29/01/2009

O Porto de Lisboa

O Jornal de Negócios de hoje publica um artigo de opinião, da autoria do senhor Dieter Dellinger, "gestor, jornalista livre e ex-deputado à AR". Comecei a sublinhar os pontos que queria contestar, e acabei com o artigo totalmente sublinhado. Por isso restrinjo-me a dois ou três pontos conceptuais:

a) "...a funcionalidade do porto de Lisboa, um dos melhores do Mundo ... os reis da 1ª dinastia fizeram de Lisboa a capital do reino ... o rei D. Manuel I não se importava de ter o seu palácio junto aos estaleiros ... Ninguém deve esquecer o muito que a cidade e a região de Lisboa e Vale do Tejo já perdeu em termos de indústrias, principalmente as orientadas para o mar... "

O Senhor Dieter Dellinger parece não integrar no seu raciocínio que a economia evoluiu bastante, desde os reis da 1ª dinastia, e que as características que fizeram de Lisboa um dos melhores do mundo de então talvez não sejam as que se exigem para um porto de contentores moderno (essa afirmação de a capital ser devida ao porto também merece algum debate, mas fica para outra ocasião). Além de que ser vizinho de um estaleiro do séc. XVI - ou mesmo de um porto de há 50 anos - não é a mesma coisa do que sê-lo de um terminal de contentores do séc. XXI.

b) "... pode fazer de Lisboa um porto para servir também o interior da Península, nomeadamente a região da Estremadura espanhola ... sistema de transportes e ligações com o exterior que abandonou o mar, permitindo assim que uma greve de camionistas TIR tenha podido quase desferir um golpe mortal na economia nacional, na liberdade de circulação e no abastecimento dos portugueses..."

A justaposição destas duas frases, afastadas no texto, dispensa comentários.

c) "...são restaurantes e “boites”, para pessoas que do rio e do mar mais não querem do que seja local de passeio e lazer..."

Este argumento, a puxar para o moralista, é infelizmente capcioso. O que está em causa é justamente a utilização daquela área por uma actividade muito mais racional de um ponto de vista económico, da qual o lazer - que também é uma actividade económica, repare-se - é apenas uma componente.

Para além destes pontos há outros, mas alguns são tão flagrantemente falsos que penso tratar-se de lapsos ("...Esta obra, que pode ser feita sem despesa para o contribuinte...", ou "...um comando com elevado sentido de organização e energia conseguiu num ápice juntar 10 mil assinaturas..."). Outro é uma questão de Hamburgo e A 380, que não comento pois não conheço.

7 comentários:

  1. este blog é do melhor.

    quem não defende a posição "oficial" é logo burro e desconhecedor.

    só as mentes iliminadas do blog é que sabem tudo...

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  2. Não não, quem sabe claramente tudo é o senhor Dieter Dellinger! Nota-se pelo texto que escreveu que é um profundo conhecedor da situação.
    Os senhores é que como não têm argumentos para rebater se saem com essas patacoadas do costume. Ao menos deixe de ser cobarde e assine os comentários e olhe, se não gosta, não coma...

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  3. Este Serpa e Cia. são a pandilha mais fundamentalista e zarolha que por aqui aparece de vez em quando. A um blog que apregoa não dizer mal por dizer estes escritores são a nódoa no pano pois só dizem mal por dizer. Para estes inúteis tudo o que representa o poder de uma forma ou de outra está condenado ao fracasso. A APL, a CML, o Governo, Todos são idiotas, só o Sr. Serpa e Cia. é que são os iluminados cá do sítio. Já agora, debaixo de que pedra é que saíram? É que ao contrário das pessoas que criticam não vos reconheço de lado nenhum? Que obra fizeram? Nada? Então está tudo bem porque não fizeram NADA de mal!

    Tenham vergonha e façam algo de útil!

    Pedro Santos
    BI 10134861

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  4. Caro Senhor Pedro Santos,

    começo por lhe agradecer os epítetos de "fundamentalista" e "zarolha". É a primeira vez que alguém me acusa de fundamentalismo e, como todas as primeiras vezes, tem o benefício da novidade. Quanto ao "zarolho", não sou: mas sou míope, e penso que posso tomar um pelo outro.

    Isto dito, e face à pertinência de tão lapidares críticas, pergunto-me se não seria de desejar que criticasse aquilo que eu digo, e não aquilo que, na sua digníssima opinião, sou.

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  5. O que V. Exa. diz não é digno de qulquer comentário.

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  6. O insulto é fácil, mais difícil é fazer as pessoas acreditar que este projecto tem estratégia e futuro.

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  7. E é benéfico para o país.

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