28/01/2010

Árvores classificadas condicionam intervenção no jardim de Santos

In Público (28/1/2010)
Por José António Cerejo


«Projecto de execução quase pronto. Autarquia ainda não consultou a Autoridade Florestal, nem transmitiu condicionantes aos autores


A Autoridade Florestal Nacional (AFN) chamou, há meses, a atenção da Câmara de Lisboa para o facto de todas as intervenções no Jardim Nuno Álvares, em Santos, carecerem da sua aprovação. A autarquia ainda não lhe solicitou qualquer parecer.

De acordo com uma fonte da entidade responsável pela classificação de espécies vegetais de interesse público, o estudo preliminar da reabilitação daquele espaço, divulgado em Outubro, colide com a protecção de que goza o jardim. No seu interior situa-se um maciço de oito tipuanas (árvores de grande porte oriundas da América do Sul) que foi classificado de interesse público em 2005 - o que condiciona todas as intervenções num raio de 50 metros em torno das árvores. Até agora a autarquia ainda não reagiu ao alerta da AFN, não lhe tendo enviado qualquer informação ou pedido de parecer. A execução do projecto foi entregue à Experimenta Design no fim do Verão, através de um protocolo que lhe atribui também a responsabilidade de reunir os financiamentos necessários e executar a obra após a aprovação camarária.

Numa nota enviada ao PÚBLICO, a associação Experimenta informou ontem que logo na apresentação do projecto preliminar "foi anunciado que o mesmo era passível de alterações de acordo com as diversas condicionantes associadas a uma intervenção urbana desta natureza e dimensão". A associação diz porém que "até à presente data não recebeu qualquer comunicação relativa à protecção legal concedida ao conjunto de tipuanas classificadas". O texto adianta que "nunca esteve prevista uma "casa em cima das árvores"", como chegou a ser afirmado, mas sim um quiosque "com uma dupla vertente de restauração e interface cultural erguida ao nível do solo, em que a sua plataforma superior/terraço teria uma sustentação completamente independente da árvore".

Segundo João Gomes da Silva, um arquitecto paisagista co-autor do projecto, esse espaço foi concebido como lugar de observação público, sob a copa das tipuanas, à altura das pernadas. Gomes da Silva referiu que o quiosque é o que há de menos convencional no projecto, que de resto tem um pendor bastante "conservador, cuidadoso e de grande respeito" em relação às "árvores notáveis" existentes. O arquitecto refere que, a pedido da CML, a "dimensão, escala e plataforma de observação" do quiosque estão a ser repensadas, e acrescenta que a CML enviou aos projectistas os pareceres de várias entidades exteriores, mas que nunca teve conhecimento da posição da AFN.

O porta-voz do vereador José Sá Fernandes disse apenas que "ainda não há nenhuma decisão sobre o projecto" e que este "não foi sequer analisado pelos serviços e muito menos pelo vereador".»

...

A CML que tenha muita atenção ao que faz e deixa fazer no que diz repeito ao Jardim de Santos, porque se arrisca a ter uma polémica ainda maior do que a que teve com o Príncipe Real. Chamo daqui a atenção para: uma coisa é um jardim intimista como o que está em apreço, que precisa de arranjo e limpeza, sim, e não de "inovação"; e outra coisa bem diferente é uma feira de vaidades chamada Experimenta Design, que é muito interessante para a cidade, mas que convém não misturar com um jardim património intemporal da cidade de Lisboa. Fica feito o aviso.

4 comentários:

  1. Felizmente que já há tempos saíu de lá uma enfiada de placards, acesos dia e noite, a publicitar o que lá se pretendia fazer.

    Concordo em absoluto que o jardim precisa de arranjo e limpeza e é só.

    Entretanto, o Largo Vitorino Damásio, ali ao pé (e onde todos os dias passo), está transformado em parque de estacionamento, em plena zona pedonal!

    É incompreensível que se tenha autorizado, por completo desleixo e falta de fiscalização, a situação agora lá vigente todos os dias.

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  2. Era clara a intenção de avançar sem qualquer respeito pelas árvores classificadas, como fizeram no Príncipe Real.

    Já se tinha apresentado o projecto na TV.

    Espero que da AFN não saia um parecer igual ao do IGESPAR, ou seja inútil.

    Sá Fernandes tornou-se no novo Santana Lopes, acha que é um génio que não deve nada a ninguém.

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  3. isto são mesmos LÉRIAS...

    o projecto de Santos, nunca avançara nos moldes em que foi apresentado...

    estas noticias e servem só para encher ou quiçá, criar ruido.

    o IGESPAR nunca aprovaria tal coisa devido a distância de protecção ao cinema....

    e mais não digo

    Anónimo, sim senhor...

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  4. Não entendo qual o alarido com este projecto. Ao menos este foi publicado com bastante antecedencia, ao contrario do do Principe Real. Onde estava AFN quando abateram as arvores do principe real ou calcetaram os canteiros? Estavam a dormir?

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