Em poucas centenas de metros, a Rua de São Bento atravessa cinco freguesias. Os moradores parecem desconhecer os limites de cada uma delas. E lamentam a confusão criado para o atendimento nos centros de saúde.
O "Café de São Bento" é o restaurante mais famoso da rua, célebre por servir aquele que alguns consideram ser "o melhor bife de Lisboa", naco de carne de vaca a 24 euros o prato. Há poucos dias, fez circular um panfleto publicitário destacando a curiosidade de a rua onde está instalado atravessar sete-freguesias-sete? Não é verdade: das referidas pelo restaurante, Santos-o-Velho e Prazeres saltam fora. Restam cinco: Santa Isabel, Lapa, São Mamede, Mercês e Santa Catarina. O que já não é nada pouco.
Foi ali que Amália Rodrigues viveu durante anos. Hoje, no número 191 da Rua de São Bento abrem-se as portas para a Casa Museu que invoca a fadista. A funcionária responsável pelo acesso não soube dizer ao JN em que freguesia se encontra. Aliás, naquela rua poucos parecem saber com certeza absoluta onde começam e acabam as diferentes freguesias.
Junto de um grupo de reformados que jogava dominó na "Tasca da Francelina", em frente à Casa de Amália, cada um demonstrou ter a sua diferente noção de geografia. Num ápice, desataram a discutir e a falar ao mesmo tempo para tentar defender as suas teses. A discussão chegou mesmo a paralisar o jogo e a aumentar o ritmo a que a torneira do balcão servia imperiais.
Ana Pinto, uma empregada doméstica que mora ali ao lado, lamenta que a abundância de freguesias provoque transtornos nas deslocações aos centros de saúde, uma vez que parte considerável da sua família vive a escassos metros uma da outra, mas cada uma parece ser servida por equipamentos diferentes.
Cansada de andar de ali para acolá para acompanhar a família, Ana Pinto solta o desabafo - "É cansativo!" - e simplificou a solução: "Dava um jeito um Centro de Saúde maior para toda esta zona".
"São muitas freguesias num espaço muito pequeno!", barafusta, por seu turno, José Xavier, 66 anos, que todos os dias labuta no Talho das Mercês "a cortar carne". Para mais, na sua óptica, "não se aceita que uma rua como esta divida tantas freguesias que estão concentradas num área de 500 metros".
Alguns metros ao lado, António Cruz permanece atento à conversa, encostado a uma parede de mármore decorada a garrafas de ginja e fotografias de Veloso, o antigo jogador do Benfica. Sem demoras, afina pelo mesmo discurso: "Isto não devia existir. Não devia ser assim, mas já vem do antigamente".
António Cruz, 64 anos, afirma que ganha a vida como "proprietário". E aponta o grande problema da abundância de diferentes freguesias naquele espaço: "Isso causa dificuldades de movimentação", afiança. Como tal, frisa que se torna imperativa "uma união entre todas as freguesias", de maneira a articular soluções para que seja possível "centralizar todos os serviços".
In JN
O problema das freguesias não seria grande se as mesmas fossem igualmente capazes. A minha, das Mercês, é muito anémica comparada com a da Lapa ou de Santa Isabel (basta consultar os respectivos websites). A de Santa Isabel oferece remoção gratuita de graffitis. Na Mercês não temos essa sorte... Há muitos mais exemplos...
ResponderEliminarainda assim. a actual divisão não faz qualquer sentido.
ResponderEliminarmesmo que elas fossem todas hiperactivas, que sentido faz um bairro ou uma rua ser dividido em cinco freguesias, numa espaço mínimo?
Nalgum sitio as fronteiras têm que ser!
ResponderEliminarSe as juntas forem eficientes não tem problema nenhum a rua estar dividida em várias freguesias.
Não existe logica alguma para uma rua estar dividida em várias freguesias.
ResponderEliminarMas todas as fronteiras das freguesias urbanas ficam em ruas!
ResponderEliminarclaro que sim...claro que ficam.
ResponderEliminarmas de preferencia os limites devem ser bem definidos e os bairros devem ser integrados na mesma freguesia.
o ridiculo do caso concreto é que a divisão em lisboa é tanta que uma pequena rua é de 5 freguesias!
As freguesias que ficam na Rua de São Bento até são grandinhas. Em Lisboa há outras mais pequenas.
ResponderEliminarMais escandaloso é a JF Castelo e a JF Santiago ficarem na mesma rua quase lado a lado!
Não me parece que o quarteirão que fica para cada lado da Rua de São Bento seja o mesmo bairro. A Rua de São Bento tem uma fronteira bem definida.
ResponderEliminarestava a generalizar...
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