04/08/2008

Convento de Nossa Sª da Conceição de Arroios - Hospital de Arroios

Localização: Rua Quirino da Fonseca, Praça do Chile, Avenida Almirante Reis
Freguesia: São Jorge de Arroios
Construção: Séc. XVII e XVIII
Quem hoje veja a fachada do antigo Hospital de Arroios virada à Praça do Chile, janelas escancaradas, um ar de abandono total, imagina que se está apenas à espera que caia (e se calhar não andará longe da verdade), para daí construir algum bloco de apartamentos. Não imaginará sequer que o imóvel possa ter valor patrimonial importantíssimo. Dele muitos de nós apenas guarda ou uma imagem de passagem, de fachadas austeras, ou a recordação dos momentos de espera passados no Serviço de Luta Anti Tuberculose que tantos de nós, estudantes, ali iam fazer as micros (radiografias) de apresentação obrigatória nas inscrições liceais.

Na última década, o hospital tem estado fechado e sem qualquer uso e o perigo iminente a que o convento e igreja que se avistam na rua Quirino da Fonseca - a zona mais nobre do imóvel - e que fazia parte do antigo colégio conventual da Companhia de Jesus, é preocupante. Construído em 1705, com financiamento de D. Catarina de Bragança, o convento de Arroios funcionou até 1755 como colégio de formação dos jesuítas, missionários no Oriente. Resistente ao terramoto de 1755, o convento não resistiu, porém, às ordens do Marquês de Pombal, que em 1756 expulsou os jesuítas e o mandou ocupar pelas freiras Concepcionistas Franciscanas.

Em 1890, o convento ficou devoluto e o Estado tomou conta do imóvel, que foi transformado num hospital. O antigo espaço conventual sofreu então alterações: o aumento de um piso no seu corpo principal e outros acrescentos feitos nos anos 40/50 do século XX.

Ao longo destes últimos anos, de lá desapareceram painéis de azulejos da primeira metade do século XVIII que revestiam a entrada do convento e vandalizados foram também os bancos de lioz encastrados nas paredes.

Urge pois deitar mão deste património enquanto aguarda pelo desfecho que o conduzirá a um qualquer condomínio. Com alguma sorte (mas só com isso) a parte conventual resistirá à espera.
Por Jorge Santos Silva

4 comentários:

  1. Por acaso o projecto previsto é de bloco de apartamentos com destruição quase total do edificado, ficando apenas a igreja.

    Ainda não avançou porque anda tudo enrolado em tribunal.

    ResponderEliminar
  2. Já nada surpreende nesta cidade, completamente vulnerável aos interesses imobiliários e com dirigentes camarários sem a mínima sensibilidade para as questões relacionadas com a identidade e a memória.

    ResponderEliminar
  3. Artigo interessante. É de facto uma pena.

    LP

    ResponderEliminar
  4. Cobiça-se tanto o avanço e a modernidade estrangeira, mas esqueçe-se de que em Italia, como exemplo, quem por lá passou sabe que tudo está devidamente recuperado por fora e modernizado por dentro, sempre e como regra unica, o nunca estragar o patrimonio, por mais pequeno que seja.
    Esse equilibrio de conservação permite aos cofres do estado arrecadar milhares de euros pagos pelos turistas sem desprazer algum, pois aqui é de dinheiro rapido que se trata, unicamente! Falamos metaforicamente da galinha dos ovos de ouro enfiada num tacho para uma unica refeição. Depois? Depois logo se vê e quem chegar por ultimo que feche a porta por causa das correntes de ar...

    Viva Portugal!!!

    ResponderEliminar