In Sol Online (8/4/2008)
«O presidente da Câmara de Lisboa vai propor ao executivo a aprovação do Plano para a Frente Ribeirinha da Baixa Pombalina e área Ajuda/Belém elaborado pela Parque Expo que envolve um investimento de 165 milhões de euros
Para a intervenção proposta para a requalificação da frente ribeirinha da Baixa Pombalina - entre o Cais do Sodré e Santa Apolónia, o documento estima um investimento de 50.9 milhões de euros, a garantir através do Fundo Remanescente do Chiado e do arrendamento de espaços para lojas, escritórios e hotéis no Terreiro do Paço.
Já para os 104 hectares da zona Ajuda-Belém, o plano de revitalização aponta uma previsão de investimento que ronda os 86 milhões de euros, mais 28 milhões numa segunda fase, a conseguir através do Turismo de Portugal, Ministério da Cultura e Fundação Alter Real.
A proposta do presidente da autarquia lisboeta, António Costa, refere que todas as intervenções a levar a efeito no âmbito deste plano ficarão condicionadas à apreciação da autarquia e as operações urbanísticas sujeitas a licenciamento municipal.
O plano de revitalização da Frente Tejo, traz novamente a ideia da retirada dos Ministérios da Justiça e/ou Administração Interna do Terreiro do Paço e a adaptação destes edifícios para hotéis, a conversão dos pisos térreos desta praça para espaços comerciais e a restrição da circulação automóvel.
Propõe ainda a construção e exploração de um equipamento cultural na área da Doca da Marinha, acção que apesar de depender da disponibilização do espaço pelo Ministério da Defesa o plano considera "muito relevante" para toda a intervenção.
Esta operação «constitui-se como charneira entre o espaço público do Campo das Cebolas, o interface de transportes do Terreiro do Paço e o futuro terminal de cruzeiros», lembra o documento.
O plano para a Frente Tejo elaborado pela Parque Expo sugere ainda a criação de um novo espaço público na Ribeira das Naus, estabelecendo uma ligação com a Praça do Município.
Para o Cais do Sodré, prevê a construção de um parque de estacionamento e de uma nova ligação por elevador entre o Largo do Corpo Santo e o impasse à Rua dos Bragançãs/Rua Victor Cordon.
Na zona que abrange parte significativa de Belém e Ajuda, o plano aponta a construção de raiz do novo Museu Nacional dos Coches, numa área de 11.470 metros quadrados nos terrenos entre a Rua da Junqueira, a Avenida da Índia e o Jardim Afonso de Albuquerque.
Este equipamento será «uma âncora fundamental do actual programa de intervenção», lembra o documento a submeter a apreciação na reunião de Câmara de quarta-feira.
Prevê igualmente o remate da fachada do Palácio Nacional da Ajuda e a instalação da escola portuguesa de Arte Equestre e um picadeiro para exibições, assim como a «redução significativa do tráfego automóvel», condicionando o trânsito na Rua de Belém e frente ao Mosteiro dos Jerónimos.
Admite ainda a hipótese de construção de dois parques de estacionamento subterrâneos, com capacidade para 1.600 lugares, sob o novo Museu dos Coches e Rua dos Jerónimos/Rua de Belém/Jardim Vasco da Gama.
Lusa / SOL»
O documento é 'bonito' e tem alguns pontos bem conseguidos. Mas, também tem umas coisas estranhas ... a começar por umas tais de 'rótulas de tráfego', certamente copiadas do Brasil, e que, dado a iminência do acordo ortográfico, os autores do estudo (a auto-elogiada Parque Expo) se esqueceram de traduzir. A ideia é semear rótulas por tudo quanto é sítio, nos chamados 'estrangulamentos'. À parte a bizarria, há outras coisas que convém esclarecer, desde já:
a) 1/2 Hotéis no Terreiro do Paço, nos edifícios do MAI (edif. entre a Rua do Ouro e a Rua do Arsenal/esquadra por detrás dos Paços do Concelho) e do MJ (edifício que ladeia o Arco). Que alas? Todos os andares? Que hotéis? Quantos quartos?
b) Parques de estacionamento subterrâneo no Largo do Corpo Santo e no Campo das Cebolas; sob o novo Museu dos Coches e sob o Jardim Vasco da Gama parece-me um exagero. Está-se a recuperar a Baixa e a Frente Ribeirinha para os carros? Para o négócio de quem constrói e/ou explora os parques? Não aprendem?
c) Construir-se uma passagem viária subterrânea defronte à estação ferroviária de Belém parece-me uma ideia rocambolesca e contraproducente (mais vaia terem deixado aberta a cancela e deixado lá estar o polícia sinaleiro (era mais castiço e não poluía visualmente). Passagens inferiores, só para peões.
d) Construção de um 'equipamento cultural' na Doca da Marinha, entre o Cais do Sodré e o Terreiro do Paço, é perigoso. Construção? Deixem aquilo liberto de monos, S.F.F.
e) Afinal de contas, a APL e o documento voltam a reafirmar o 'moderno terminal' de cruzeiros de Santa Apolónia como 'indispensável' para todo o objectivo. Alguém consegue entender porque razão os terminais da Rocha Conde d'Óbidos e a Gare Marítima de Alcântara não são passíveis de ser remodeladas e modernizadas? Não serão essas zonas mais funcionais para a atracagem de turistas? Para autocarros? Para uma visita a Lisboa, entrando pela porta de entrada e não 'caídos de pára-quedas' num bairro como Alfama? Não aprendem, mesmo.
Estar-se a afirmar, por todo o texto, que convém reaver para o Terreiro do Paço a sua centralidade política e depois colocar-se 2 hotéis lá, parece-me contraditório. Mas há mais contradições: o modelo Expo não é, como o texto indica, um sucesso. É um 'flop', urbanisticamente falando. Muito menos, as construções monolíticas do Cais do Sodré, das agências europeias, são uma nova centralidade do que quer que seja, nem um exemplo de boas práticas, é todo o contrário.
Totalmente de acordo com o comentário. Cheira-me que revitalização tem a ver com construção civil. Como está a acontecer escandalosamente na EXPO.A frente ribeirinha deve ser requalificada para servir as pessoas, dar qualidade de vida, ser transformada num espaço de lazer e cultura, deve ser devolvida aos Lisboetas. Basta ver a quantidade de pessoas que ai passeiam ou praticam desporto diariamente, pelo meio de carros, buracos, passeios em mau estado, obras, etc. A frente ribeirinha, a baixa, os bairros históricos, deviam ser as jóias da coroa da capital, infelizmente estão no estado lastimável que vemos. Será que alguém já pensou na mais valia turística e de qualidade de vida que seria a construção de uma ciclovia e passeio pedonal entre a EXPo e Algés prolongando-a depois até ao guincho? Quantos monstros vamos ter que engolir para que tenhamos a dita revitalização? Também eu digo, será que não aprendem???
ResponderEliminarAML
O mote tem sido sempre "libertar" a frente ribeirinha do porto de lisboa para a cidade....
ResponderEliminarNão se está a libertar nada....
Foi como a libertação de Africa.....
"Será que alguém já pensou na mais valia turística e de qualidade de vida que seria a construção de uma ciclovia e passeio pedonal entre a EXPo e Algés prolongando-a depois até ao guincho?.."
ResponderEliminarOra isso sim era uma ideia das BOAS !!!!!
E o terminal de cruzeiros (naquele sitio)...ai,ai,ai...
JA
A construção de um novo museu nacional dos coches, enquanto o Palácio Nacional da Ajuda, ali mesmo ao lado, está por acabar em mais de metade do seu projecto inicial?
ResponderEliminarA conclusão dessa obra, era a grande oportunidade de implementar em Portugal um grande museu internacional, com capacidade de atrair a Lisboa, um turismo mais específico e de melhor qualidade, como acontece noutras capitais.
Seria também a forma de melhor gerir os recursos humanos e financeiros, uma vez que se concentrariam esforços num único projecto. Por outro lado libertar-se-iam espaços que serviriam para dinamizar novas colecções e possibilitar o lançamento de novos artistas e coleccionistas.
Toda a zona Poente do Palácio, seria construída de raiz, com a possibilidade de ser dotado de todas as mais modernas infraestruturas, nomeadamente a exposição permanente das jóias da coroa, por exemplo, conseguindo-se que, no plano exterior, fosse continuado o projecto inicial, mantendo-se a forma plástica e a leitura do existente.
A construção da totalidade do projecto, permitiria reunir um acervo fantástico, uma vez que poderia albergar, com segurança, os espólios de vários museus que dificilmente conseguem, per si, dar ao público uma dimensão internacional, por impossibilidade de albergarem nas suas instalações, quantidades significativas de obras.
A implantação do Palácio da Ajuda é também, sob o ponto de vista da segurança, bastante bom, dado que está situado numa zona de baixa intensidade sísmica e suficientemente afastado do rio, a uma cota relativamente elevada, permitindo-lhe salvaguardar-se de eventuais maremotos.
É pois, minha absoluta convicção que este projecto, seria uma mais valia em relação á anunciada nova construção do museu dos coches.
Não podia estar mais de acordo com o condicionamento do transito na rua de Belém (para mim só lá deviam puder passar transportes públicos), a construção de um parque de estacionamento sob o jardim Vasco da Gama ou sob o novo museu dos coches poderia ter interesse se em contrapartida fosse restringido a 100% o estacionamento a superfície (nomeadamente à volta da da praça do império, se acaba-se o parque de estacionamento ao lado do Mc Donand's, a volta da praça Afonso de Albuquerque, há volta do terminal do eléctrico, e acabar com aquela espécie de estação de camionagem ao ar livre que é a rua entre a praça do império e o jardim Vasco da Gama). Perece-me ainda essencial tornar pedonais as ruas que estão imediatamente sobre a margem do rio nas quais não faz sentido que exista sequer atravessamento por carros particulares quanto mais estacionamento!
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