In Público (15/1/2010)
Por Ana Henriques
«Tudo depende da entrada em vigor da nova lei das uniões entre pessoas do mesmo sexo. Padre Vítor Melícias está indignado com uma eventual "utilização da figura" do santo casamenteiro
Santo António, padroeiro gay? Nem tanto, mas a Câmara de Lisboa vai autorizar a inscrição de homossexuais nos seus casamentos de Santo António, uma cerimónia destinada a promover o matrimónio na cidade, e a que acorrem habitualmente casais carenciados que querem beneficiar dos apoios associados à iniciativa.
Não é, porém, certo que isso ocorra já em Junho deste ano, uma vez que ainda não está em vigor a lei aprovada no Parlamento que permite uniões entre pessoas do mesmo sexo, e as inscrições para os casamentos de Santo António terminam a 13 de Março.
Por outro lado, uma vez que a Igreja não celebra uniões entre gays e esta iniciativa se destina sobretudo a matrimónios católicos, aos homossexuais interessados resta concorrerem aos cinco lugares que a autarquia disponibiliza para cerimónias de carácter civil. Para a Câmara de Lisboa, "não é correcto criar um número de vagas específico para os homossexuais", que "devem entrar como os outros casais" na iniciativa "e serem sujeitos exactamente aos mesmos critérios de selecção dos casais heterossexuais", "sem discriminação nem pela negativa, nem pela positiva".
A hierarquia da Igreja ainda não reagiu a esta decisão. Mas, em declarações à edição on-line do jornal A Bola, o padre franciscano Vítor Melícias considerou a notícia "infundada", além de "inadequada e abusiva". E mostrou-se indignado com uma eventual "utilização da figura de Santo António" para este fim, uma vez que a doutrina católica se opõe ao casamento homossexual.
Já para a porta-voz do movimento contra o casamento gay, Isilda Pegado, a Câmara de Lisboa "tem toda a legitimidade" para incluir estas uniões na iniciativa. "É uma das consequências da lei", observa. "Devemos é deixar de lhes chamar casamentos de Santo António", sublinha.
"Santo António já é património mundial", refuta o coordenador nacional do movimento de católicos homossexuais Rumos Novos, José Leote, defendendo que a Igreja não detém a exclusividade do santo casamenteiro. Esta associação veria com bons olhos que, na cerimónia civil, estivesse um padre que, mesmo não celebrando o casamento entre dois homens ou entre duas mulheres, pudesse abençoá-los. Mas sabe que não é fácil isso acontecer, "acima de tudo por os sacerdotes terem receio de represálias" dos seus superiores.
"Os casamentos de Santo António são um evento que passou a ser inclusivo quando deixou de ser exclusivamente religioso", opina, por seu turno, o líder da Ilga Portugal - Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual e Transgénero, Paulo Corte-Real. "Por isso, é natural que todos tenham acesso a ele."
Seja como for, não há perigo de Santo António se tornar num ícone gay: os homossexuais adoptaram há muito, à revelia da Igreja, o mártir São Sebastião, embora não existam quaisquer indícios de ele ter sentido atracção por outros homens. Mas a forma como terá assumido a sua condição de cristão em pleno império romano e toda a iconografia ligada à sua figura granjearam-lhe a admiração dos homossexuais.»
Se esta é uma festa com raizes cristãs não deveriam ser permitidos nem casamentos de pessoas com outras confissões religiosas, nem de pessoas divorciadas nem casamentos apenas civis. Quanto mais casamentos homosexuais!
ResponderEliminarNão sou contra nenhum tipo destas uniões (as acima referidas), sempre defendi que casais homosexuais devem ter os mesmos direitos, só acho que não se enquandram nos casamentos de Santo António!
Que estupidez!
ResponderEliminarTambem não me parece que essa gente se enquadre nos casamentos de Santo António. Secalhar tambem os vão casar na igreja não?
Se já há casamentos civis, qual é o problema?
ResponderEliminarOu só há problemas agora com casamentos civis quando houver a possibilidade de casamento entre pessoas do mesmo sexo? Muda tudo, é?
Não me parece que o Santo António se importe, mas vivo por cima da sua cripta e posso ir perguntar-lhe, se quiserem..
brincadeira nao?
ResponderEliminarMude-se o nome da iniciativa e troque-se o Santo e o padre por um notário e um escrivão.
ResponderEliminarPor um lado, querer manter a comunhão com a igreja e com princípios que ela condena já se sabe que não é possível. Por outro lado, com a entrada em vigor da nova lei, a CML é obrigada a aceitar os casais "homo".
Deixemos de hipocrisias, o Estado socialista, republicano e láico quer expurgar toda a influência da igreja católica, logo, não fica bem associar-se a ela. Acabemos com tudo! Que eu saiba não existem em Lisboa os casamentos de Maomé ou Alá....
Fico por aqui porque este tema é motivo para muita conversa que ultrapassa o âmbito deste blog.
Luís Alexandre
O santo António da Câmara lá saberá a definição de casal; ou de parelha. Ele que os case.
ResponderEliminarCumpts.
Oh Luis, mal você sabia que já ha casamentos muçulmanos também nesse dia!
ResponderEliminarEntão, é desta que emigra? Por favor?
http://hojehaconquilhas.blogs.sapo.pt/1076387.html
Vivemos num país tão laico que há feriados em dias santos para a religião católica.
ResponderEliminarAtenção eu sou muito moderno e sou laico, mas não me tirem o subsidio de Natal!
Ando mesmo farto de politicas pateticas de esquerda à moda do circo!
Imigro porquê? Acha que convivo mal com os imigrantes?
ResponderEliminarFique sabendo que já fui um.
Essa aberração já foi desmentida. Afinal os casamentos de Santo António ainda têm dignidade e coerência.
ResponderEliminarNao sei porque mas tenho a sensacao de que a maioria dos que escreveram aqui nao segue a risca os ideais catolicos.. usam-nos apenas como arma de arremesso. Felizmente dentro de umas decadas este tipo de mentalidade estara extinta.
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