In Público (17/11/2009)Por Ana Henriques
«Uma torre com cem metros e a profusão de cores, incluindo um casco dourado, fazem com que o edifício projectado para o Alto do Restelo não seja nada pacífico
Câmara aprovou
Começa hoje no Alto do Restelo a construção da nova igreja da paróquia de S. Francisco Xavier. Com uma torre de cem metros de altura e uma paleta cromática pouco habitual - haverá paredes em dourado, laranja, verde e vermelho -, o templo em forma de barco desenhado pelo arquitecto Troufa Real motivou já alguns protestos. Mas a Câmara de Lisboa diz que a obra está licenciada desde 2004/2005.
O movimento cívico Forum Cidadania pôs há um mês em causa a necessidade da nova construção, "quando o Patriarcado tem a Igreja de S. Vicente de Fora fechada, porque está a cair aos bocados". E aproveitou para dar vários outros exemplos de património eclesiástico existente na cidade a necessitar de obras de conservação.
Só a primeira fase dos trabalhos - que compreende a construção da estrutura e fundações - vai custar três milhões de euros. Depois será preciso mais dinheiro para os acabamentos. Em forma de minarete, a torre albergará um elevador panorâmico e só será erguida numa segunda fase da obra.
O Forum Cidadania (http://cidadanialx.blogspot.com) criticou também o projecto de Troufa Real, chamando-lhe "um empreendimento digno de Ceaucescu" [o antigo ditador romeno]. Num abaixo-assinado online (por enquanto pouco concorrido) fala-se em "aberração urbanística".
"O projecto de arquitectura baseia-se na vida do apóstolo do Oriente S. Francisco Xavier, da Índia ao Japão, e na aventura portuguesa dos Descobrimentos", explica o folheto informativo da paróquia. O PÚBLICO não conseguiu falar com o pároco da freguesia, que se encontrava fora do país, nem com Troufa Real. Certo é que também entre os responsáveis do Patriarcado houve quem não gostasse do projecto. Mas a liberdade criativa do arquitecto foi mesmo assim respeitada. "Gosto de ideias que se aproximam do limiar entre o kitsch e o piroso", assumiu, em 2004, Troufa Real, que trabalhou a título gracioso para esta obra.
Segundo a Construtora de Vila Franca, encarregada da primeira fase da empreitada, o edifício terá uma área de construção de 2700 metros quadrados, e nele serão consumidos 3600 metros cúbicos de betão e 500 toneladas de aço em varão. O projecto inclui diversos edifícios de menor dimensão para serviços paroquiais, mas do ponto de vista construtivo o mais complicado de fazer será a igreja propriamente dita, por incluir uma estrutura metálica - revestida por um casco dourado, se o orçamento o permitir - semelhante ao cavername de um barco. "Talvez tenhamos de recorrer a uma empresa da indústria naval", admite o responsável pela obra na construtora, André Silva. A paróquia ainda só conseguiu juntar um milhão de euros dos três necessários para a primeira fase dos trabalhos.»
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Ceaucescu ou Saddam, tanto faz, o certo é que estamos perante algo que se arrisca a ser o símbolo de toda uma nova corrente nas artes: Arte Freak. Pobre Lisboa.
Corre na Net a seguinte petição: http://www.euparticipo.org/lisboa/ordenamento/Nao-a-construcao-da-Igreja-Caravela-Restelo
Torre de 100 metros que poderá abrir caminho....a outras !?
ResponderEliminaracho que não há razão para preocupações... o dinheiro não chega e não vai chegar! a torre nunca será construida. se está projectado para custar 3 milhões, decerto que irá custar 6 sabendo como as coisas correm por cá. ora bem, se só arranjaram 1 milhão não podem chegar longe.
ResponderEliminarMeu deus. Vai mesmo avançar... Mas quem pensa ser o Troufa Real? O Gaudí? Mas o Gaudí não era tão estapafúrdio...
ResponderEliminarEvitar a construção deste mamarracho é uma questão de higiene pública. Pela imagem do projecto, publicada no Público de hoje, aquilo são citações toscas de Gaudí, Miró e Tomás Taveira. Uma pirosice. Aos calcanhares de Siza Vieira nunca chegará o despeitado Troufa Real.
ResponderEliminarfalar do Gaudi para justificar esta coisa deveria ser considerado um ultraje. Isto não é nada ,é uma aberração. Na minha freguesia. Deus nos livre!
ResponderEliminarEntão este não é o centro comercial do belenenses?
ResponderEliminarJá não estou a perceber nada.
Eu julgava que isto era o dolce vita tejo. Acho muito bem que o centro comercial tenha uma igreja e prefiro um arquiteto português mesmo que seja monarquico, todos podem ter a sua opinião politica é português e basta, em vez de um estrangeiro como Gaudi esse brasileiro fez uma enorme igreja em barcelona e deixou o trabalho a meio.
Tenho muita admiração pelos arquitectos que têm uma enorme capacidade de imaginação e grande criatividade.
ResponderEliminarO edificio faz lembrar de um belo presunto a ser fatiado na maquina de fiambre.
Aliás recomendo o pata negra no supermercado da igreja do Bairro Azul da Av.Antonio Augusto de Aguiar, nesta igreja a que lhe chamam Corte Inglês, nem se percebe porque os ingleses até nem são dados muito a religião, mas enfim não podiam fazer uma caneca de cerveja, não é. Bem mas vamos ao que interessa.
no corredor dos enchidos e fumados no piso -1 do supermercado, no corredor ao fundo à esquerda tem uma secção de presuntos fantastico. Um deles está embrulhado em papel dourado, é esse aí com uma rede vermelha.
Escolher também um bom vinho, neste supermercado têm excelentes vinhos espanhóis que ficam lindamente com o presunto pata negra. Esta igreja tem excelentes acessos de até pode-se chegar de metro.
Quando chegam ao fim da vida estes arquitectos ficam com uma necessidade de ter lugar no céu e oferecem os seus projectos.
ResponderEliminarNão lhe chega o avental?
O Dolce Vita Belem, e não o Dolce Vita Tejo que esse é na Paiã, é outra história. Nada tem a ver com a igreja, apesar do simbolo do Belenenses ser a Cruz de Cristo.
ResponderEliminarNao falaria do Gaudi que ja lá vai mas lembraria o Guggenheim em Bilbau que tambem mereceu inumeras critica e hoje é objecto de visita por si só. A torre de facto parece-me excessiva e quanto trazer ao caso outras igrejas da cidade que estejam fechadas nada tem a ver já que se trata de igreja de paróquia. Cada paroquia tem uma igreja certo? Quantos ás verbas que alguns comentarios se demonstram preocupados de quem são? Se é uma obra do patriarcado é com dinheiros do patriarcado certo? Quanto à policromia das cores usadas acho interessante, dependendo o sucesso da sua estetica mais da qualidade dos materias do que da sua cor
ResponderEliminarhttp://a-imitation-of-life.blogspot.com/2009/11/as-bodas-de-canaa.html
ResponderEliminarjac
Caro anónimo das 2:34,
ResponderEliminarinteressante o seu comentário. Muito instruído e cheio de revelações históricas, porventura desconhecidas dos historiadores e dos próprios visados, quer parecer-me.
Depois de descobrir que Gaudí era, afinal, brasileiro natural dessa estado brasileiro chamado de Catalunha vejo-me obrigado a concordar consigo quando escreve que ele deixou a sua igreja a meio: é imperdoável que o tenha feito e o facto de ter sido morto por atropelamento, aos 72 anos, não é desculpa!
Quanto ao arquitecto ser monárquico, pelo que consigo ler nas entrelinhas é que entende-o como um defeito. Graças a Deus que é um defeito que dá para perdoar e esquecer e dar antes relevância ao arquitecto ser português. Imagine que ele era outra coisa ainda pior, como budista, ou vegetariano...
Assim é que é!!! Uma cidade tem que ser colorida e dinâmica!! Abaixo sim é aos Velhos do Restelo e aos “chapas 5” que puseram este pais com medidas estandardizadas! Abaixo ao chicote da ditadura do normal!
ResponderEliminarÉ uma obra privada e paga por promotores privados, não há nada a comentar!
Sérgio Bregieira
Para mim, é horrivelmente feia, nem consigo ver outros méritos que o projecto tenha.
ResponderEliminarParece aquelas loiças de loja de bugigangas para turistas.
Na zona já existem algumas torres bem mais feias que esta.
ResponderEliminar....de 100 metros ?
ResponderEliminarUm pouco das "arábias" por aqui, ou melhor, ao gosto do Dubai:
ResponderEliminarÉ o fenómeno da globalização no seu melhor!
A melhor que aqui apareceu é a de que Gaudí era Brasileiro... Esse foi mesmo o maior disparate que alguma vez ouvi, para além dos outros onde se refere que uma igreja (conteúdo programático e significado completamente diferente do de um museu) é o mesmo que fazer um Gugghneim (ou lá como se escreve correctamente). Tenham juízo! Ó Arq. Troufa o que fez na Expo é grave mas o que quer fazer e pelos vistos já foi licenciado é gravíssimo.
ResponderEliminarConcordo com a pessoa que sugeriu que a ideia é abrir o caminho a outras torres. Não vai a bem vai com a ajuda de Deus.
ResponderEliminarPara próxima, já não a propósito de uma igreja mas a propósito da sede de um banco ou um casino, já vai ser mais fácil de aprovar.
Se fosse uma mesquita de certeza que não era aprovado, não por racismo ou preconceito religioso, mas porque "não se adequaria à volumetria da envolvente" no linguarejar dos burocratas.
"Gosto de ideias que se aproximam do limiar entre o kitsch e o piroso" terá afirmado um dia o "arquitecto de referência" autor do projecto. Que esta seja uma frase de um "arquitecto de referência" diz muito do arquitecto, dos arquitectos,dos clientes do arquitecto, e do nível cultural da sociedade em geral.
Com tanta igreja a precisar de obras de restauro, existe projectos como este que demonstram o total desrespeito do patriarcado pelo edificante religioso. UMA VERGONHA.
ResponderEliminarPensei que o país tivesse votado no "sim" ao aborto..
ResponderEliminarLisboa corre o risco de ser a capital dos edifícios hediondos.. com uma maozinha do arq. Tomás Taveira e agora o Troufa real...
QUE NOJEIRA DE CONSTRUÇÃO!!!
ResponderEliminarNem Estava a acreditar quando vi as imagens...
ResponderEliminarPensava que era uma brincadeira de mau gosto...
A cada tempo é necessário avançar, quebrar barreiras, tabus, preconceitos, e sempre romper com academismos. Bem-haja para quem se mantém igual a si mesmo e fiel aos seus princípios. Bem-haja para quem está fora do amadorismo bacoco, dos pós, dos pós pós, dos néos e demais revivalismos modernos, modernistas ou modernizantes, procurando o seu caminho através de desígnios mais elevados.
ResponderEliminarParabéns ao arquitecto e parabéns ao poder eclesiástico que em tempos de crise de Fé dá exemplos de saber, principalmente àqueles que, julgando já saber tudo sobre arquitectura, tecem críticas à laia de vendilhão apregoando como fresco o peixe já podre.
Senhor, não lhes dês o peixe, ensina-lhes antes a pescar.
Afinal ainda há arquitectura em Portugal!
“Vós sois deuses, mas vos haveis esquecido.”
Platão
Finalmente aparece alguma coisa com cor e ousadia! Parabéns pela nova igreja do Restelo.
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ResponderEliminarQue pena....estes tipos precisavam de ouvir umas verdades à umas décadas valentes.....
Esta igreja ridícula é só mais uma Vergonha para juntar à festa...
E quanto ao investimento que ainda falta???
Se os terrenos foram cedidos gentilmente a uma preço "simbólico" pela CML, já tudo pode acontecer!!!