In Público (14/1/2010)
Por Ana Henriques
«Câmara de Lisboa contava obter receitas com o aluguer de espaços entre Algés e Alcântara, mas não sabe se o acordo aceite pelo Turismo lhe permite explorar essas áreas
O presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, admitiu ontem que existe uma cláusula contratual relativa ao exclusivo publicitário da corrida de aviões Red Bull que pode vir a inviabilizar a prova na capital, prevista para Setembro.
O autarca falava no final de uma reunião de câmara em que todos os vereadores da oposição criticaram, com veemência, o contrato "leonino" firmado entre a Associação Turismo de Lisboa (ATL) - de que o município faz parte - e a Red Bull, com vista à realização do espectáculo aéreo. Diz o documento que as Câmaras de Lisboa e de Oeiras terão, juntamente com a ATL, de pagar à Red Bull 3,5 milhões de euros pela corrida, assegurando também todas as suas necessidades logísticas. O acordo é bastante diferente daquele que vigorou nas anteriores edições, que tiveram lugar no Douro. As Câmaras de Gaia e do Porto nunca pagaram mais de 400 mil euros cada uma aos organizadores da prova, cujo risco comercial esteve sempre do lado de uma empresa privada, a Extreme, que intermediava o negócio.
Já as autarquias de Lisboa e de Oeiras, que se preparam para acolher a edição deste ano, vão ficar dependentes do apoio de patrocinadores para conseguirem reunir pelo menos parte significativa dos 3,5 milhões. Só que o contrato assinado pela Associação de Turismo de Lisboa estabelece que o exclusivo publicitário da área onde se realiza a prova, entre Alcântara e Algés, pertence à Red Bull - tal como os direitos de transmissão televisiva. Toda a área ou apenas uma parte? Redigido em inglês [ver caixa], o documento levantou ontem grandes dúvidas quer aos vereadores quer a António Costa, que vai pedir esclarecimentos à ATL.
A Câmara de Lisboa contava obter receitas alugando espaços nesta zona - a restaurantes, por exemplo - ou cedendo-os a patrocinadores. "A clarificação desta cláusula é crucial", observou ontem o presidente da autarquia. "Se a Red Bull tiver o exclusivo de toda a área, isso implicará um custo para a câmara que não podemos considerar". E tal inviabilizaria a realização do evento em Lisboa? António Costa respondeu que sim.
Para o vereador do CDS-PP, António Carlos Monteiro, todo o processo tem sido conduzido de forma "pouco transparente e absolutamente leviana", com consequências gravosas para o erário: "Este contrato estabelece que a carne fica do lado da Red Bull e os ossos do lado da câmara". O seu colega do PCP, Ruben de Carvalho, mostrou-se também preocupado: "O contrato entre o Turismo de Lisboa e a Red Bull é inaceitável". Já o vereador social-democrata Victor Gonçalves exigiu um estudo de viabilidade financeira do evento.
As objecções fizeram com que a votação do assunto na câmara tivesse sido adiada para a semana que vem. Quanto à Red Bull, continua a manter-se em silêncio, invocando a confidencialidade prevista no contrato.»
Olha que pena! Não vai haver circo!
ResponderEliminarProponho uma corrida de Fórmula 1 na Avenida da Liberdade. Não deve ser difícil, a cmL já está treinada nisso.
A confirmar-se esta situação, e contráriamente ao que anteriormente havia escrito neste blog, é lamentável o amadorismo com que o assunto parece ter sido conduzido.
ResponderEliminarCom esta aparente falta de preparação e estudos, até parece que o objectivo era "roubar" a prova ao Porto e Gaia.
Não se pode fazer em lisboa, não se faz. Vivemos bem sem essa prova até agora, não nos mata continuar a faze-lo. Já agora, quem é que pensou em mudá-la do porto para lisboa, a camara ou a associação?
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