A novas luminárias do Jardim do Príncipe Real estão mascaradas.
Julguei que fosse consequência de acto lúdico - os alarves também se divertem - premonitório de animado baile de máscaras no Jardim em Quadra Carnavalesca.
E fui ficando expectante, quanto à chegada cadenciada dos vampiros, dos trogloditas, dos frankensteins, dos múmias e de outros Sátisfeitos monstrinhos do nosso quotidiano.
Mas não. De máscaras, mais nada! Agora, só resta o Baile da Pinhata e esse não leva máscaras.
Então, voltei junto daqueles mascarados estáticos, intrigado. E vi. Vejo porque estão mascarados.
Estão mascarados por vergonha!
Do que a máscara deixa vislumbrar, vejo que estas luminárias não passam de puras caricaturas das suas homólogas originais. São ridículas pseudo-reconstituições pretensamente sugestivas (só com muita imaginação) das que ali repousaram durante um século, primeiro, acariciadas duas vezes ao dia pelo "caga-lume" que lhes abria e acendia o gás, apagando-o e cortando-o horas mais tarde, depois, electrificadas, orgulhosas com o mágico efeito de se acenderem e apagarem por artes surpreendentes.
Da pobreza e pelintrice raquítica dos fustes, que se depreende pelas partes visíveis, até à nudez barata e inculta dos seus socos, que se decifram por baixo dos trapos, tudo parece, de facto uma partida de Carnaval.
Diria que talvez se safem as armaduras (lanternas). Estas, embora de sustentação frágil, ainda conseguem sugestionar positivamente.
Mas, e a altura?
A altura destes candeeiros, ali plantados em traje de Inverno, não parece a mais recomendável para este jardim. Terão cerca de meio metro a mais. Sendo bastante mais altos do que os originais, as lanternas serão envoltas pela ramagem a curto prazo e a sua eficácia será prejudicada. Parece que, também nesta vertenta, os "antigos" não pensavam sobre os joelhos... Quanto a isto, ainda admito vir a ouvir justificar que os reflectores a aplicar dirigem a luz para baixo e que o rendimento será maior se as armaduras estiverem mais elevadas, etc, etc,...
Até breve, Amigos do Príncipe Real,
José Chamusco. Arquitecto.
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