As razões do desígnio parecem óbvias: Lisboa tem uma combinação de clima, segurança e custo de vida praticamente imbatível na Europa a que se pode associar ainda o seu carácter cada vez mais cosmopolita, a proximidade atractiva do mar e a hospitalidade dos habitantes. Talvez a deficiente ligação aérea a muitos pontos da Europa seja o problema maior e dificilmente ultrapassável.
Do ponto de vista das universidades a capacidade de resposta para acolher estudantes internacionais tem também aumentado significativamente: na área de gestão, que conheço melhor, a Católica, ISCTE e Nova (ordem alfabética para não ferir susceptibilidades), são escolas acreditadas internacionalmente e com uma vasta oferta de programas em língua inglesa.
Falta o resto e, infelizmente, o resto é ainda muito. Em primeiro lugar a visibilidade e promoção da cidade. Não genérica, mas segmentada e dirigida. Com enorme frequência se vê e com inveja nas centenas de feiras internacionais (de MBA, Mestrados, etc.) que ocorrem em todo o mundo, as cidades de Barcelona e Madrid, para usar um exemplo próximo, com ‘stands' de promoção e amplo material promocional.
Em segundo lugar a infra-estrutura de residência, ou antes a falta delas, supridas por um mercado privado caótico, disperso, ilegal, sem qualquer centralidade informativa.
Em terceiro lugar e desta vez a culpa não é da cidade mas do país, é necessário uma verdadeira revolução, em termos de disponibilidade e acessibilidade de informação no que concerne aos alunos que não são da UE. Não se imagina o verdadeiro calvário que um aluno indiano, chinês ou moldavo tem de percorrer para obter um visto de permanência em Portugal. Procure-se na internet a informação disponível; em muitos casos são os próprios ‘sites' das escolas que melhor explicam (e em inglês) os passos a dar. Veja-se a nossa rede de embaixadas e consulados e encontraremos outra barreira complexa.
A decisão de permanecer em Lisboa por um ou mais anos não é, infelizmente para nós, um acto meramente impulsivo e aventureiro, ao contrário dos nossos navegadores passados. Exige uma rota conhecida, um passo seguro e um pouso bem sinalizado. Não sendo assim, continuaremos encantados com o desígnio estratégico tranquilamente focalizado no longo prazo, para que não tenhamos de ter o trabalho de agir no imediato.
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António Gomes Mota, Professor no ISCTE Business School
In Diario Economico
o artigo parece-me um pouco "off topic" neste blog, mas aqui vai...
ResponderEliminaruma vez que o artigo e' escrito por alguem que esta' a pensar em alunos de MBA falta outro ponto: a vontade das empresas locais em empregar e patrocinar os vistos dos alunos que nao sao da UE. ninguem, que nao esteja a ser patrocinado pelo seu empregador (e portanto ja' tem emprego) vem para ca' fazer um MBA se a probabilidades de poderem arranjar emprego ca' forem zero.
Além de que o problema de Lisboa não é a atracção de população flutuante (já a tem, e muita), mas sim, a fixação de população residente, o que passa por facilidades de emprego, habitação, transportes, entre outros
ResponderEliminarLuís Rêgo
Parece-me, modestamente, que o primeiro desígnio de Lisboa devia ser o de se tornar uma cidade amiga e respeitadora do utente e apresentável, coisas que na actualidade manifestamente não é.
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