10/01/2008

Ora venha mais uma ponte

O primeiro-ministro acaba de anunciar mais uma ponte rodoviária em Lisboa sobre o Tejo! Em 10 anos tivemos a ponte Vasco da Gama e a ponte a norte de Vila Franca de Xira, que pelos vistos não são "suficientes". Para que é que queremos mais automóveis a entrar na cidade? Porque é que demoramos tanto tempo a chegar a conclusões às quais já se chegou há décadas noutros países em termos de transportes, nomeadamente que os automóveis nas cidades não podem ser bem-vindos, muito menos convidados a entrar como agora é feito?
Há 15 anos quando foi lançada a Ponte Vasco da Gama fiquei totalmente surpreendido por esta não incluir ferrovia, mas para "compensar" rapidamente se falou em construir uma terceira só para a ferrovia.
Mas isso seria um sacrilégio, uma ponte SÓ para comboios? Tanto betão e fundos a serem desperdiçados não poderia ser. Toca a tornar a terceira travessia em ponte com ambas as valências.

Nem de propósito, uma amiga de Barcelona (reparem não é da Dinamarca ou da Alemanha) acabada de chegar ao Estoril vinda do Aeroporto comentava - como primeiras impressões da cidade - as enormes velocidades nas auto-estradas urbanas e a enorme quantidade de trânsito nos arredores.

4 comentários:

  1. Existe algum tipo de construção que não vos seja hostil? As pontes são nefastas por serem pontes. Os prédios são nefastos por serem prédios. Os carros são aparentemente inúteis (?). O autor deste post deve protagonizar o regresso à idade da pedra. Uma vida sedentária, sem mobilidade, em que a mulher vai ao chafariz buscar àgua. As pessoas teriam de trabalhar à porta de casa, ou viver do pequeno cultivo. Um sonho!

    Se a vida urbana tanto lhe desagrada, já pensou em comprar uma monte no Alentejo?

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  2. Acho que se mudasse para dentro da cidade perderia uma boa parte do radicalismo e passaria a perceber, entre algumas coisas, que o problema dos automóveis em Lisboa se resolveria naturalmente se se dificultasse verdadeiramente a entrada dos que vêm de fora = quem não quer viver aqui não tem legitimidade para nos infernizar o espaço.
    Se a coisa não resultasse, talvez a opção por um monte seja a única que respeite quem gosta de viver em cidades.

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  3. Há uma forte propensão em tornar as discussões pessoais. Mesmo neste caso, apenas posso dizer que moro no centro histórico de Lisboa. Tenho na minha rua uma Faculdade, comercio, serviços, com direito a muita gente que vem de fora do concelho.

    Acho piada ao conceito de capital em que "se dificulta verdadeiramente a entrada" às pessoas.

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  4. É a forma como coloca as coisas, Sr. Filipe.

    Nem as pontes são desnecessárias, nem os prédios, sequer os automóveis.

    São os tempos que mudam. E o tempo da utilização massiva do automóvel em cidades que se querem sustentáveis, é, parece-me, insustentável.

    Daí, todos os investimentos contam, para promover um lado ou o outro.

    Se, em Portugal, não quisermos desenvolvimentos sustentáveis, então venha mais uma.

    Você decide, venha jogar!

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