In Diário de Notícias (26/6/2009)
por RUI PEDRO ANTUNESHoje
«Após críticas ao Estudo Prévio, o arquitecto Bruno Soares fez várias alterações ao projecto de requalificação da Praça da Comércio. Do desenho inicial foram "apagados" losangos, contrastes e o corredor central.
O terreiro voltou ao Paço. O projecto final de requalificação da Praça do Comércio, da autoria do arquitecto Bruno Soares, foi ontem apresentado e pretende retomar a memória do antigo terreiro pombalino. A maior parte do pavimento será preenchido por uma pedra fina de cor de terra, que terá diagonais de pedra de lioz. Esta é uma da diferenças relativamente ao Estudo Prévio, onde era dado um grande destaque aos losangos e onde o contraste de cores era acentuado.
Depois da polémica e da fase de discussão pública, muitas das ideias para o Terreiro, caíram... por terra. O corredor central que unia a Rua Augusta ao Cais das Colunas foi um dos elementos "apagados" do desenho (ver caixa). Já em termos de legitimidade, este projecto parte com uma vantagem em relação ao Estudo Prévio. "Acolheu os pareceres das entidades competentes, quer da CML quer do IGESPAR (Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico)", revelou o presidente da Sociedade Frente Tejo, Biencard da Cruz.
Além disso, Bruno Soares confessa que "acolheu grande parte das críticas", reconhecendo que "houve pontos criticados com razão".
Porém, atacou "aqueles que dizem que a praça deve ficar na mesma", pois considera que "o Terreiro do Paço bateu no fundo".
O arquitecto explica que a matriz inicial do projecto se manteve. Ou seja, os "passeios laterais vão ser alargados e a presença do automóvel na praça vai ser reduzida de 40 para 11%."
Neste aspecto, Bruno Soares lembrou que "antigamente havia cinco faixas de rodagem a separar a Rua Augusta do rio, mas agora são apenas duas".
Quanto às esplanadas, houve preocupação em não as incluí-las como elemento inflexível do projecto. "Não vamos desenhar uma praça condicionada a uma loja ou café, mas temos que a preparar para ser uma área de usos múltiplos", defendeu o arquitecto. Ou seja, as esplanadas vão existir, mas devem ter uma presença sazonal na praça, ocupando parte dos passeios laterais no Verão.
Até porque, segundo esclarece Bruno Soares, "o Terreiro do Paço não tem que ser a sala de estar de Lisboa. Isso é o Rossio".
O arquitecto reforçou também a ideia de ligar a praça ao rio e ao resto da cidade e de manter o conceito de "unidade". "Por isso, tudo o que deva segmentar a praça, como árvores, não deve existir", adverte. Bruno Soares defendeu também que a praça "deverá estar preparada para manifestações espontâneas e organizadas, como eventos musicais".
Outro dos elementos muito criticado no Estudo Prévio foi a existência de degraus. Bruno Soares decidiu então manter apenas dois na placa central que "servem para as pessoas perceberem que estão num plano diferente e não para dificultar a circulação".
No final da apresentação, Biencard Cruz reforçou que este era o projecto final e que já não deverá sofrer grandes alterações. Será portanto assim (ver imagem em baixo) o novo Terreiro do Paço, que Biencard Cruz espera estar concluído a tempo da comemoração do centenário da República, a 5 de Outubro de 2010.
As cores do piso da placa central esbateram-se, tal como o impacto dos losangos. O pavimento será preenchido com uma pedra fina granulada e as diagonais serão de pedra de lioz.
O Cais das Colunas continua a ser um importante elemento de ligação entre a praça e o rio, mas perde destaque relativamente ao Estudo Prévio. Mantém-se semicircular.
Projecto mantém a ideia de reduzir a presença do automóvel na praça de 40 para 11 %. A existência de apenas duas vias na Ribeira das Naus é um dado adquirido no novo projecto.
Na placa central, o losango escuro que marcava a estátua real de D. José desapareceu e foi substituído por um círculo de pedra, num tom suave, que não terá mais de 30 centímetros.
Passeios laterais vão ser alargados e, eventualmente, ocupados por esplanadas. Terão um padrão inspirado nas cartas marítimas do século XVI e serão em pedra lioz e pedra preta»
...
Bom, parece que afinal houve duas conferência de imprensa na mesma hora, no mesmo local, tais as diferenças nos artigos do DN e do Público.
Segundo o presente artigo os losangos foram apagados e o areão foi substituído por pedra fina mas com diagonais ...
Já agora, para se evitar mais "brainstormings" com risco de se fundirem lâmpadas ... convinha que os desenhos actuais, aqueles que são o projecto "final" fosse colocados online, já que os que estão no site da Sociedade Frente Tejo ainda são os mesmos da versão que antes de ser prévia já era definitiva, não fosse haver uns quantos que requereram na CML que houvesse uma sessão de apresentação do projecto em curso para o Terreiro do Paço... ainda que tivesse sido uma sessão privada, mas que serviu de ponta de iceberg.
Por favor, divulguem os tais de desenhos "finais".
Lisboa agradece.
Não percebo o comentário do "bloguista" - em ambas as notícias, Público e DN, diz que os losangos serão esbatidos, não removidos....o que desaparece totalmente é o losango verde na base da estátua e o caminho entre o Arco e o cais das colunas... entendido?
ResponderEliminarJá agora: haverá hoje à tarde uma sessão pública de apresentação do projecto às 15h30 no próprio Terreiro do Paço. Óptima oportunidade para todos colocarem questões.
Bem haja!
O mal desta renovação no Terreiro do Paço vai muito para além destes pormenores. O grande problema está na redução das faixas de rodagem do lado do rio que desvia demasiado trânsito para a Baixa, com todas as consequências que já se podem observar: poluição, ruído, imagem caótica das zonas nobres. Experimentem passar na Rua da Alfândega à hora de ponta... e do lado do rio a mesma coisa.
ResponderEliminarCom este tipo de projectos, o Terreiro do Paço não melhora (continua com trânsito) e vai-se piorar as condições do resto da cidade. Não inventem! Sejam práticos! Já chega de "fazer por fazer"
os desenhos foram publicados no Público, meus amigos
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