15/10/2008

Moradores transformaram cruzamento em rotunda para reduzir acidentes no Lumiar

In Público (15/10/2008)
Ana Nunes

«Após vários contactos infrutíferos com a câmara, os moradores decidiram montar
uma rotunda com separadores de plástico. Durou dois dias e desapareceu


O movimento cívico Viver na Alta de Lisboa acusa a Câmara de Lisboa de "levar anos a decidir soluções para o espaço público, bastando-lhe meia manhã de expediente para mostrar autoridade e repor a incompetência anterior". A história teve início "há mais de um ano" e respeita a um cruzamento em que confluem 18 vias de circulação, no Alto do Lumiar, no qual os moradores decidiram construir uma rotunda improvisada na madrugada do dia 4.
"A Rua de Helena Vaz da Silva vem de norte, a Avenida de Vasco Gonçalves vem de noroeste, a Rua de Arnaldo Ferreira vem de oeste, a Avenida de Eugénio de Andrade vem de sul e, por fim, a Avenida de Álvaro Cunhal vem de leste". Assim se forma o cruzamento onde desembocam todas estas ruas e avenidas e onde a confusão no trânsito, nas horas de ponta, é total. De acordo com os moradores da zona, "não existe qualquer sinalização no local", sendo que "o movimento é intenso no período da manhã e o perigo de colisão é constante".
Depois de passar "mais de um ano a fazer telefonemas, enviar e-mails e cartas para a câmara", alertando para o perigo de um "cruzamento com 18 faixas", o movimento Viver na Alta de Lisboa queixa-se de não ter recebido qualquer resposta. Os moradores acrescentam que durante todo esse tempo, em que "nada foi feito", muitos foram os acidentes que podiam ter sido evitados com uma simples rotunda.
Face ao silêncio da autarquia, a solução encontrada pelos queixosos foi a criação de uma rotunda improvisada com blocos de plástico brancos e encarnados, usados na sinalização de obras rodoviárias, e quatro sinais de rotunda. De acordo com os promotores da iniciativa, "a rotunda funcionava, o trânsito fluia e a segurança aumentou enormemente".
Dois dias e meio depois, porém, a rotunda foi retirada. O que não se sabe é quem o fez, diz Tiago Figueiredo, um dos elementos do movimento Viver na Alta de Lisboa. Ouvido pelo PÚBLICO, o assessor de imprensa da presidência da câmara, Duarte Moral, assegurou que a autarquia "nada teve a ver com o assunto", sugerindo um contacto com a UPAL (Unidade de Projecto do Alto Lumiar).
O director deste departamento camarário, Nuno Caleia, garantiu igualmente que "não foi esta unidade a retirar a rotunda" e que não sabe quem terá sido.
A SGAL, Sociedade Gestora da Alta de Lisboa, empresa responsável pela urbanização da zona, afirma também que desconhece o caso.
O presidente da Junta de Freguesia do Lumiar, Nuno Roque, por seu lado, diz que "a junta não teve conhecimento de nada", enquanto que a Direcção Municipal de Tráfego não respondeu às perguntas feitas. Nuno Roque defende, todavia, que a rotunda é "essencial para a segurança rodoviária no local", dizendo não compreender porque é que ainda não foi construída.
O autarca considera que, "após várias tentativas feitas pela junta de freguesia e pelos moradores, esta foi a forma de os moradores chamarem a atenção para o problema". O presidente da Junta do Lumiar defende igualmente que "deve ser feito um projecto para resolver a questão rapidamente". "Espero que, tal como se passou com a morte de uma aluna da escola D. José I, não seja necessário que alguém perca a vida para que as obras sejam efectuadas", comenta Tiago Figueiredo.
O director da UPAL garantiu ao PÚBLICO que o assunto está a ser estudado por forma a que seja possível avançar com "uma futura intervenção". Para o caso, adiantou, "existem duas soluções: ou manter o cruzamento, ou fazer uma rotunda, mas ambas têm problemas".»

Tiro o chapéu aos moradores da Alto do Lumiar. Eu já me tinha ido embora. Mas, não se preocupem, dentro de décadas vão respirar magnífico ar puro vindo do imenso pulmão verde que vai ser plantado no local do aeroporto. Mais palavras para quê?

2 comentários:

  1. Mais umas palavras com o resto da notícia do Público:

    "Caso já foi discutido em reunião de vereadores

    A situação deste cruzamento da Alta de Lisboa já foi abordada numa reunião de câmara pelos vereadores do movimento Cidadãos por Lisboa, que apresentaram uma proposta para resolver o problema. Nessa ocasião, os vereadores do PSD abandonaram a sala, não chegando a haver votação.

    A social-democrata Margarida Saavedra considerou que o assunto tinha sido agendado com base em "critérios televisivos de desgraças que acontecem ou de um vereador que passa por um buraco e fica aborrecido". A vereadora acrescentou que esse sistema não é "justo" por não servir "as preocupações de cidadãos que não conseguem chegar à câmara e particularizar o seu caso".

    Na proposta apresentada podia ler-se que "confluem dezoito faixas, provenientes de cinco vias, cuja geometria implica um cruzamento muito distendido, o que provoca atravessamentos muito longos, passíveis de provocar acidentes por problemas de visualização ou por excesso de velocidade de quem entra no cruzamento com prioridade - como acontece frequentemente".

    Para resolver a situação, os vereadores propunham que o estudo de "uma solução para o cruzamento, com o objectivo de garantir a segurança de quem ali circula" e ainda que os serviços competentes "analisassem a possibilidade de adoptar como solução, a criação de uma rotunda".

    Na reunião seguinte o vice-presidente da autarquia, Marcos Perestrello, explicou que os serviços analisaram a situação existente e concluí-ram que uma rotunda no local não "seria uma boa solução", pelo que a proposta foi retirada."

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  2. nao percebo o último comentáro no texto: "...já me tinha ido embora..." e ".. não se preocupem, dentro de décadas vão respirar magnífico ar puro vindo do imenso pulmão verde que vai ser plantado no local do aeroporto..."
    quem o escreveu conhece a zona? sabe o que está a dizer ou é só um desabafo paternalista?

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