09/04/2009

PSD defende que processo de edifício para o Rato tem dados falsos e deve ser anulado

In Público (9/4/2009)
Ana Henriques

«Altura de prédios à volta foi "empolada" no projecto entregue à câmara, diz vereadora. Arquitectos respondem que aprovação seria dada na mesma


O processo para a construção de um edifício de grandes dimensões junto ao Largo do Rato, em Lisboa, deve ser anulado, porque os dados entregues pelos projectistas à câmara no pedido de licenciamento do projecto são falsos no que à altura dos prédios circundantes diz respeito, defende a vereadora do PSD Margarida Saavedra.

Já os autores do projecto, Manuel Aires Mateus e Frederico Valsassina, dizem não ver razões para tal desconfiança e alegam que, seja como for, os elementos postos em causa por Margarida Saavedra nem sequer foram tidos em conta na apreciação do projecto.
A promotora imobiliária Aldinis viu há dez meses a Câmara de Lisboa negar-lhe a licença de construção do imóvel de sete andares, destinado a apartamentos, depois de, em 2005, os sociais-democratas que governavam a autarquia terem viabilizado o projecto. Uma situação que levou a Aldinis a ameaçar processar o município, o que não fez até agora. Frederico Valsassina mostra-se admirado por Margarida Saavedra voltar com o tema à baila nesta altura: "Para mim, o assunto está encerrado. Não falamos com o proprietário [do terreno] há meses. Esse assunto morreu, já não tem interesse". Mas Diogo Jardim, ligado à promotora imobiliária, diz que a empresa tenciona mesmo avançar para tribunal para fazer valer o que entende serem os seus direitos.
Numa carta enviada recentemente ao presidente da câmara, António Costa, a vereadora do PSD expõe as suas objecções. Nos desenhos que os dois arquitectos entregaram nos serviços camarários, a altura dos imóveis que circundam o terreno destinado ao novo edifício foi "empolada", de forma a que este último aparentasse ser mais pequeno do que realmente é, defende. A autarca diz que, depois de ter recorrido aos serviços de um topógrafo, chegou à conclusão de que o muro do Palácio Palmela, por exemplo, onde está instalada a Procuradoria-Geral da República, aparenta nos desenhos de Valssassina e Aires Mateus ter cerca de 9,5 metros na sua altura máxima, "quando tem, de facto, 7,06 metros, o que equivale a uma distorção superior a 30 por cento".
O mesmo acontece, no seu entender, com a representação do chafariz do Rato, embora em menores proporções. No caso do alinhamento da nova construção com o edifício Ventura Terra, mesmo ao lado, há também um problema: "A cota de alinhamento permitida é de 18,26 metros, mas a altura do novo edifício é de 19,80 metros". Consequências? "Para alinhar com o edifício do lado o novo imóvel teria de ter menos um piso".
Anular processo
"Perante isto, a câmara deve anular todo o processo", argumenta Saavedra. Mas qual é a relevância disso depois da recusa da autarquia em autorizar o início das obras? A vereadora responde que a questão impede o promotor imobiliário de vir a alegar em tribunal direitos adquiridos em 2005, aquando da aprovação do projecto, uma vez que essa aprovação se baseou em dados errados. "A única hipótese que tem o promotor é deitar o projecto para o lixo e fazer outro", observa. A Aldinis está ligada a Diogo Vaz Guedes, ex-dirigente da Somague.
Aires Mateus desvaloriza as objecções de Saavedra. Depois de explicar que as cérceas dos edifícios contíguos à nova construção foram confirmadas pela sua equipa junto da câmara, acrescenta que a lei apenas impõe que na apreciação do projecto sejam levadas em conta as alturas dos edifícios que estejam na sua continuidade - Alexandre Herculano e Rua do Salitre. Ora os exemplos a que alude a vereadora, como o palácio Palmela e o chafariz, já estão noutras artérias, "pelo que, segundo a lei, não entram nestas contas", nota.
Apesar de o terreno não ser camarário, o PSD continua a defender a criação de um jardim no local.»

4 comentários:

  1. A ser verdade esta situação, de falsas declarações a CML deve participar do facto, a ordem dos arquitectos instaurar processos contra os autores, pois assinaram termo de responsabilidade.
    A lei é igual para todos.

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  2. No dia em que esta sugestão for levada a sério só entrarão nas Câmaras metade dos pedidos, logo acabarão as tão badaladas esperas por aprovações, que nunca virão, por serem irregulares.
    É que o que os promotores pretendem não são aprovações de projectos, mas sim avales ás suas pretensões.
    Mas não é só a Ordem. São as próprias Câmaras que deveriam accionar estes mecanismos.

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  3. LOBO VILLA

    É evidente que a Margarida Saveedra está correcta; e que a Ordem dos Arqutectos não existe e que a CML se demite como é habitual.
    E que os arquitectos em causa são uns falsários(nem sequer contestam , até admitem a falsidade...) e que deveriam ser admoestados pela Ordem, se ela existisse...
    QUE VERGONHA Srs Arquitectos !!!
    QUE VERGONHA SENHORA ORDEM...!!!

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  4. Muito bem caro Lobo Villa. De acordo.

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