In Público (20/1/2010)
Por Carlos Filipe
«Frente Tejo assegura fim de parte das obras a tempo da visita de Bento XVI, mas a Ribeira das Naus nem em Outubro estará disponível
A Praça do Terreiro do Paço, considerada elemento central do projecto de reabilitação da frente ribeirinha da Baixa Pombalina de Lisboa, estará requalificada a tempo da celebração da missa do Papa Bento XVI, em Lisboa, a 11 de Maio. Será a única obra do vasto plano de trabalhos a cargo da sociedade Frente Tejo que não só estará pronta a tempo dessa visita, como até verá a sua conclusão antecipada em relação ao calendário inicialmente previsto.
Segundo uma porta-voz daquela sociedade, "a Frente Tejo assumiu o compromisso de ter os trabalhos concluídos na praça central a tempo da visita do Papa, e de fazer todo o possível para reduzir cada vez mais os constrangimentos ao público para a fruição da mesma". Fica certo, porém, que as arcadas dos edifícios ministeriais que ladeiam a praça só ficarão com as empreitadas concluídas em Outubro, mas a disponibilidade da praça, segundo o desenho do arquitecto Bruno Soares, está marcada para Maio. O chefe da igreja católica é aguardado em Lisboa no dia 11 desse mês, e depois de se encontrar com o Presidente da República, em Belém, celebrará missa naquele espaço, a partir das 18h15. O seu antecessor, João Paulo II, também presidiu à eucaristia na capital, em 1982, mas fê-lo a partir do alto do Parque Eduardo VII.
Atendido o pedido de antecipação de conclusão dos trabalhos principais, é quase certo que a pretensão do autarca lisboeta em ter o espaço disponível na época pascal não será atendida. António Costa desejava oferecer um novo ponto de atracção turística aos visitantes espanhóis que demandam a cidade no fim-de-semana da Páscoa, no início de Abril.
Praça com tapumes
A realização dos trabalhos na Praça do Comércio há muito que suscitam polémica, essencialmente a partir do momento em que o advogado José Miguel Júdice abandonou a presidência da Frente Tejo, por motivos que ainda ninguém explicou publicamente. O advogado já disse que talvez um dia o faça em livro. Júdice foi convidado para o cargo por José Sócrates, mas nunca tomou posse. A partir de então, a calendarização dos trabalhos do projecto elaborado pela Parque Expo foi sofrendo atrasos.
Em Novembro de 2008, o arquitecto Biencard Cruz, que sucedeu a Júdice, admitiu, em entrevista ao PÚBLICO, que "o Terreiro do Paço poderá estar com tapumes no centenário da República". A Praça do Comércio é tida como a pedra-de-toque do programa de comemorações do centenário da República, que terão o seu ponto alto em Outubro próximo.
Após mais de dez anos de trabalhos do Metro que ali esventraram os solos, e da devolução do Cais das Colunas aos lisboetas, realizaram-se as obras de construção de uma caixa interceptora para o subsistema de saneamento de Alcântara. Uma obra cuja conclusão só para o final deste ano deverá ser anunciada, esperando-se que, nessa altura, se livre o Tejo da descarga directa de efluentes domésticos de 100 mil lisboetas.
Seguiram-se meses de discussão em torno do estudo prévio do arquitecto Bruno Soares, que ainda hoje não gerou total consenso. Os padrões, as cores, o nivelamento da praça geraram desconfiança de diferentes sectores lisboetas, mais interessados no legado histórico. E o estudo acabou por ser reformulado.
Actualmente, o cenário continua a ser terceiro-mundista, com a saída das águas pestilentas aos olhos de todos quantos por ali passam junto ao ao Cais das Colunas, e que servem de repasto para gaivotas e pombos.
A zona envolvente também deixa muito a desejar: a poente, os entulhos e os materiais excedentes de obras amontoam-se a céu aberto e junto às agências europeias, na Ribeira das Naus, um imenso estaleiro serve os trabalhos da placa dentral do Terreiro do Paço, mantendo-se o caos no Cais do Sodré, com guias plásticas de auxílio à circulação um pouco por todo o lado. Às horas de ponta, os congestionamentos são intensos, especialmente na Rua do Arsenal. A nascente, obras de outra empreitada, para colocação de fundações do terminal fluvial de sul/sueste, levantou novas paliçadas metálicas.
Diz a Frente Tejo que só o imponderável como a chuva, com semelhantes índices de precipitação que marcaram os meses de Dezembro e o início deste ano, poderá atrasar a conclusão dos trabalhos na Praça do Comércio e condicionar a celebração eucarística de Maio. Alguns dos pisos laterais já estão concluídos, mas toda a placa central está removida.
É também por isso que a obra próxima, para o futuro parque urbano da Ribeira das Naus, junto aos edifícios do Ministério da Defesa que albergam instalações da Marinha, que complementará o novo Terreiro do Paço, está ainda completamente a zero. A Frente Tejo especifica que aquele local não estará concluído em Outubro, e, sem precisar a data, admite que grande parte dos trabalhos do plano da Frente Ribeirinha deverão estar prontos durante o corrente ano.»
«A Frente Tejo especifica que aquele local não estará concluído em Outubro, e, sem precisar a data, admite que grande parte dos trabalhos do plano da Frente Ribeirinha deverão estar prontos durante o corrente ano.»
ResponderEliminaré isto que não entendo... não há datas indicadoras, não se especificam os trabalhos em causa... vai-se ao site da Frente Tejo e informação concreta não há...
Ribeira das Naus não estará pronta em Outubro.. Mas estará em Janeiro? em Abril? Em 2012 ? Visto condicionar a vida dos Lisboetas, devia ser-se mais específico.
já nem falo dos renders dos projectos, que ainda não encontrei uma resolução decente...
Os degraus que já estão feitos junto ao torreão poente são exorbitantes e continuam por explicar (se são fruto de teimosia ou de cotas mal dadas à Simtejo); imagine-se o que seriam com o dobro da altura se não fossem estes tontos de velhos do Restelo a chamar a atenção na altura própria a quem de direito: uma bancada central com vista para o Tejo!
ResponderEliminarPara ver com os meus próprios olhos, resolvi hoje fazer a pé o percurso Terreiro do Paço - Cais do Sodré pela Ribeira das Naus.
ResponderEliminarÉ uma vergonha. Andavam por ali uns pobres turistas atarantados, tanto ou mais que eu.
Como já foi assinalado neste blog, há «namoradeiras» praticamente enterradas.
É indicado um percurso para os peões, do lado da "Marinha", que ao chegar ao Corpo Santo obriga a andar por um carreiro estreito, em cima de ervas e lixo.
Quem chegar desse lado ao Cais-do-Sodré e pretenda continuar para o Mercado da Ribeira, tem de dar a volta à Praça Duque da Terceira, pois não há passadeiras para peões que permitam seguir «a direito».
Aliás, há na referida praça passadeiras que mal se vêem e o piso está deplorável.
prazo antecipado? só podem estar a gozar com certeza. Foi anunciado que 9 meses. Pelas minhas contas vão em um ano, e só se vê um estaleiro com esgotos a céu aberto. Confiram as notícias da época.
ResponderEliminarhttp://dn.sapo.pt/inicio/interior.aspx?content_id=1132937