetes e prédios de rendimento engrandeceram a avenida. A Av. Duque de Loulé, tal como a Av. Fontes Pereira de Melo, tem um grande significado para a história da cultura arquitectónica e urbanística da capital.
Em toda a área das Avenidas Novas trabalharam alguns dos melhores arquitectos nacionais da viragem do séc. XX. Dos vários palacetes erguidos na Av. Duque de Loulé três receberam mesmo o reconhecimento do prestigiado Prémio Valmor (em 1907, 1909 e 1919). Só as avenidas da Liberdade e da República conseguiram mais arquitectura premiada. Apesar das irreflectidas demolições que ocorreram na Av. Duque de Loulé durante as últimas décadas do séc. XX, e já inícios do presente, ainda sobrevivem exemplares notáveis da arquitectura que marcou a Lisboa do princípio do séc. XX. Destes, cerca de 20 imóveis estão propostos para o próximo PDM (revisão do Inventário Municipal do Património).
Mas apesar do indiscutível valor do património arquitectónico que ainda sobrevive nesta avenida, e apesar de parte dele estar mesmo protegido pelo PDM, a maioria dos proprietários continua a entregar pedidos de demolição à CML. E a CML continua a deferir muitos destes pedidos. Neste momento existem já dez imóveis em risco de serem demolidos, incluíndo o último palacete que resta na Av. Duque de Loulé.
Mas não é apenas o património arquitectónico da Av. Duque de Loulé que está em risco. A própria placa central, elemento essencial do plano urbanístico das Avenidas Novas idealizado por Ressano Garcia, está completamente degradada, com problemas graves de estacionamento selvagem, árvores de alinhamento em falta, mortas ou em mau estado. Também no passado recente, e na lógica obsoleta de priveligiar o tráfego automóvel, os passeios laterais foram reduzidos a um tamanho que não convida ao andar a pé, para além de colocarem em causa a própria segurança dos peões. E mais recentemente foi proposto o esventramento da avenida para a construção de um túnel, integrado no projecto do túnel do Marques.
Por todos estes motivos, a Av. Duque de Loulé constitui um paradigma da má gestão do património arquitectónico e urbanistico da capital. Assim, o Forum Cidadania Lx faz um apelo ao actual executivo da CML para que inicie a alteração deste cenário urbano de terceiro mundo.
AVENIDA DUQUE DE LOULÉ - 2007 - OS FACTOS:
16 IMÓVEIS COM VALOR PATRIMONIAL DEMOLIDOS, incluíndo 3 Prémio VALMOR:
-Av. Duque de Loulé, 77. Projecto do Arq. António de Couto Abreu. Prémio Valmor de 1907. Demolido em 1954. Foi o primeiro edifício galardoado com o prémio a desaparecer da capital.
-Av. Duque de Loulé, 72-74. Projecto do Arq. Adolfo Marques da Silva. Menção Honrosa do Prémio Valmor de 1909. Demolido em 1965.
-Av. Duque de Loulé, 47. Projecto do Arq. Álvaro Augusto Machado. Prémio Valmor de 1919. Demolido em 1961.
10 IMÓVEIS COM VALOR PATRIMONIAL EM RISCO DE DEMOLIÇÃO:
-Av. Duque de Loulé, 10. Imóvel do início do séc. XX actualmente devoluto e abandonado. Do projecto arquitectónico fazem parte frisos de azulejos da famosa Fábrica de Cerâmica Lusitânia. Estes azulejos, de grande qualidade artística, são considerados raros por se tratar de uma produção de influência italo-flamenga de finais do séc. XVI. O Museu Nacional do Azulejo está a tentar organizar com o Pelouro da Cultura da CML uma eventual operação de desmonte dos paineis uma vez que o imóvel se encontra em risco elevado de acções de vandalismo (alguns paineis já foram furtados). Entretanto, deu entrada na CML um "pedido de informação prévia" em 2007. Pelo modo como o proprietário abandonou e desprezou este exemplar único da arquitectura lisboeta é de prever que no futuro próximo dê entrada na CML um "pedido de demolição".
-Av. Duque de Loulé, 35. O último sobrevivente dos vários palacetes erguidos ao longo desta avenida nobre. Imóvel de arquitectura eclética com vãos neo-góticos e interiores com tectos de estuque artístico. Encontra-se devoluto mas em bom estado de conservação pois esteve ocupado por serviços do Estado. A 24 de Janeiro de 2007 deu entrada na CML um "pedido de demolição". Este é o derradeiro palacete da avenida mas mesmo assim é proposta a sua demolição.
-Av. Duque de Loulé, 36-42 torneja Rua Ferreira Lapa, 45. Imóvel do início do séc. XX que inclui no piso térreo uma antiga Padaria, exemplar raro da arquitectura do ferro de Lisboa . Este imóvel fecha um quarteirão particularmente sensível porque tem uma frente para a antiga Rua de Andaluz, importante conjunto urbano onde se destaca a setecentista Casa da Quinta da Cruz do Tabuado (Rua do Andaluz, 46-52). O imóvel e antiga Padaria fazem parte do Inventário Municipal do Património proposto na revisão do PDM. Deu entrada na CML um "pedido de demolição" a 21 de Dezembro de 2006.
-Av. Duque de Loulé, 70. Imóvel Arte Nova de grande qualidade arquitectónica, nomeadamente os trabalhos escultóricos de excepção na fachada. Já foi alvo de um pedido de demolição, reprovado, na década de 90. Faz parte do Inventário Municipal do Património do PDM. Actualmente encontra-se totalmente devoluto e abandonado pelo proprietário, possivelmente numa estratégia de aguardar que o imóvel se degrade de modo a viabilizar um próximo pedido de demolição.
-Av. Duque de Loulé, 81-83. Imóvel do início do séc. XX com fachada Arte Nova. Faz parte do Inventário Municipal do Património do PDM. Já foi alvo de um pedido de demolição, reprovado na década de 90. Mas a 28 de Março deste ano deu entrada na CML um "pedido de informação prévia" que poderá resultar mais tarde num novo pedido de demolição.
-Av. Duque de Loulé, 86-88, 90-92, 94-96. Conjunto notável de 3 edifícios de habitação colectiva do início do séc. XX denunciando forte influência da arquitectura parisiense. As fachadas ecléticas, misturando detalhes Arte Nova e neo-renascentistas são únicas em Portugal. Faz parte do Inventário Municipal do Património do PDM. Em 2005 eu entrada na CML um "pedido de ampliação" que poderá incluir a destruição integral dos ricos interiores.
-Av. Duque de Loulé, 112-122. Imóvel do início do séc. XX apresentando uma fachada original com vãos de formas assumidamente Arte Nova com vitrais, uma situação rara em Portugal. Deu entrada na CML um "pedido de demolição e construção" a 12 de Outubro de 2004. O pedido foi indeferido e o imóvel encontra-se actualmente devoluto e abandonado.
-Av. Duque de Loulé, 119 torneja Rua Camilo Castelo Branco, 17. Imóvel do início do séc. XX de fachada composta por frisos de azulejos Arte Nova e rara composição de vãos de desenho assimétrico e varandas de gaveto. Faz parte do Inventário Municipal do Património proposto para o novo PDM. A 17 de Novembro de 2006 deu entrada na CML um "pedido de ampliação" que poderá vir a traduzir-se mais tarde num pedido de demolição parcial, ou mesmo total como aconteceu em 2006 com o notável gaveto em frente (Av. Duque de Loulé, 126).
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1 IMÓVEL COM VALOR PATRIMONIAL DEMOLIDO EM 2006:
-Av. Duque de Loulé, 126 torneja Rua Camilo Castelo Branco. Era um imóvel também do início do séc. XX, de grande qualidade arquitectónica, que rematava um quarteirão da avenida. A fachada de composição elegante, apresentava balcões de ferro forjado de desenho original. Pela qualidade arquitectónica, a fachada deste imóvel deveria ter sido incluída no Inventário Municipal do Património do PDM. A 16 de Fevereiro de 2004 deu entrada na CML um "pedido de demolição" (proc. nº 970213/EDI/2004). Este pedido foi deferido e a demolição concluída em 2006. A 30 de Novembro de 2006 deu entrada na CML um "pedido de licenciamento para construção" (nº 1598/EDI/2006) que está para despacho de aprovação de arquitectura no director municipal desde 27 de Junho de 2007. Em menos de 3 anos se apaga da cidade um edifício de qualidade, recurso patrimonial que era possível e aconselhável conservar para as futuras gerações.
Lisboa, 10 de Dezembro de 2007
Fernando Jorge, Paulo Ferrero, Júlio Amorim e Virgílio Marques
uma vergonha...as avenidas novas a caminho de se tornarem na liha de sintra....
ResponderEliminarAlerto para o facto da maioria dos pedidos de licenciamento para alteração & demolição entregues na CML não estarem devidamente publicitados no local, como obriga a lei; não se encontram afixados nas fachadas dos imóveis o obrigatório "AVISO"; assim, os factos descritos no nosso documento foram obtidos através do atendimento ao municipe no edificio central da CML ao Campo Grande.
ResponderEliminarque pouca vergonha. somos uma nação de terceiro mundo. mudem o nome da Av. Duque de Loulé para Av. Terceiro Mundo. Ou Av. Corrupção no Pelouro de Urbanismo!
ResponderEliminarVERGONHA!!!
ResponderEliminar(coisa que eles não têm)
Para bem ou para o mal, consoante as opiniões, o problema precisa de ser resolvido. Uma vergonha ao estado que essa zona chegou. A melhor opção seria a reabilitação. Caso não seja possível, que venha a demolição. Como as coisas estão é que não. Alguns constituem um perigo para quem ali passa, visto que a degradação agudiza-se a cada dia que passa.
ResponderEliminarParabéns à politica das rendas congeladas. O resultado está à vista. Não culpem os proprietários. Esses são as vítimas da privação do seu patrimonio.
ResponderEliminarNeste caso concreto a politica das rendas congeladas não se aplica uma vez que os imoveis propostos para demolição estão devolutos. O problema em Portugal é simples: os proprietários & imobiliarias ainda não perceberam que o valor patrimonial das suas propriedades constitui uma mais valia comercial no actual mercado imobiliario europeu. Lisboa é vítima do atraso do mercado imobiliario nacional. Um imovel com mais de 100 anos é visto como uma vergonha, algo sem qualquer valor no mercado imobiliario. Mas é pena que ainda assim seja pois existem alguns bons exemplos em Lisboa (edificio da Pastelaria Versalhes).
ResponderEliminarmal posso acreditar no que acabei de ler! Lisboa para onde te levam?
ResponderEliminarNão se percebe como os sucessivos executivos da CML continuam a autorizar a destruição do patrimonio da nossa cidade. Todos eles nos prometem que vão terminar com a mania da demolição, mas todos eles acabam por não cumprir com a promesa. Lentamente, a nossa bela cidade vai ficando mais pobre e feia.
ResponderEliminarMorei durante anos no nº 42 da Av Duque de Loulé. O meu quarto era no 3º andar. Precisamente aquele que tem a porta aberta para a varanda. Era um prédio magnífico. Apenas o 1º andar tinha um cabeleireiro e uma habitação. Os outros apenas 1 habitação por andar. 10 assoalhadas, apenas 1 tinha janela para o saguão. Todas as outras eram viradas para as 3 ruas. 39 portas e janelas, 35 m de corredor. Nos anos 80 começou o êxodo dos lisboetas para as periferias. O Presidente da Câmara autorizou a venda para escritórios de todos os prédios de habitação. Destruiram-se edifícios de grande valor arquitectónico para construirem o que hoje se vê. Das Avenidas Novas sairam milhares de pessoas. Na Duque de Loulé desapareceram os vizinhos, fecharam as lojas de bairro, os cafés mudavam para lojas de comida à pressa e em pé. Deixou de passar o ardina que atirava o jornal dobrado para a varanda. Desapareceram as senhoras que vendiam fruta todo o dia em frente da mercearia da espanhola que passou a ser uma casa de comida rápida. Os passeios passaram a estar ocupados por carros todo o dia e vazios à noite. "O Noite e Dia" passou a ser uma outra coisa que só servia a noite. destruiram-se vivendas, abandonaram-se outras. Abriram-se portas. foi assim no nº 42. Os inquilinos do 4º andar morreram, as portas foram escancaradas e quando chovia, no 3º andar quase tinhamos que andar de gabardina e chapéu.
ResponderEliminarO coreto da José fontana passou a ser armazém de garrafas vazias, abrigo de quem não tinha casa. A António arroio mudou para as olaias. O Camões esteve quase abandonado. A Escola de Medicina Veterinária mudou-se.O Monumental foi arrasado. Ainda recordo a Laura Alves em frente dos destroços a gritar já louca. Fechou o Monte Carlo, O Monumental A Paulitana (acho q era este o nome)
E desde os anos 80 ainda ninguém parou com a destruição de Lisboa. ASSASSINOS! CAMBADA DE ASSASSINOS. Criminosos!
caro vm, pode-me dizer quanto pagava de renda no seu nº 42 da Av Duque de Loulé?
ResponderEliminarInteressante a descrição do leitor VM. A questão seria.....o que é mudou para melhor nesta zona ?
ResponderEliminarQuanto à António Arroio, essa mudou-se já em 1970 ou 71.
JA
A Antómio Arroio veio-me de repente à cabeça. Claro que mudou em 1970 e também não sei em que ano mudou a Medicina Veterinária. Provavelmente nos anos 90. Vieram-me uma data de coisas à memória e desorganizado misturei tudo. Não tenho é dúvidas de que a mudança radical se deu no princípio dos anos 80. Foi de repente e desastrosa. Não tem parado mais. Hoje evito passar na Duque de Loulé. É uma rua que não conheço. Não tem nada a ver com o que foi. É fria, desabitada. Como muitas outras ruas de Lisboa.
ResponderEliminarA D.Clarinha, morreu com 90 e tantos anos e viveu no 2º andar perto de 60, dizia que só no princípio de lá estar se lembra de ter havido obras. Apesar de quase metade do meu vencimento ser para pagar a renda, todas as obras necessárias foram sempre, sem excepção, custeadas por mim. Incluindo as que foram consequência de infiltrações provocadas pela chuva que entrava pelas portas do 4º andar abertas depois da morte dos inquilinos. E todas as reclamações cairam em saco roto.
"Incluindo as que foram consequência de infiltrações provocadas pela chuva que entrava pelas portas do 4º andar abertas depois da morte dos inquilinos."
ResponderEliminarAcho esta parte bem esclarecedora da impunidade e falta de moral/ética de muitos proprietários portugueses. E não venham com a história das rendas baixas, porque condutas destas... são bem mais baixas. E mais....gostaria de ver o senhorio que (independentemente das rendas) se atrevesse a fazer destas em outros países da Europa.
JA
Noutros países da Europa respeita-se a lei e a propriedade. Os governantes portugueses têm um código moral que permite privar os proprietários do seu imóvel e do direito de arrendar. Pois bem, este os andares sem portas e a ruína são o resultado. Privados de financiamento, ficam privados de fazer as obras e de poder cuidar do seu património.
ResponderEliminarPergunto-me quanto é que a D. Clarinha pagava de renda para exigir uma obra que seja.
Eu pergunto-me antes quando custava manter as portas fechadas...
ResponderEliminarManter as portas fechadas custava para o proprietário perder para sempre o seu imóvel E o seu terreno. Tirar as portas é uma maneira muito eficaz de se tirar ocupantes indesejáveis.
ResponderEliminarDe certo política da terra queimada, pois a terra queimada é o que resta depois de os privarem do edifício que lhe pertence.
ocupantes ?
ResponderEliminarsim, ocupantes. indivíduos que não aceitam sair do apartamento, nem pagar renda.
ResponderEliminargatunos
Há coisas muito importantes a resolver e em que devemos e podemos ocupar o nosso tempo. Por exemplo, o SALÃO NOBRE DO CONSERVATÓRIO NACIONAL DE LX que corre o risco de perda total, é duma riqueza patrimonial enormíssima. Existe uma petição a circular na internet a pedir às entidades competentes que façam obras urgentes de recuperação. Temos cerca de 3600 subscritores, precisamos de ter mais de 4000. Quem se preocupar com o nosso património e não subscreveu pode fazê-lo. Quem já o fez pode divulgar e angariar novos subscritores. É um dever cívico. Ser patriota não fica pela defesa da bandeira e do hino. É muito mais.
ResponderEliminarNão percamos tempo a falar do que (ou de/com quem) não o merece.
Lamento a noticia que deixo a seguir. Andámos anos com a pesada herança do fascismo, agora é a pesada herança dos licenciamentos.
ResponderEliminarE vai abaixo...
Lisboa: Câmara aprova demolição parcial na Duque de Loulé
12 de Dezembro de 2007, 23:52
Lisboa, 12 Dez (Lusa) - A Câmara de Lisboa aprovou hoje a demolição parcial de um edifício na Avenida Duque de Loulé, criticada por vereadores da oposição e pelo Fórum Cidadania Lisboa, que destaca uma padaria que é "exemplar raro da arquitectura do ferro".
O vereador do Urbanismo, Manuel Salgado (PS), afirmou que o projecto de arquitectura das obras do edifício do número 42 da Avenida Duque de Loulé já tinha sido autorizado pelo último executivo".
"A fachada é mantida, há alterações no interior e o acrescento de um piso", explicou aos jornalistas na conferência de imprensa que se seguiu à reunião do executivo municipal.
O Fórum Cidadania Lisboa manifestou-se contra esta demolição, em comunicado, sublinhando que o "imóvel do início do séc. XX inclui no piso térreo uma antiga padaria, exemplar raro da arquitectura do ferro de Lisboa".
A vereadora do movimento Cidadãos por Lisboa Helena Roseta destacou hoje esta particularidade do edifício, que será destruída e sublinhou: "Mantém-se a fachada e o resto vai tudo fora".
Segundo o Fórum Cidadania Lisboa, "o imóvel e antiga padaria fazem parte do inventário municipal do património proposto na revisão do PDM [Plano Director Municipal]".
Para a associação, a Avenida Duque de Loulé é um "paradigma da má gestão do património arquitectónico da capital", onde "16 imóveis com valor patrimonial foram demolidos, incluindo três Prémio Valmor".
Manuel Salgado afirmou comungar "inteiramente das preocupações do Fórum Cidadania Lisboa" mas referiu as "dificuldades" com que se confronta devido a "uma série de compromissos do passado, já que era uma prática corrente demolir para construir de novo".
"É uma situação que se tem de inverter, até porque é uma interpretação um pouco extensiva do PDM. A lei diz que as demolições só devem ser autorizadas quando exista plano de pormenor ou inviabilidade do edifício do ponto de vista técnico ou económico", afirmou.
O vereador do Urbanismo afirmou que actualmente os serviços fazem uma vistoria para avaliar o "valor patrimonial e o estado de conservação".
"Se destruirmos todos os edifícios, qualquer dia Lisboa é igual a qualquer periferia descaracterizada", disse.
A vereadora Helena Roseta criticou que o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico tenha vindo a ratificar processos de reabilitação como o do número 42 da Duque de Loulé, em que apenas a fachada é mantida.
"A arquitectura não é a fachada. Penso que nem se devia chamar reabilitação, é uma espécie de cenário", defendeu.
A vereadora dos Cidadãos por Lisboa salientou ainda a "necessidade de a Avenida Duque de Loulé ter um trabalho de conjunto", devido ao património arquitectónico que congrega, integrado no plano do engenheiro Ressano Garcia nos finais do séc. XIX.
Para além do licenciamento da demolição e ampliação e reabilitação do edifício situado no número 42 daquela avenida, foi igualmente aprovado em Câmara o projecto da obra de alteração e ampliação do edifício situado nos números 111 a 119.
A olhar para estas fotografias fiquei com o meu estômago todo embrulhado.
ResponderEliminarVamos ficar sem cidade, e depois olhamos para o nada, para o vazio de cultura com que iremos ficar.
Uma vergonha vergonhosa!
Adeus Lisboa? Adeus lisboetas?
ResponderEliminaracho que vou vomitar...
ResponderEliminarTodas as manhãs tenho o imenso prazer de descer à Av. Duque de Loulé e iniciar mais um dia de trabalho.
ResponderEliminarOcupo, juntamente com outras pessoas, uma das fracções num dos edifícios referenciados no início deste página e é com uma dor no coração e na alma que todos os dias entro no hall do prédio e sou recebido pelo cheiro a mofo e a soalho húmido.
É verdade! Grande parte do edifício está desocupado e em todas as fracções chove ou susbsistem graves infiltrações.
Dos senhorios, nem um "ai".
Até quando?
Até ao dia em que os inquilinos começaram a pagar renda, meu amigo
ResponderEliminarÉ lamentável que estes senhores se continuem a julgar impunemente donos da cidade, destruindo desta forma selvagem a memoria colectiva dos que cá vivem.
ResponderEliminarO incêndio do prédio da Av. da Liberdade trouxe-me para a memória o fantasma do incêncio como forma e meio de desocupar os inquilinos.
ResponderEliminarComo referi trabalho na Av. Duque de Loulé. Sou sub-arrendatário de um gabinete numa fracção de um destes edifícios.
Se é verdade que o meu "senhorio" paga uma renda muito baixa, tendo por base o número de assoalhadas e a área e local da fracção, certo é que a renda que eu lhe oago dava para eu lhe poder pagar 5 meses de renda...
É uma pena deixar estes prédios chegar a este estado de degradação.
Não à destruição do património arquitectónico de Lisboa!
Pobre Marquês de Pombal, se renascesse, morria de novo ao ver a Sua cidade destruida pela especulação imobiliária!
deixo apenas como nota que os últimos arrendatários do conjunto de edificios erigidos em 1905 pelo banqueiro Souto Mayor (o do Palácio...), mais precisamente os n.º 86 a 92, vão desocupar as suas fracções, ficando assim os prédios vazios.
ResponderEliminarQuando falo em desocupação, digo-o porque foi efectuado um acordo entre senhorios e inquilinos,sem qualquer tipo de relação com aqueles "ocupantes" a que se faz referência em alguns post anteriores (sim, nós sempre pagámos pontualmente a renda...).
Segundo se sabe, as obras iniciar-se-ão em Novembro de 2009 e irão adaptar este conjunto de edificios a apartamentos de luxo. Consta-se igualmente que em cada fracção de 13 assoalhadas irão ser feitos 3 apartamentos, os quais respeitarão a traça externa do edificio.
Resta saber o que irá acontecer aos maravilhosos tectos de estuque em estilo "arte-nova".
é bom ficarmos alerta para ver se, de um dia para o outro, um incêndio ou um descuido não faz ruir todo o edificio.
O que acontece, é que tivemos "rapazolas" a gerir a CML, como exemplo - temos o caso de Santana e o seu partner engenheiro, foi uma autentica vergonha.
ResponderEliminarQuando se mete a AD, é riqueza para alguns e pobreza para a grande maioria que vive nos Bairros populares - ou esses não contam?
Olissiponense de gema
A visão do Sr. Lisboeta de gema é muito clara: uns contam para pagar impostos e outros "contam" para viver à conta. Isso sim é uma gestão "séria".
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