Não posso deixar de publicar este manifesto do meu colega Francisco Ferreira, demonstrativo da preocupação que existe latente na sociedade, com este esbanjamento gratuito de dinheiros e pior que isso, com a destruição daquilo que são as memórias nacionais, tão necessárias ao equilibrio da nossa identidade cultural.
Este tipo de obras de regime, balofas e desnecessárias, principalmente no estado social, económico e político actual do país e que só servem para que, certas pessoas ao marcarem bem o território, assinalarem a sua passagem pela áurea do poder, numa atitude de manifesta soberba terceiro mundista.
Muito bem Francisco Ferreira!
Luís Marques da Silva
Este tipo de obras de regime, balofas e desnecessárias, principalmente no estado social, económico e político actual do país e que só servem para que, certas pessoas ao marcarem bem o território, assinalarem a sua passagem pela áurea do poder, numa atitude de manifesta soberba terceiro mundista.
Muito bem Francisco Ferreira!
Luís Marques da Silva
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"Atitude sinistra esta, apenas sustentada pela vã glória de mandar e a arrogância de quem, a qualquer preço, quer deixar "OBRA FEITA" sem cuidar de saber se a memória e a cultura de um povo se reveêm na remoção do museu dos coches do local onde está!...
Instados na posição, já com dezenas de anos, da transferência dos majestosos coches para "GRANDES INSTALAÇÕES", onde mostrem a "IMPONÊNCIA", a "OSTENTAÇÃO" e a "RIQUEZA" do povo que os criou, esqueceram-se os nossos governantes do carinho e da escala humanas que são sentidos e transmitidos pelo espaço actual em que se encontram.
O carácter acolhedor e proporcionado daquele espaço para o efeito que desempenha, conseguiu transmitir a várias gerações, a atitude da visita e da frequência, como nenhum outro museu conseguiu neste país.
A relação do espaço-picadeiro, criado para os cavalos, tem a escala, o conceito e a relação directa com os velhos coches.Quem vê uma coisa sente a outra e não é por acaso que se dão bem: interligam-se.Rebentar estas amarras é um crime que devia ser punido civilmente sobre quem detem o poder de o decidir, e mesmo de o aconselhar.
É um atentado criminoso à cultura nacional, só comparável às demolições arcaicas dos pequenos burgos edificados que envolviam os nossos grandes edifícios, como o Mosteiro da Batalha e muitos outros, num passado não muito distante.
E, depois do crime, até os "burros" perceberam que os edifícios parecia terem mingado, a envolvência e escala humanas tinham desaparecido para sempre - ficou tão somente uma aparência, a custear e manter, como mera escultura, espoliada de um passado de sempre, apenas para dizer que temos.
CRIME... Isto é um crime à nossa cultura; pior, é um atestado de incompetência a todos nós, portugueses, que passamos por não saber mais que isto, nem aprendermos com a forma como os nossos vizinhos europeus tratam e valorizam a vivência urbana dos seus velhos espaços e do seu património, dos seus costumes e das suas tradições; de como tiram partido destas mais valias entre o relacionamento dos espaços/edifícios com a memória da função que têm vindo a desempenhar.
Ninguém toleraria a destruição de velhos quadros, obras primas de autores nacionais consagrados. Seria destruir cultura, tal como os nossos governantes bem compreendem.
Mas destruir a cultura da tradição, da vivência do dia a dia, da memória passada daquilo que está bem e vão desagregar, que é pior que estar a queimar valiosos quadros, já não é percebido como destruição de cultura. E não é percebido porque não dá jeito perceber a quem decide; e como é mais volátil, não se veêm as cinzas, e destrói-se este património humano. Para que? PARA FAZER OBRAS DE REGIME.
E a mais valia económica que este património constituiria para a melhoria do PIB resultante do turismo por isto motivado. Situações novas em qualquer lado se criam, mas as que resultam do passado, da memória, fazem a diferença entre o especial que atrai, e o comum, que se visita “se calhar”.
ISTO É MATAR A GALINHA DOS OVOS DE OURO!!!
As dificuldades de manutenção dos coches neste espaço, desde a humidade à temperatura e ao resto, podem ser mais facilmente resolvidas que outras questões que vão ter que resolver com a construção do novo edifício.
Os nossos governantes bem podiam mostrar uma lição de humildade, recuperando devidamente as actuais instalações para a mesma função, e nós poderiamos continuar a mostrar aos nossos filhos os coches, no antigo picadeiro dos cavalos reais, onde têm escala, memória e que é onde devem ficar.
E se querem aparecer ao povo com um edifíco novo, até do "tipo escultura", têm tantos locais para o fazer sem ser ali. E mesmo que seja aí, façam uma "coisa" mais pequena, para não ficar tão cara a demolir quando, no futuro, um governante com juizo, quiser libetar a margem ribeirinha destes "enguiços" mal paridos.
O responsavel por este crime, se ocorrer, só não será julgado se morrer antes do povo ganhar consciência que afinal o pode mesmo fazer, pois não é crivel que alguém que desempenha tão elevadas funções, possa estar a este nível tão mal aconselhado, ou ser tão arrogante."
P.S.
Dizem-me os colegas: "Já investiram muito dinheiro, em estudos e promessas; não podem reverter o processo."
Só não param o processo se não quiserem. Olhem o passado: com as gravuras de Foz Côa interromperam o processo. E não eram destruidas, ficavam submersas, guardadas; mas até compreendo que o tenham feito.
Isto é que é incompreensivel e demonstrativo de um tipo de "in"cultura que se irá continuar a aplicar em outros casos.
Temos que pôr um fim a este assassinato cultural, sob pena de perda total de identidade.
FFerreira arq.
Isto é um disparate enorme! Mais um. Mas ainda há esperança de não se fazer?
ResponderEliminarExcelente artigo de opinião Francisco Ferreira; tocaste no cerne da questão. Parabéns.
ResponderEliminarGrande abraço.
Não se vai fazer porque não há dinheiro!
ResponderEliminarMas como é que pessoas com responsabilidade e capacidade (suponho) que estão na CML deixam uma coisa destas ir para a frente?
ResponderEliminarÉ um evidente disparate, espero que arranjem uma solução que passe por manter o existente.
Haja fé.
Uma sugestão que, vindo de alguém que não é especialista, é hávido apreciador da história portuguesa e enormemente sofredor com o rumo que está a tomar a defesa e preservação do património:
ResponderEliminarPorque não renovar as charmosíssimas Oficinas de Material de Engenharia para a maior parte do espólio e deixar o picadeiro, como meta final da visita ao Museu e aí encenar a grande embaixada de D. João V a Roma, quer adquirindo material nacional e internacional sobre o assunto, quer restaurando os restantes dois coches de gala sobreviventes - até quando vão sobreviver não se sabe devido ao estado avançado de degradação - quer criando cópias de objectos usados na embaixada. Não tenho qualquer tipo de dúvida que isto traria uma enchente ainda maior ao mais visitado museu do país.
Esta última sugestão é muito interessante. Mas se era um picadeiro, porque não outra vez? Também funcionaria como polo de atracção. Mas é a falta de $ que vai ditar tudo, i. e., ficará tudo na mesma!
ResponderEliminarExistem relatórios de restauradores nacionais e internacionais que desaconselham vivamente o retorno do uso do picadeiro para espectáculos hípicos; a conservação do edifício ficaria altamente ameaçada.
ResponderEliminarOk. Não sabia.
ResponderEliminarhttp://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/9296082.html
ResponderEliminarLisboa, 06 Fev (Lusa) -
"O Museu Nacional dos Coches, em Lisboa, mantém a liderança de visitantes registados nos 28 museus nacionais em 2008 (228.570)...
...De acordo com as estatísticas do Instituto dos Museus e Conservação (IMC) disponíveis no sítio deste organismo tutelado pelo Ministério da Cultura (MC), os museus nacionais receberam 1.218.718 visitantes e os seis palácios nacionais 1.139.514, quase tantos como os 28 museus.
O Museu Nacional dos Coches, em Lisboa, lidera os museus mais visitados em 2008, com 228.570 entradas, aos quais se podem somar os 19.706 que o núcleo deste museu em Vila Viçosa recebeu.
Em segundo lugar, surge o Museu Nacional de Arqueologia, também na capital, com 125.594 entradas, em terceiro o Museu Monográfico de Conímbriga, com 96.905, e em quarto o Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, com 92.635 entradas."
...
È caso para dizer: "SEM COMENTÁRIOS"...
Ou então: "Querem mesmo dar cabo disto?"!!!