27/10/2009

Lisboa: RISCO DE DERROCADA ANTECIPA DEMOLIÇÕES

2009-10-25
CRISTIANO PEREIRA *, *COM LUSA
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A Câmara de Lisboa vai demolir os edifícios da Rua Inácio Pardelhas Sanches e da Rua B, no Bairro da Liberdade, devido ao "risco de colapso iminente" daquela zona, afectando 50 famílias. Os moradores querem mudar mas não para longe.
A decisão foi tomada após uma análise da Direcção Municipal de Projectos e Obras e com bases em dados do Laboratório Nacional de Engenharia Civil.
Fonte oficial da Câmara de Lisboa afirmou à agência Lusa que "foram já encontrados 16 fogos", cujos contratos de arrendamento estão a ser celebrados, para realojar algumas dessas famílias. A mesma fonte explicou que estão a ser procuradas casas que se adaptem às necessidades dos agregados e que cumpram os requisitos do programa PROHABITA, um projecto de financiamento para acesso à habitação, ao abrigo do qual a autarquia vai realojar estas famílias.
Na noite de sexta-feira decorreu uma reunião com membros da Câmara e com os moradores do Bairro da Liberdade afectados pelas demolições, para esclarecer as eventuais dúvidas. Fonte da autarquia garantiu que "as pessoas reagiram bem".
Ontem à tarde, o JN deslocou-se ao local e falou com alguns moradores. "Eu preferia ficar aqui na zona, não posso ir para longe por causa do médico", afirmou Albertino Henriques, de 67 anos, e que ali vive há 39. O reformado está na expectativa: "Ainda não sei se a casa que vão arranjar é melhor ou pior". O sentimento é partilhado pela vizinha Maria Olinda Gomes. A moradora tem noção que a sua casa "não está segura" e já há algum tempo que vê "as paredes todas rachadas", mas tem receio de que a coloquem numa zona longe daquela freguesia. Tem, também, outro receio: a de quererem colocá-la numa pensão, hipótese que recusará. "Nós até queremos sair mas queremos sair com uma chave de uma casa na mão", apontou ao JN. Maria Alice Henriques, mulher de Albertino Henriques, afirmou, também, que os moradores não querem guardar os seus pertences em armazéns, nem que seja provisoriamente.
As obras de demolição no Bairro da Liberdade só vão começar quando as 50 famílias estiverem realojadas, garantiu fonte oficial da autarquia.

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