01/02/2008

PILARETES: ainda é polémico em Lisboa




Exemplos de pilaretes em arruamentos de Amesterdão (foto 1), Paris (foto 2) e Barcelona. Quando observamos o ambiente urbano de cidades mais desenvolvidas que Lisboa, constatamos que a instalação de pilaretes nos passeios é uma prática comum e sem polémica. Nos centros urbanos de génese antiga, ainda é a melhor solução para proteger os direitos dos peões e a ordem urbana. Em cidades como Paris, Barcelona e Amesterdão, são raros os arruamentos sem pilaretes. E não se tenha a ilusão de que nestas cidades existe estacionamento para os moradores dos bairros históricos. Não existe. Existem é poucos moradores com viatura de transporte individual. Mas o lisboeta continua a acreditar que o estacionamento do seu automóvel à porta de casa é um direito intocável, seja nos Olivais ou em Alfama.

Estéticamente, os pilaretes apresentam um impacto bem menos negativo que uma viatura automóvel em cima de um passeio ou passadeira - descarados despojos da falta de civismo e do insustentável crescimento de viaturas de transporte individual nas cidades.

Infelizmente, em Lisboa um pilarete ainda funciona bem melhor que executivos do governo, da CML, polícia ou traço amarelo.

20 comentários:

  1. Ainda ontem, para os lados da Alameda, dei de caras com uma situação curiosa: pilaretes colocados só junto às esquinas!
    Alguém cheio de preocupações para com os peões, lá achou que ao menos nas esquinas os peões deveriam ter direito a um espacinho. O resto poderia ser entregue às feras.

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  2. 3 fotografias muito esclarecedoras. Obrigado pelos exemplos apresentados. Quanto ao traço amarelo muito visto nas estradas de LOndres só funciona se os condutores foram tão respeitadores quanto os peões.

    JP.

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  3. 3 fotografias muito esclarecedoras. Obrigado pelos exemplos apresentados. Quanto ao traço amarelo muito visto nas estradas de LOndres só funciona se os condutores foram tão respeitadores quanto os peões.

    JP.

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  4. Gosto especialmente da animação na rua. Os pilaretes trouxeram-lhe muita.

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  5. Finalmente também já podemos juntar a foto da Rua do Século a esses 3 bons exemplos apresentados.

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  6. Pessoalmente, entristece-me a existência desses pilaretes, sejam autênticas obras de escultura com brasões da cidade gravados ou apenas erectos e desmedidos falos.

    São caros e roubam espaço ao passeio, aos peões.
    É que na ideia que tenho (sustentada pelo que também tenho visto por essa Europa fora) sobre o tipo de relação que acredito ser a mais saudável, responsável e imprescindível entre o cidadão e a sociedade, não vejo necessidade quer de linhas contínuas duplas, quer de pilaretes.

    Afinal, para quê? São passeios. Os passeios têm uma função que não a de estacionamento. E da mesma forma que não cagamos no prato em que comemos, devemos apenas estacionar nos locais definidos para estacionamento.

    Mas bem sei que alguns gostam de comidas mais condimentadas. E aí começo a descer à realidade. Penso, que se lixe! Venham as linhas duplas contínuas, do mal o menos. Funcionam em algumas cidades e servem como lembrança para os mais desatentos - por isso é que são amareladas e dão nas vistas.
    Mas há muita gente desatenta e muitos mais que se fingem desorientados.
    Desço pois mais um nível. E aí encontro, enfim, os pilaretes. Que fazer?

    Ajudam, certo, mas a questão de fundo não fica resolvida. O hiato cultural mantém-se e vamos demorar décadas a juntar as nossas fotografias ao álbum. Mais, cheira-me que muita gente jamais perceberá o significado das frases do post do FJorge: “E não se tenha a ilusão de que nestas cidades existe estacionamento para os moradores dos bairros históricos. Não existe. Existem é poucos moradores com viatura de transporte individual.”

    Entender o que no fundo é muito simples. Vejamos:
    Existem bairros modernos, cheios de lugares para os carros, com edifícios modernos e vias muito rápidas. Um dia, também eles serão bairros históricos.
    Depois existem os bairros que já são históricos, que são históricos, pois, isto é, com coisas históricas, ou seja, coisas que fazem parte da nossa história e bué pessoal de fora gosta de visitar.
    Estes bairros requerem pessoas modernas.
    Parece um paradoxo mas não é. Moderno não é aquele que tem o carro mais moderno e veloz, e dele obtém a ideia burguesa de status e poder, nem aquele que olha para as bicicletas e os transportes públicos como o transporte do padeiro e da plebe.

    É aquele que percebe o espaço e que sente a responsabilidade de o frequentar, e que experimenta um sentimento de honra na harmonização que se estabelece.

    O maior prova do nosso atraso cultural está no abandono do centro de Lisboa e dos seus bairros históricos. E ainda bem! Porra.
    Não precisamos de pessoas que exijam mais lugares para o seu carro real, mas de pessoas que abdiquem do carro para viver em lugares efectivamente reais.
    Se as opções dos lisboetas, entre eles alguns bons amigos, estão à vista e as previsões não apontam mudanças a curto prazo, teremos ou os estrangeiros a cuidar do nosso património ou aparecerá um dia algum artista que deitará tudo abaixo e construirá mais bairros para os carros poderem estacionar.
    Espero que isso aconteça em breve e nos alivie desta angústia.
    Que finalmente alguém faça ver ao mundo, o continente em que os portugueses gostariam de viver e o grupo de países com que gostavam de ser relacionados.
    Não vejo mal nenhum mal nisso, a sério!
    Assumamo-lo se for esse o caso.

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  7. Pessoalmente, entristece-me a existência desses pilaretes, sejam autênticas obras de escultura com brasões da cidade gravados ou apenas erectos e desmedidos falos.

    São caros e roubam espaço ao passeio, aos peões.
    É que na ideia que tenho (sustentada pelo que também tenho visto por essa Europa fora) sobre o tipo de relação que acredito ser a mais saudável, responsável e imprescindível entre o cidadão e a sociedade, não vejo necessidade quer de linhas contínuas duplas, quer de pilaretes.

    Afinal, para quê? São passeios. Os passeios têm uma função que não a de estacionamento. E da mesma forma que não cagamos no prato em que comemos, devemos apenas estacionar nos locais definidos para estacionamento.

    Mas bem sei que alguns gostam de comidas mais condimentadas. E aí começo a descer à realidade. Penso, que se lixe! Venham as linhas duplas contínuas, do mal o menos. Funcionam em algumas cidades e servem como lembrança para os mais desatentos - por isso é que são amareladas e dão nas vistas.
    Mas há muita gente desatenta e muitos mais que se fingem desorientados.
    Desço pois mais um nível. E aí encontro, enfim, os pilaretes. Que fazer?

    Ajudam, certo, mas a questão de fundo não fica resolvida. O hiato cultural mantém-se e vamos demorar décadas a juntar as nossas fotografias ao álbum. Mais, cheira-me que muita gente jamais perceberá o significado das frases do post do FJorge: “E não se tenha a ilusão de que nestas cidades existe estacionamento para os moradores dos bairros históricos. Não existe. Existem é poucos moradores com viatura de transporte individual.”

    Entender o que no fundo é muito simples. Vejamos:
    Existem bairros modernos, cheios de lugares para os carros, com edifícios modernos e vias muito rápidas. Um dia, também eles serão bairros históricos.
    Depois existem os bairros que já são históricos, que são históricos, pois, isto é, com coisas históricas, ou seja, coisas que fazem parte da nossa história e bué pessoal de fora gosta de visitar.
    Estes bairros requerem pessoas modernas.
    Parece um paradoxo mas não é. Moderno não é aquele que tem o carro mais moderno e veloz, e dele obtém a ideia burguesa de status e poder, nem aquele que olha para as bicicletas e os transportes públicos como o transporte do padeiro e da plebe.

    É aquele que percebe o espaço e que sente a responsabilidade de o frequentar, e que experimenta um sentimento de honra na harmonização que se estabelece.

    O maior prova do nosso atraso cultural está no abandono do centro de Lisboa e dos seus bairros históricos. E ainda bem! Porra.
    Não precisamos de pessoas que exijam mais lugares para o seu carro real, mas de pessoas que abdiquem do carro para viver em lugares efectivamente reais.
    Se as opções dos lisboetas, entre eles alguns bons amigos, estão à vista e as previsões não apontam mudanças a curto prazo, teremos ou os estrangeiros a cuidar do nosso património ou aparecerá um dia algum artista que deitará tudo abaixo e construirá mais bairros para os carros poderem estacionar.
    Espero que isso aconteça em breve e nos alivie desta angústia.
    Que finalmente alguém faça ver ao mundo, o continente em que os portugueses gostariam de viver e o grupo de países com que gostavam de ser relacionados.
    Não vejo mal nenhum mal nisso, a sério!
    Assumamo-lo se for esse o caso.

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  8. Então e não era melhor se não fossem necessários?
    Como li aqui em cima:
    os passeios são passeios, qual a necessidade de pilaretes?
    São só mais um obstáculo num espaço que se quer "limpo".
    Nas ruas de tráfego misto...vá lá... para criar áreas de segurança para os peões.

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  9. O Mário Miguel tem razão: os bairros antigos "requerem pessoas modernas". O centro histórico de Amesterdão está povoado de pessoas novas, cultas, modernas. Cidadãos que se deslocam de bicicleta - por isso é que são modernos. Defender o direito a estacionamento privativo num centro histórico é uma prova de atraso aflitiva. O futuro das cidades antigas não passa pelas viaturas de transporte individual.

    Como era melhor se não fossem necessários pilaretes, traço amarelo, ou, melhor ainda, polícias. Mas a nossa realidade ainda é marcada, pesadamente, pelo egoismo, comodismo, novo-riquismo e pelo status da viatura de transporte individual. Por agora, teremos que nos contentar com uns pilaretes, literalmente para manter as feras afastadas dos seres humanos. Se por nada mais, pela segurança dos peões.

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  10. Nem é preciso falar das bicicletas em Amesterdão (caso contrário já sei que vão pegar nisso e lembrar-nos que Lisboa se encontra numa cordilheira).
    Paris, que até recentemente tinha apenas 1% de deslocações em bicicleta, tem uma densidade de número de automóveis por habitante muito mais baixa no centro do que nos subúrbios..
    E imagino que não venha ninguém para aqui dizer que o centro de Paris está morto, vazio, sem classe média, etc... porque é obviamente mentira

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  11. Gosto especialmente da calma das 3 ruas. Que civilizado! Uma rua residencial deve ser assim, calma, sem animação tola. Mas parece que há sempre gente que gosta do "divertimento", gratuito e não solicitado, imposto pelos carros em cima dos passeios.

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  12. 3 ruas sem graffitis nas paredes nem sujidade. Lisboa está uma vergonha!

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  13. O problema de Lisboa? Demasiados lisboetas sem amor pela cidade. E uma CML sem coragem nem ideias, e sem dinheiro!

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  14. Penso que não é "sem amor". É algo bem mais simples: falta de respeito. Não podemos todos amar as mesmas coisas. Nem podemos querer que todos queiram o mesmo. Há outras ambições e modos de vida que nos distinguem. Mas há - ou deveria haver - algo em comum, um princípio, um valor básico: o respeito. O saber viver em comunidade. Mas isso começa na educação lá em casa, nas escolas... Estaremos nós a educar os nossos filhos no sentido da cidadania?

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  15. para mim, estamos a educar os nossos filhos no sentido do egoismo, do centro comercial do "meu carrinho" e da minha "barriginha"

    Sofia F.

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  16. para mim, estamos a educar os nossos filhos no sentido do egoismo, do centro comercial do "meu carrinho" e da minha "barriginha"

    sobretudo os pais que querem o melhor para os seus filhos. finalmente bons princípios :)

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  17. sobretudo as pessoas que não deveriam ser pais :)

    lisboa não precisa de mais exemplares sem princípios :)

    Sofia F.

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  18. Cara sofia, se os princípios não me são úteis a mim, de que me servem?

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  19. ...mais uma do Filipe, o velho do Restelo...

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