17/02/2010

ÁRVORES DESPROTEGIDAS






A fotografia no início deste artigo ilustra a operação de poda radical executada sobre Plátanos nos jardins, frente à Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, no Campo Grande.

Desconhecemos a vantagem de tal operação em árvores muito jovens, saudáveis e longe de qualquer habitação.

Julgamos ser a poda uma actividade ancestral cuja origem está relacionada com as árvores de fruto e que foi mais tarde aplicada nas árvores ornamentais.

Devemos considerar que a poda não deve ser uma operação normal nas árvores de ornamento ou florestais. A poda só é uma operação normal em fruticultura.

A poda em árvores de sombra ou de alinhamento, destina-se apenas a fazer face a situações de emergência.

A forma natural das árvores é perfeita e portanto não é necessário corrigi-la no sentido estético nem fisiológico.

A poda deve ser feita unicamente como forma de limpeza, retirando apenas os ramos mortos, ou a título excepcional quando, por alguma razão, não se pretende que os ramos se expandam lateralmente, no caso de proximidade de casas, por exemplo.

As árvores devem desenvolver-se de forma natural e os resultados das podas são na maioria dos casos, negativos: as feridas criadas tornam-se zonas mais propícias ao desenvolvimento de doenças e ao crescimento de ramos adventícios. Também esteticamente os resultados não são os melhores.

As podas radicais deverão, portanto, ser abandonadas.

A fotografia inferior, mostra os Plátanos da parada do antigo Ministério da Marinha, hoje Edifício da Administrção Central de Marinha, na Av. Ribeira das Naus. Estas árvores sofreram podas radicais durante anos sucessivos apresentando copas deformadas.

Também se ficou a dever ao resultado de podas a justificação para o abate de Choupos por parte da Divisão de Jardins da CML / DMAU / DAEV – Estado geral do arvoredo em caldeira do Lado Sul da Praça do Príncipe Real:

S2 – Populus canadensis – tem visíveis fracturas nas extremidades das pernadas com zonas basais com rebentação excessiva; apresenta feridas de poda mal cicatrizadas; a zona apical dos ramos e pernadas podem apresentar fragilidade biomecânica.

S3 – Populus canadensis – copa muito mal conformada com início de uma condominância no colo; a correcção desta condominância com poda na extremidade da pernada está a causar problemasde excesso de rebentação basal e eventual desequilíbrio mecânico.

S11 – Populus canadensis – já sofreu poda algo drástica na extremidade das pernadas, provavelmente devido a excesso de peso ou rotura de ramos; como consequência tem forte rebentação basal que pode provocar futuro dieback.



Pinto Soares

4 comentários:

  1. Caro Pinto Soares:

    Sem querer replicar como especilista, que pelo seu post tão bem estruturado é com certeza, parece-me que este padece de um mal comum neste blog, fundamentalismo!

    Quando afirma "considerar que a poda não deve ser uma operação normal nas árvores de ornamento" ... está a subtraír-lhes o próprio adjectivo. O carácter ornamental pode, e é-o desde tempos imemoriais practicado pelo homem como forma de afirmação sobre a natureza. E as árvores em contexto urbano, não são árvores, na natureza, não surgiram espontaneamente e, na maior parte dos casos, são são de espécies autoctones.

    Veja, por exemplo os Plátanos da Place des Vosges, em Paris, uma das mais antigas praças planeadas do urbanismo ocidental e onde as árvores, podadas milimétricamente, participam do desenho, fundindo-se com este.

    Julgo criticável, não a poda em sí, mas as podas feitas sem critério aparente, e por técnicos não especilizados.

    cumps.
    f.

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  2. O problema é que é bastante raro ver uma árvore bem formada, que tenha tido uma poda pensada ao longo dos anos. Em Lisboa ou em qualquer local do pais: quando é pela altura do inverno é ver os 'jardineiros' a cortas os ramos principais, alguns com mais de meio metro de diametro--

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  3. bom e completo post, parabéns

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  4. Acha o Sr J. que cortar uma árvore pelo tronco, como o fazem nos plátanos, é saudável e estético?
    É verdade que há podas efectuadas deste modo em platanos, com efeitos ornamentais, mas no caso apresentado apenas parece uma acto de selvajaria pura com uma mota serra. A única vantagem que se vê é a ausência de folhagem, mas neste caso essa vantagem não parece ser a prioridade.

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