Caros Amigos ( as)
A primeira imagem disponivel ilustra uma das últimas intervenções na Rua da Misericórdia ... Portanto neste compasso de espera, antes de entrar em vigor o famoso "Plano de Pormenor", já temos mais de que um exemplo na área de intervenção da Baixa-Chiado, de que se vai seguir, em muitos casos, o "caminho" das intervenções-tipo das Avenidas com o conhecido aumento de cérceas da praxe, destruição total de interiores ( veja-se o que se passa na Rua Garret e na Rua Ivens no que respeita o "fachadismo" e a destruição de interiores) e tudo isto em "recuperações" depuradoras e interpretativas, que só ilustram uma ausência de referências e valores de RESTAURO e de verdadeira Defesa do Património. Elas ilustram também de como o IGESPAR é templo de incompetência e está completamente prisioneiro de nomeações determinadas pela PARTIDOCRACIA ... em lugar delas serem determinadas pela MERITOCRACIA.
De qualquer maneira, este troço da Rua da Misericórdia, não está sob a alçada de um Plano de Pormenor ou de Salvaguarda, mas é excêntricamente, considerado como "Área Histórica Habitacional" e está sob a jurisdição do Artigo 32 do P.D.M. que permite o aumento de cérceas (!?), ou por outras palavras está num estatuto, que permite dar resposta à solicitações dos proprietários, ou seja, "à vontade do freguês" ...
Ora, como o Plano de Pormenor é propositadamente "vago" no que respeita às "demolições", teme-se o pior no futuro ...
Onde está a Classificação a Património Mundial ? ... único instrumento que poderia garantir o tratamento da Baixa-Chiado como Unidade Urbanística Indivisivel e da mais Alta Importância para a História do Urbanismo Mundial, num conjunto de regras rigorosas de Salvaguarda de Todas as suas Características ...
De qualquer maneira, esta "moda", já tinha sido introduzida quando da intervenção-"recuperação" feita por Gonçalo Byrne num quarteirão, por encomenda da Companhia de Seguros "Império", intervenção que, por sinal, se revelou um desastre comercial e "social", de vivência e utilização, criando uma "cidade fantasma" num quarteirão inteiro ( imagens seguintes)...
Termino com a pergunta inevitável ... o que é que a actual equipe da C.M.L., a equipe de Manuel Salgado fez até agora, na área da Reabilitação Urbana ?
Saudações Lisboetas e Preocupadas de António Sérgio Rosa de Carvalho
"não está sobre a alçada", é SOB a alçada, ou seja: debaixo da alçada. Compreenderam?
ResponderEliminarEsses edificios ficaram muito bem. não vejo qual o mal. a maioria prefere viver num prédio bonito e moderno por dentro. O interior dos predios antigos não é nada aplasivel, com esadas muito ingremes e muitas divisões minusculas, além de não promover a eficiencia energética
ResponderEliminarSe fosse no tempo de executivos anteriores, um tal de Zé teria embargado esses horrores.
ResponderEliminarHoje em dia, é o que se sabe...
gosto.
ResponderEliminarCaro António Carvalho:
ResponderEliminarAcho atrevida e desajustada a comparação entre os dois exemplos que apresenta, se num temos um aumento de cércea insensível e acrítico, no outro temos a morfologia típica e característica de o fazer, inventada pelo Arqº Jules Hardouin Mansart, já lá vão uns bons anitos!
f.
A morfologia "típica e característica" (!?) neste caso parece não seguir os princípios do respeito pela "forma e materiais" ? Por isso, parece-me que os exemplos aqui deixados....são válidos.
ResponderEliminarGosto dos novos edificios, e pronto!
ResponderEliminarPrefiro que se refaça todo o interior, se dote os edificios com as modernidades (aquecimento, estrutura em betão, garagem, etc..) a ter um edificio devoluto.
Mas gosto muito!
Tambem gosto, acho que ficaram muito giros. Se tivesse dinheiro não me importava de ter aí um apartamento, mas é mais um caso de Lisboa só para ricos como acontece com todos os predios novos infelizmente.
ResponderEliminarCaro Julio Amorim:
ResponderEliminarNão entendo a sua afirmação.
Se afirma que a intervenção na Rua da Misericórdia, não segue o princípio do respeito pela "forma e materiais" estou em completo acordo, daí que lhe tenha chamado "um aumento de cércea insensível e acrítico"!
Mas se pretendende afirmar que a intervenção do Arqº Gonçalo Byrne padece do mesmo mal, aí só posso discordar - esta materializa uma Mansarda dita "à francesa" em chapa de zinco camarinha, com uma inclinação bastante próxima da vertical, solução corrente nas intervenções deste genéro na Lisboa do séc XIX.
Julgo então que estes são dois exemplos bastante antagónicos entre sí para serem rotulados de igual maneira.
Cumps.
f.
Pode ter razão...mas a execução do telhado e respectivas janelas(molduras) em chapa, não me parece muito correcta (pode deixar um exemplo que comprove o contrário?)
ResponderEliminarSerá uma interpretação das soluções do séc. XIX?...(sempre discutível numa zona histórica).
Mas concordo consigo...em termos de qualidade existe um abismo entre os dois exemplos.
Parece-me que nao devemos colocar os 2 exemplos no mesmo saco. Se o primeiro esta de facto horrivel, o segundo exemplo ja me parece aceitavel. Claro que o ideal seria que fosse em telha colocada na vertical, seguindo a abordagem tradicional.
ResponderEliminarAbordagem tradicional? Mas neste blog o tradicional não interessa para nada, o modelo sueco é que é bom. Se na Suecia se faz assim, assim é que é bom e não ha mais discussões.
ResponderEliminarCaro anónimo das 5:58 PM:
ResponderEliminarQuando refere a "Telha colocada na vertical", espero que se referia a telha a um ângulo proximo dos 70º, pois essa é a solução Pombalina de telhado de dupla inclinação com mansarda e águas-furtadas, aliás modelo importado do seu país de origem, a Hungria, pelo Engº Carlos Mardel.
Telha colocada na vertical, como infelizmente se vai vendo, é uma aberração que contraria as leis mais elementares... as da Física.
O zinco, para responder ao Julio Amorim, é por seu turno a solução do séc XIX, de importação francesa, onde veio substituir a ardósia, na sequência dos avanços tecnológicos e industriais.
Em Lisboa temos mais exemplos de chapa de ferro ondulada e zincada (habitualmente também pintada) mais barata e usada nos prédios de rendimento; menos de zinco, por ser substancialmente mais cara, esta era usada nos edificios mais nobres e melhor localizados, ironicamente os que sobrevivem em menor número (este é um dos mais bizarros paradigmas de Lisboa, e sobre o qual importa refletir).
A intervenção do Arqº Gonçalo Byrne, propõe umas trapeiras de desenho depurado, de facto impossível no séc XIX, onde o decorativismo imperava, mas não são elas de facto umas trapeiras do final do séc XX...?
f.
Não vou responder pelo autor do texto mas....a critica não será em parte resultado do "desenho depurado"?
ResponderEliminarQuando disse na vertical, nao me referia necessariamente a telha colocada a um angulo de 90 graus.Quem olha da rua fica com a ideia que as telhas nas mansardas estao mais ou menos na vertical pelo que acho que nao me expressei mal.De resto ja vi que o anonimo sabe exactamente qual o angulo correcto para colocar as telhas, pelo que de certeza que percebe mais de obras do que eu.
ResponderEliminarEmbora não desgoste complectamente do edifício, acho que faz uma fraca tentativa de se inserir numa zona histórica. Sou da opinião que a construção de raiz nessas zonas deve ser o menos intrusiva possível e, quando acontece deve respeitar NA TOTALIDADE o traçado dos edifícios circundantes. Isto permitiria um aumento das cérceas (desde que não exagerado) mantendo o contexto global da zona.
ResponderEliminarQuanto à destruição dos interiores acho que, o que faz falta é a distinção de interiores com valores arquitectónicos e de decoração e os outros. Sou a favor da demolição de interiores como os dos edifícios do bairro alto, por exemplo, espaços mínimos e sem qualidade. Mas há edifícios, nomeadamente palacetes, cujos interiores têm efectivamente valor arquitectónico. Esses sim devem ser preservados e recuperados.