Dois prédios com 20 metros de altura, devolutos há seis anos, começaram esta quinta-feira a ser demolidos na Quinta das Laranjeiras, perto da Expo, em Lisboa, para dar lugar a um jardim. A população aproveitou para pedir à Câmara obras nas casas.
"Derrubar prédios que só serviam para o vandalismo, que estavam cheios de lixo e de ratos, é óptimo. Isto era muito feio. Mas, e o resto? Então e as obras nas casas que são da Câmara?", questionou Leonor Gouveia, uma das moradoras da Quinta das Laranjeiras, que aproveitou ontem a presença do presidente da Câmara de Lisboa na cerimónia de arranque das demolições para desfolhar o "livro de reclamações" do bairro.
Apesar de viverem paredes-meias com o Parque das Nações, os moradores pouco sentem essa proximidade. O casario, muito dele municipal (mais de 700 fogos são da Câmara), está velho e a clamar por obras de conservação. As ruas precisam de ordenamento, o polidesportivo está decrépito e faltam espaços verdes para o povo espairecer. A tudo isto se juntam os custos das rendas. O processo de actualização arrancou em Janeiro e já começou a sentir-se nos bolsos dos moradores.
"Se houver boa vontade, tudo se faz", frisou Leonor ao JN, acrescentando que, nos lotes 11, 12 e 13, nunca foram feitas obras de conservação, desde a sua construção, há três décadas. "Os outros foram arranjados. Nestes, só o vieram pintar por fora no ano passado", queixou-se a moradora do lote 11.
"Os elevadores são outro problema. Eu moro no lote 22 e um dos elevadores quase só funciona uma vez por ano. As pessoas de mais idade não saem de casa", lamentou, por sua vez, Luís Carvalho, presidente da Assembleia Geral da Associação de Moradores da Quinta das Laranjeiras.
Sobre a demolição dos dois prédios devolutos, que correspondem aos lotes 18 e 19, Luís Carvalho apenas sublinhou que "já deveria ter sido executada, uma vez que era uma promessa antiga aos moradores". As demolições dos prédios de sete pisos vão demorar quatro meses. De acordo com o presidente da Gebalis - empresa municipal que gere os bairros sociais - o arranjo paisagístico final está ainda em fase de projecto, mas poderá avançar assim que estiverem concluídos os derrubes.
António Costa prometeu, para breve, um polidesportivo novo em folha, reconhecendo que o actual, perto da piscina municipal do Oriente, não passa de "um monte de ferros". Costa não se comprometeu com prazos. Disse apenas que não está ainda definido se o actual polidesportivo será reabilitado ou se será feito de raiz num outro local do bairro.
No final, o presidente deixou ainda aos moradores a garantia de melhores acessos ao Parque das Nações, frisando que a questão está a ser tida em conta no âmbito da elaboração do plano de pormenor de remodelação da Gare do Oriente.
In JN
Acho incrível como pessoas que tiveram 30 anos de borlas na renda da sua casa ainda têm o descaramento de se queixar.
ResponderEliminarMais grave que isso é deitar-se prédios com 30 anos a baixo quando há tanta gente com carência habitacional. A CML tem uma lista infindável de pessoas para atribuir casa e dá-se ao luxo de ter fogos devolutos. Quase todas as semanas a Polícia Municipal é chamada para ir desocupar casas que foram ocupadas abusivamente, mas a CML não dá resposta a essas carências! Não compreendo. Quem passar por exemplo na Qta. das Laranjeiras ou na Zona J ou Quinta do Ourives vê casas tapadas com tijolos em prédios habitados legalmente! Não se compreende!
ResponderEliminarLá que a qualidade de construção não presta para nada é verdade, mas isso até bairros municipais construídos em 2003 não prestam, como por exemplo o bairro Municipal da Ameixoeira. As casas têm paredes de cartão, e só foi dada uma de mão com a tinta de pior qualidade que existe.
O próprio empreiteiro dizia que aquilo eram casas para ciganos, e que qualquer porcaria servia, porque eles iam estragar o bairro todo.