Câmara de Lisboa começou a demolir esplanadas da Avenida da Liberdade -PUBLICO, Ana Henriques
Sousa Cintra ainda tentou impedir desaparecimento do seu Café Lisboa, mas sem sucesso.
Em Julho do ano que vem a Avenida deverá ter cara nova, com quiosques mais pequenos
Uma amálgama de ferros retorcidos marca o local onde até ontem esteve a esplanada Café Lisboa, na Av. da Liberdade. O quiosque verde nas imediações do Hotel Vitória sucumbiu às dentadas de uma retroescavadora amarela. Ainda de pé, e a receber quem por ali passa, os seus dois irmãos dos Restauradores terão destino idêntico, por decisão da Câmara de Lisboa, que quer limpar a Avenida destas construções erguidas nos anos 80 nas placas laterais. Os três espaços foram nessa altura concessionados pela autarquia para restauração.
O Café Lisboa pertencia a uma empresa controlada por Sousa Cintra, que o havia encerrado há vários anos. Mesmo assim, o antigo presidente do Sporting - que o PÚBLICO tentou, sem sucesso, contactar - ainda procurou, por vários meios, impedir este desfecho, incluindo o recurso aos tribunais. "Veio uma vez falar comigo, pedindo-me para a esplanada ficar ali, que era muito bonita quando tinha sido inaugurada", relata um dos vereadores responsáveis pela demolição, José Sá Fernandes. Só que entretanto a degradação tomou conta do local, ultimamente usado como refúgio por sem-abrigo. Apesar de a concessão do espaço ter há muito expirado, o quiosque fechado continuava a ocupar o espaço público, depois de vários anos a funcionar sem pagar renda.
"A câmara chegou a mover-nos uma acção de despejo, mas o presidente do município, na altura Santana Lopes, mandou parar o processo", conta um antigo responsável do estabelecimento.
"A câmara decidiu, após decisão favorável do tribunal, desmantelar o Café Lisboa, que não possui qualquer utilidade e é um verdadeiro obstáculo a quem ali passeia", explica um comunicado do gabinete de Sá Fernandes. Também o proprietário do Café Grogue, defronte do Hard Rock Cafe, recorreu ao tribunal, que o salvou in extremis quando, há pouco mais de uma semana, o estabelecimento já estava a ser desmantelado. Duas horas depois um juiz decidia que não bastava à câmara invocar o interesse público para avançar com a demolição, segundo conta o concessionário, José Rodrigues, ciente de que o desaparecimento do Grogue é uma questão de tempo, uma vez que tem rendas em atraso desde 2000 e a concessão também acabou. Do outro lado da Avenida, frente ao Palladium, fica a única esplanada concessionada pela autarquia que se mantém dentro da legalidade, o Trimar. Tem igualmente os dias contados: o contrato com câmara expira no ano que vem.
"A câmara está a actuar com urgência para que o espaço público da cidade seja requalificado", diz o comunicado do município, acrescentando que está a ser "planeado um conjunto de novas concessões e esplanadas, mais integradas e diversificadas". Trocando por miúdos: quiosques mais pequenos, mais sofisticados, provavelmente do tipo dos que recentemente abriram no jardim de S. Pedro de Alcântara, junto ao Bairro Alto, Para quando? Sá Fernandes fala em Julho do ano que vem, o mais tardar.
Sousa Cintra ainda tentou impedir desaparecimento do seu Café Lisboa, mas sem sucesso.
Em Julho do ano que vem a Avenida deverá ter cara nova, com quiosques mais pequenos
Uma amálgama de ferros retorcidos marca o local onde até ontem esteve a esplanada Café Lisboa, na Av. da Liberdade. O quiosque verde nas imediações do Hotel Vitória sucumbiu às dentadas de uma retroescavadora amarela. Ainda de pé, e a receber quem por ali passa, os seus dois irmãos dos Restauradores terão destino idêntico, por decisão da Câmara de Lisboa, que quer limpar a Avenida destas construções erguidas nos anos 80 nas placas laterais. Os três espaços foram nessa altura concessionados pela autarquia para restauração.
O Café Lisboa pertencia a uma empresa controlada por Sousa Cintra, que o havia encerrado há vários anos. Mesmo assim, o antigo presidente do Sporting - que o PÚBLICO tentou, sem sucesso, contactar - ainda procurou, por vários meios, impedir este desfecho, incluindo o recurso aos tribunais. "Veio uma vez falar comigo, pedindo-me para a esplanada ficar ali, que era muito bonita quando tinha sido inaugurada", relata um dos vereadores responsáveis pela demolição, José Sá Fernandes. Só que entretanto a degradação tomou conta do local, ultimamente usado como refúgio por sem-abrigo. Apesar de a concessão do espaço ter há muito expirado, o quiosque fechado continuava a ocupar o espaço público, depois de vários anos a funcionar sem pagar renda.
"A câmara chegou a mover-nos uma acção de despejo, mas o presidente do município, na altura Santana Lopes, mandou parar o processo", conta um antigo responsável do estabelecimento.
"A câmara decidiu, após decisão favorável do tribunal, desmantelar o Café Lisboa, que não possui qualquer utilidade e é um verdadeiro obstáculo a quem ali passeia", explica um comunicado do gabinete de Sá Fernandes. Também o proprietário do Café Grogue, defronte do Hard Rock Cafe, recorreu ao tribunal, que o salvou in extremis quando, há pouco mais de uma semana, o estabelecimento já estava a ser desmantelado. Duas horas depois um juiz decidia que não bastava à câmara invocar o interesse público para avançar com a demolição, segundo conta o concessionário, José Rodrigues, ciente de que o desaparecimento do Grogue é uma questão de tempo, uma vez que tem rendas em atraso desde 2000 e a concessão também acabou. Do outro lado da Avenida, frente ao Palladium, fica a única esplanada concessionada pela autarquia que se mantém dentro da legalidade, o Trimar. Tem igualmente os dias contados: o contrato com câmara expira no ano que vem.
"A câmara está a actuar com urgência para que o espaço público da cidade seja requalificado", diz o comunicado do município, acrescentando que está a ser "planeado um conjunto de novas concessões e esplanadas, mais integradas e diversificadas". Trocando por miúdos: quiosques mais pequenos, mais sofisticados, provavelmente do tipo dos que recentemente abriram no jardim de S. Pedro de Alcântara, junto ao Bairro Alto, Para quando? Sá Fernandes fala em Julho do ano que vem, o mais tardar.
*
É daqueles que se irritam quando encontra fechada a esplanada onde gosta de abancar para tomar uma bebida fresca? O novo regime camarário de concessões de esplanadas prevê multas para os estabelecimentos que, sem razão de peso, fechem as portas quando deviam estar a funcionar. "Será uma multa ao dia que poderá chegar aos cem euros", explica Sá Fernandes. As rendas das novas concessões serão muito superiores às actuais. Por duas esplanadas em S. Pedro de Alcântara o novo concessionário começou agora a pagar 11 mil euros/mês.
É daqueles que se irritam quando encontra fechada a esplanada onde gosta de abancar para tomar uma bebida fresca? O novo regime camarário de concessões de esplanadas prevê multas para os estabelecimentos que, sem razão de peso, fechem as portas quando deviam estar a funcionar. "Será uma multa ao dia que poderá chegar aos cem euros", explica Sá Fernandes. As rendas das novas concessões serão muito superiores às actuais. Por duas esplanadas em S. Pedro de Alcântara o novo concessionário começou agora a pagar 11 mil euros/mês.
*
No blog DA LITERATURA, o texto LIMPAR A AVENIDA , com o qual concordo.
No blog DA LITERATURA, o texto LIMPAR A AVENIDA , com o qual concordo.
Já era tempo.
ResponderEliminarNem no subúrbio mais reles se encontravam esplanadas tão degradadas, sujas, com mau aspecto. Se a ASAE lá fosse fechava imediatamente.
Numa cidade com tão poucas esplanadas (imensamente sub aproveitada) era uma vergonha a existência destes locais.
E há mais locais nas mesmas condições. Veja-se o lago do Campo Grande e o café lá instalado. Não é aceitável o estado de degradação da zona, em nenhuma capital europeia.
Estas esplanadas tinham realmente mau aspecto, a sua demolição era importante.
ResponderEliminarA data para a demolição é um pouco absurda pois quando temos os turistas damos este espectaculo um pouco ridiculo. Quanto a ASAE inspeciona so o que não deve, infelizmente estao descredibilizados.
Pois, também concordo com as demolições... agora o timing, já não sei se será o ideal...
ResponderEliminarJá agora, algum (unzinho) ilustre elemento da vereação da câmara que temos passará alguma vez por alguma das faixas laterais dessa avenida, que passa por ser a mais nobre (só se fôr para rir) de lx?
ResponderEliminarA "mais nobre" avenida de Lisboa tem os passeios é péssimo estado, prédios devolutos, publicidade que ocupa o lugar dos peões, lixo acumulado, alcatrão arrancado etc etc etc.
ResponderEliminarE em vez de se apostar em plantas de carácter permanente e resistente, gastam-se centenas de milhares de euros a mudar as flores, mensalmente, que passados poucos dias já estão mortas.
enfim...
A "mais nobre" avenida de Lisboa tem os passeios é péssimo estado, prédios devolutos, publicidade que ocupa o lugar dos peões, lixo acumulado, alcatrão arrancado etc etc etc.
ResponderEliminarE em vez de se apostar em plantas de carácter permanente e resistente, gastam-se centenas de milhares de euros a mudar as flores, mensalmente, que passados poucos dias já estão mortas.
enfim...
E as fontes e estátuas do antigo (pombalino),"Passeio Público", onde estão?
ResponderEliminarDevolvam á cidade o Passeio Público, ressuscitem os jardins formais oitocentistas. Só quem nunca viajou é que gosta de Lisboa. Somos uma nação de broncos e obesos, tele-estupidificados por emissões de qualidade aceleradamente decrescente, alcoolizados e iletrados.
ResponderEliminarDevolvam-nos a qualidade de vida que outrora nos angariou a reputaçao de sermos a Londres do Sul. Reponham as árvores e as praças em calçada portuguesa, os separadores arborizados das avenidas, expandam o metro aos preços e proporçoes parisienses ou londrinas, estamos cem anos atrasados!
Somos conhecidos pelas esplanadas mas cada vez mais escasseiam, á luz de tanto passeio amavelmente recortado em nome do brinquedo metálico extensor do micropénis da classe trabalhadora.
Lisboa oitocentista não foi feita para nem tem de sofrer a invasão e o assalto constante do automóvel. Andem a pé. Somos os únicos da Europa que não compreendem uma coisa tão simples como andar a pé.
Milionários com mansões de luxo em bairros lindissimos nao têm vergonha, mas sim orgulho de ir a pé para todo o lado, e não lhes parece extremamente incomodativo andar 5 ou 6 km a pé se for caso disso. Estão em forma. É o mínimo exigível de cada um. Não fumam, não bebem, e apenas comem comida organica. Desde quando e que as pessoas deixaram de seguir os exemplos daqueles que lhes são em tudo superiores?
Sou uma pessoa de relativo sucesso e este foi o meu último ano em Lisboa, cidade na qual nasci e vivi, tal como tantos dos meus ilustres antepassados. Emigrei. Não por falta de dinheiro, como os da diaspora de 60, mas sim porque nem no centro da maior cidade portuguesa, geradora de 45% do PIB, há condiçoes minimamente dignas de vida! É tudo feio, sujo e a cair de podre, pior do que em cidades que visitei, em países do alegado "terceiro mundo"! Ainda há barracas hoje mesmo a ser demolidas, e outras para demolir. Pior ainda, há drogados e arrumadores de carros que deviam ser sumariamente aprisionados. O património não é restaurado nem mantido, mas substituído por horríveis catedrais do capitalismo por especuladores imobiliarios novos-ricos. Não aceito. Voto com a minha empresa, avaliada em 4,9 milhoes de euros, no estrangeiro e empobreço assim ainda mais Portugal. Não serei por certo o único. Está na hora de acabar com as pieguices e despedir sumariamente os funcionarios publicos da CML que só trabalham metade dos madrilenos, prender sumariamente os corruptos e confiscar todas as suas posses, e instaurar a famigerada "caça á multa" como monumento nacional. Na américa, a multa é a principal fonte de receita da polícia. Isto é bom. Cumprir a lei é bom. Não há desculpas possíveis perante a lei, pois se ela é relativizável então não é lei, é sugestão carinhosa!
Tenham espinha dorsal, senhores!
Mas não haverá gestores nesse país? É caso para perguntar se está sequer prevista a manutençao dos jardins e ruas pela camara, que, á luz da minha memoria crescentemente falivel, me parecem por vezes inalteradas há vinte anos.
Já não sou lisboeta, já não sou português. Tenho vergonha de alguma vez ter sido.
ALELUIA! NESTA CIDADE OS PROBLEMAS MAIS SIMPLES DEMORAM UMA ETERNIDADE A RESOLVER!
ResponderEliminar