In Diário de Notícias (27/6/2009)
por Rui Pedro Antunes
«Manuel Graça Dias discorda do padrão "pesado e abstracto" dos passeios laterais e aponta várias deficiências ao desenho de Bruno Soares. Outros três especialistas da área, ouvidos pelo DN, mantêm reparos ao projecto para uma das principais praças da capital. E questionam: afinal, para que servirá?
"Depois de ver o novo projecto, acho que é preciso haver mais cuidado com aquela praça, que é uma praça muito sensível." A crítica ao projecto do novo Terreiro do Paço é do arquitecto lisboeta Manuel Graça Dias. Aliás, os quatro arquitectos contactados pelo DN foram unânimes em apontar deficiências no desenho de Bruno Soares.
Para Manuel Graça Dias as mudanças não foram suficientes, pois "o projecto foi reestruturado, mas insiste na ideia da plataforma de desnível - nos degraus - que não me parece uma opção cordial nem necessária".
Além dos degraus, que dão "uma noção de pódio e destaque a mais à placa central", Graça Dias discorda do padrão dos passeios laterais. Ainda que defina o alargamento dos passeios como "uma boa escolha", o arquitecto explica que o padrão inspirado nas cartas marítimas do séc. XVI "é demasiado pesado e abstracto, quando devia ser banal".
Por outro lado, o arquitecto revela que está agradado por "ter desaparecido o corredor central". Já o esbater do impacto dos losangos é desvalorizado. "Este tipo de padrões de losangos não tem grande leitura, só teria se passássemos pela praça de helicóptero", defende Graça Dias.
No entanto, na opinião do arquitecto Pedro Brandão "toda a discussão que tem havido em torno do Terreiro do Paço é desinteressante". O autor da obra Lisboa do Tejo, a Ribeirinha, considera que o "essencial" ainda não foi debatido, pois "tem-se discutido diagonais, risquinhos e as corezinhas que são coisas superficiais".
Pedro Brandão defende que se devia ter começado por discutir os usos da Praça. "Estar a discutir gostos não adianta nada. Podia haver arbustos e água, mas tudo isso tem de ser discutido em função do que se vai passar", esclarece. E coloca várias questões: "Afinal, o que vai ser a Praça? Um showroom dos ministérios? Um centro de turismo? Ou um centro comercial com lojas da Fnac?"
Também José Adrião, co-autor de um projecto do Terreiro do Paço pelo qual a autarquia pagou 100 mil euros em 2000, se mostra "contra todo o processo".
O arquitecto afirma que a adjudicação directa prejudicou o projecto. "Quando se fazem concursos públicos, os concorrentes começam a superar-se e fazem coisas mais interessantes. Aqui está-se a perder a oportunidade de fazer um grande projecto", acusa.
Já o arquitecto André Brito Caiado, ainda que concorde com pressupostos da matriz do projecto de Bruno Soares, sugere opções mais arrojadas. O vencedor do prémio Korrodi em 2008 defende que "na Ribeira das Naus devia haver um túnel de betão subterrâneo e permeável que acabasse com a divisão entre a cidade e o rio". Além disso, o arquitecto considera que os edifícios deviam passar a ser "esplanadas, restaurantes e galerias de arte". Não querendo comentar elementos do novo projecto, Caiado diz apenas que "em Portugal há centenas de arquitectos que podiam fazer um bom trabalho no Terreiro do Paço".»
É verdade, não tem sido referido: continurá aquela inenarrável animação que havia aos Domingos no Terreiro do Paço, promovida pela cml (se calhar, agora, alargada a outros dias)?
ResponderEliminarNeste blog foram postados exemplos horripilantes, como o estacionamento na praça de viaturas municipais com plataformas elevatórias para levantarem os passantes (que, de resto, em Lisboa dispõem de ene miradouros) a uns poucos metros do solo, isto obviamente pago pelo munícipe.
Cada cavadela sua minhoca. Deixem estar o Terreiro do Paço que ele basta-se a si mesmo, não é precisa com mais miséria - como se não bastassem os mendigos a viver nas arcadas...
ResponderEliminarEle há cada uma.
Cumpts.
"Aqui está-se a perder a oportunidade de fazer um grande projecto"
ResponderEliminarHummm....uma fatia do bolinho !?
Esta praça...É O GRANDE PROJECTO
e, já está prontinha há muito tempo.
paulo ferrero, estive na discussao publica do projecto e não o vi nem ouvi!
ResponderEliminardesilude-me verdadeiramente. não queria o debate público?
Oiçam os historiadores de arte e os especialistas em património do período em causa.
ResponderEliminarLeiam os documentos da UNESCO e as Convenções Internacionais sobre a matéria.
Os arquitectos criativos, além de quase nada saberem sobre história da arquitectura (uma cadeira, e mal dada, no curso) também não possuem especialização em intervenções em zonas históricas.
E antes do Projecto tem de haver Programa, elaborado por técnicos e equipes de património.
Mais uma vez, é vulgar nestes atentados, NÃO EXISTE PROGRAMA.
Ah, então aquilo foi um debate público?
ResponderEliminarDesde que vi um porco a andar de bicicleta já não me admiro com nada...
Sou do Alto Minho e fui ao debate público este Sabado por entender que a praça do comercio é um monumento nacional da maior importancia que interessa a toda a gente neste pais. Ontem fui a Abrantes assistir ao debate publico do novo museu iberico da arqueologia e fiquei admirado por Abrantes conseguir mobilizar tanta gente para o debate como em Lisboa, o que mostra a falta de interesse dos lisboetas sobre assuntos que lhe dizem directamente respeito. Sobre o projecto propriamente dito penso que este esta a receber criticas injustas não pela sua qualidade mas pela origem que tem (adjudicação directa), bom se pensarmos que aquela praça a 15 anos era um estacionamento automovel basta para começarmos a gostar bastante do projecto do arquitecto Bruno Soares. De facto o que o arquitecto Nuno Portas disse no debate é bastante importante, ele referiu a necessidade de se discutir o essencial do projecto e deixar para tras coisas que podem ser mais tarde facillmente modificadas e isto é coisa que não se tem feito.
ResponderEliminarÈ uma pena o autor do projecto ter andado estes dias a dizer que as alterações efectuadas iam humanizar a praça, e vir agora ele e o Sr. Presidente António Costa assumir que:
ResponderEliminar"A placa central é tão bela quanto inóspita. É tórrida no Verão e o vento é insuportável no Inverno, pelo que só ocorrem utilizações fugazes", como a festa de fim de ano ou manifestações.”
e que:
"o projecto não pode condicionar ou determinar" quais serão. A praça deverá poder ser usada em todas as estações do ano, pelo que a Sociedade Frente Tejo se compromete a elaborar um projecto de equipamentos que possam ser montados e removidos e um outro de iluminação nocturna.”
Há muito se sabe que está já em pleno a elaboraçaõ do projecto do “urbanismo comercial” da praça.
E também já se percebeu que é esse equipamento publicitário que vai tomar o lugar das árvores.
E também já entendemos porquê!
Andam todos a brincar com o povo e com o meio ambiente.
Isto vai-nos sair a todos muito caro.
É uma estupidez!
Aquilo devia ser finalmente concretizado como PRAÇA DO COMÉRCIO, na sequência embrionária do plano da Baixa Pombalina.
Ainda não é desta!
(e não é por andarmos hà 30 anos à espera do projecto, que agora já qualquer coisa serve)
Não foi respeitado o património cultural, nem o meio ambiente.
Equipamentos montados e removidos parece-me uma boa ideia. Andar aquilo sempre em polvorosa, com operários em fato-macaco e de colete e capacete sempre a montar e a desmontar equipamentos dará sem dúvida muita animação à Praça e proporcionará óptimas fotografias aos turistas que sendo Verão e estando aquilo insuportável ou sendo Inverno e estando aquilo insuportável por lá teimam em passear.
ResponderEliminarE do que uma praça precisa mesmo é de equipamentos, em ferro, em madeira, em lona, em plástico que a desfigurem, perdão, que a componham e a tornem atractiva.
Parabéns, ó Costa, já percebi tudo e vou evitar a todo o custo passar por lá, para não se me entristecer a alma.
Um projecto de iluminação nocturna como o do Natal de 2008? Boa!
ResponderEliminarque alguém nao criticasse algo em Portugal...desde que nao haja barreiras para as pessoas com menos facilidade de mobilidade ou que nao ponham aqueles losangos foleiros, tudo bem!
ResponderEliminarDe facto, retirando isso que refere, não sobrava grande coisa do projecto! E era apenas juntar algumas árvores, e ficava a cumprir. Simples!
ResponderEliminarMas isto, é um pastiche primário.
não há coragem para deitar para o lixo esta paroleira do arq. bruno soares! andam aqui com desenhos mais calros e mais escuros, numa superficialidade total! não s efala do que é importante. andam a tentar tapar o sol com a peneira!
ResponderEliminarAposto que a maior parte das pessoas que vem para aqui falar já nem sabe quando foi a última vez que passou no Terreiro do Paço, mas falar mal de tudo deixa-os mais descansadinhos à noite. Uns nem devem saber bem o que é uma praça. Outros queriam ter sido convidados para a desenhar. Outros ainda, disfarçam os seus discursos políticos com queixas de degraus, losangos e falta de árvores. É um mau disfarce que já começa a irritar.
ResponderEliminarClaro.
ResponderEliminarHá quem goste mesmo do "naperon por cima do televisor" e se irrite por ouvir duas verdades.
Não participar é característicos de sociedades incultas... em que algumas pessoas se revêem.
Seria bem melhor que, em vez de criticarem quem manifesta aqui atitudes construtivas, o fizessem também.
Que demonstrassem, ao nível da sua elevada cultura, como justificam e integram tamanhas... atoardas!
O projecto é mau.
Não percebeu a cultura que elaborou aquela praça.
Não a faz funcionar como praça.
Não dá humanidade nem sociabilidade à mesma.
Nem é actual numa cultura interventiva vigente e necessária.
E querem que as pessoas comam aquilo!
É desprestigiante, indigno, inculto... etc.
E se fosse uma intervenção simples, sem diagonais, com umas árvores, até despretenciosa... Podia passar por simplista, mas tinha decerto mais cultura daquilo que é o resultado do trabalho de Carlos Mardel na Baixa Pombalina, do que esta atorda.
Mais parece que estão a fazer a cozinha regional do pato bravo, com a tijoleira inclinada para "botar bonito".
Porra!
E a Ordem dos Arquitectos não toma posição perante tão manifesta incultura?
ResponderEliminarOu melhor, perante tão manifesta cultura dos meios económicos da força da publicidade?
Ou será que que os publicitários já chegaram à Direcção da OA?
Já não há respeito dentro da instituição? Se não há, devia haver.
A instituição representativa dos arquitectos não pode passar impunemente ao lado de tamanha manifesta falta de cultura, a aplicar no principal núcleo urbano do património do nosso país.
Não é na China, nem é uma brincadeira de escola.
É uma obra a sério, no Terreiro do Paço, e a OA tem uma posição de dignidade que é obrigada a defender pelos seus estatutos.
Cumpram com as vossas funções.
simplesmente vão criar um terreiro para colocar e tirar tendas de plástico e coisas que nem são dignas de uma feira rasca.
ResponderEliminaré esse o uso que dão as praças das cidades, sejam históricas ou não: espaços vazios onde cabem tendas.
admira-me que nunca tenham montado um circo na praça do comércio.
provavelmente o cirque du soleil nunca se lembrou dessa.
praças são praças, não são apenas espaços livres entre os prédios.
a praça do comércio devia ter uma extensão (ou o corpo principal) do museu da cidade ali instalado, com especial destaque´ao terramoto.
os pisos térreos deviam ser já libertados para restauração e comércio qualificado, de certeza que seria mais a procura que a oferta.
os pateos da gelé e do ministério das Finanças (este último lindíssimo, com jardim e muito aprazível) deviam já ter acesso de público.
O páteo das finanças seria uma boa alternativa á falta de arvores da praça do comércio, podendo tornar-se um santurário de calma e frecursa (tem uma fonte).
um hotel também permitiria manter a praça em constante movimento de pessoas.
por outro lado, a solução (temporária) dos jardins portáteis e que agora está instalada no cais das colunas, seria uma boa solução para toda a praça, arcadas, rua augusta e laterais.
Uma forma de ter árvores e bancos para as pessoas.
Ideias muito muito simpes, muito fáceis de por em prática e com efeitos muito benéficos.