In Público (26/6/2008)
Ana Henriques
«Isenção de IMT em urbanização que esteve ligada ao empresário Pereira Coutinho posta em causa também pela vereadora Helena Roseta
A deputada socialista Leonor Coutinho e a vereadora Helena Roseta dizem que a Câmara de Lisboa aceitou ser lesada num negócio que fez há três anos com a imobiliária que na altura estava a desenvolver um empreendimento da Quinta do Mineiro, entre a Artilharia Um e a Avenida de Joaquim António de Aguiar, a caminho das Amoreiras.
Em causa está o pagamento do Imposto Municipal de Transmissões de Imóveis (IMT), a antiga sisa, de que a imobiliária em causa, a Moldura - que pertence ao grupo Temple, do empresário Vasco Pereira Coutinho - ficou isenta quando adquiriu os terrenos em causa. Parte desses terrenos, 1270 metros quadrados, foram comprados à própria autarquia, que os vendeu por ajuste directo, sem qualquer espécie de concurso, alegando que eles eram indispensáveis à concretização da urbanização. A escritura refere que a Moldura ficou isenta dos 96 mil euros que teria de desembolsar de IMT por os terrenos em causa se destinarem a revenda, um benefício que a lei confere às imobiliárias caso a nova transacção tenha lugar nos três anos seguintes.
Vizinha do terreno onde há-de surgir o empreendimento e presidente de uma associação de moradores da zona, o que Leonor Coutinho diz é que, uma vez que o negócio se destinava à obtenção de mais-valias por parte da imobiliária, que havia solicitado à autarquia um alvará de loteamento, nunca poderia ser isento de IMT que, como o nome indica, é uma receita municipal. "Se aquilo que a Moldura vendeu aos fundos imobiliários já não era o mesmo bem, se já estava transformado por mais-valias decorrentes da emissão do alvará de loteamento, não pode ter havido isenção", defende.
Roseta fala numa fuga aos impostos, mas o administrador da Moldura, João Paulo Machado da Silva, nega-a. Explica que a sua empresa já revendeu os terrenos em causa a fundos imobiliários, parte deles menos de três anos depois de os ter adquirido. E que pagou o imposto em causa relativamente à área que já alienou fora do período legal de isenção, cerca de um milhão de euros. Mas estes foram terrenos que a Moldura comprou a outros privados. Quanto à área adquirida à autarquia, o engenheiro afirma já não se recordar se acabou ou não por desembolsar os 96 mil euros, informação impossível de obter a tempo do fecho desta edição.
A deputada levanta mais suspeitas: além das que o loteamento terá sido aprovado pelo município de forma ilegal - há uma referência a essa possibilidade nas conclusões da sindicância feita aos serviços do urbanismo da Câmara de Lisboa por uma magistrada do Ministério Público -, Leonor Coutinho pensa que os 1270 metros quadrados terão sido vendidos "por mais ou menos metade do seu valor real". À Moldura custaram 1,447 milhões de euros. Leonor Coutinho apresentou um requerimento para obter esclarecimentos na Assembleia da República e também pediu uma audiência ao presidente da autarquia, António Costa. "A câmara diz que está na falência, mas andou a fechar os olhos a estes casos", observa. "Quantos casos haverá como este?", questiona a arquitecta Helena Roseta, que pensa que ainda haverá hipótese de o município receber o IMT dos terrenos que vendeu na Quinta do Mineiro.
"Crime" e "monstruosidade urbanística" foram alguns dos termos usados pelos autarcas de PS, PCP e Bloco de Esquerda para descrever em 2006 o projecto imobiliário, do gabinete de arquitectura Broadway Malyan, ligado a outros projectos em Lisboa, como a recuperação da Estação do Rossio e o centro comercial Alvaláxia - apesar de a sua aprovação inicial ter sido da responsabilidade de uma governação camarária socialista coligada com comunistas, em 2002. O PSD permitiu mais tarde o aumento da densidade de construção.
96 mil euros é o valor que a escritura de compra e venda dos terrenos adquiridos à CML isentou de pagamento»
A Quinta do Mineiro, juntamente com os Maristas, ali ao lado, mais uma resma de processos que nasceram e cresceram ao longo dos últimos 15 anos são um escândalo nacional. Curiosamente, aqui, a CML criou (e continua a criar) deliberadamente 'expectativas' aos lisboetas quanto a investigar e punir os culpados ...
Não me admiro que a CML ignorasse.
ResponderEliminarA CML já mandou executar despachos de demolição ou encerramento de estabelecimentos, quando nos seus departamentos ja corriam ficheiros com as provas documentais de que os interesssados tinham cumpridos as ordens da propria CML.
A CML não conhece a própria casa.
Acho que se Lisboa afundasse a CML não saberia...Mesmo que os Paços do Conselho estivessem no fundo do Tejo.
ah ah ah
ResponderEliminar...só agora é que se deram conta? então adivinhem lá para quem é que está a trabalhar a antiga vereadora do URBANISMO, Gabriela Seara, em Angola!
nem mais nem menos, para o Pereira Coutinho
ó Feist, viva os usos e costumes eh eh eh