16/04/2010

Lisboa escapa por pouco ao fim da tabela nos transportes

In Público (16/4/2010)
Por Luís Filipe Sebastião


«Deficiente informação, transbordos desmotivantes, múltiplos tarifários e falta de infra-estruturas são algumas das conclusões do EuroTest

As forças e as fraquezas de Lisboa
A questão grega

Munique pode continuar a orgulhar-se das suas cervejarias, pois quem abusar desta bebida tem ao seu dispor o melhor sistema de transportes públicos europeu. A conclusão é de um recente estudo do EuroTest, organismo da Federação Internacional do Automóvel (FIA), que distinguiu a cidade alemã entre 23 grandes centros urbanos. Lisboa ficou em 18.º lugar, à frente de Madrid e Londres.

"Nada mau, mas pode melhorar", foi o veredicto do estudo realizado pelo EuroTest ao transporte público em diversas cidades europeias. Este organismo, de que faz parte o Automóvel Clube de Portugal (ACP), testou entre Outubro e Dezembro de 2009 os tempos de viagem, as ligações, a informação e os bilhetes e tarifas dos comboios, metropolitano, autocarros e eléctricos. A cidade de Munique alcançou o primeiro lugar, com uma apreciação de "muito bom", seguida de outras 11 com a classificação de "bom", nove ficaram-se pelo "aceitável" - entre as quais Lisboa -, uma teve o carimbo de "mau" e, em último, Zagreb com um "muito mau".

"Ficava admirada se Lisboa tivesse ficado muito bem cotada", comentou, com base na sua experiência pessoal, Patrícia Pereira, do ACP, explicando que o EuroTest trabalhou directamente os operadores (CP, Metropolitano de Lisboa e Carris) para recolher elementos para o estudo. Para Fernando Nunes da Silva, vereador da Mobilidade na Câmara de Lisboa, estudos destes "são sempre úteis, mas importa perceber os critérios em que se basearam". O autarca reconhece que é preciso maior intervenção municipal para melhorar a mobilidade urbana, mas salienta o investimento dos operadores para atrair mais utentes.

Lisboa é apontada como uma das cidades que não possuem um site comum com os diferentes operadores - o Transporlis (transporlis.sapo.pt), por exemplo, é desconhecido até dos portugueses. Ainda assim, a capital lisboeta ficou à frente de Madrid (19) e de Londres (20), cujo site informativo, com indicações em 16 idiomas, deve servir de modelo.

Munique, por sua vez, convenceu o EuroTest pelas ligações rápidas e informação detalhada nas estações e veículos, apesar das tarifas menos favoráveis. Já a capital croata peca pelas deficientes ligações na cidade, apenas servida a partir do aeroporto por autocarros, e as viagens de eléctrico à velocidade média de 13 quilómetros por hora.

"Transportes eficientes com boas interligações são essenciais para persuadir as pessoas a deixarem os carros em casa", salientou Wil Botman, director do gabinete europeu da FIA.»

9 comentários:

  1. lá esta

    o que os mentores deste blog tanto preconizem é que uma pessoa viva sem carro, para ficar à mercê do fim da tabela

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  2. "A conclusão é de um recente estudo do EuroTest, organismo da Federação Internacional do Automóvel (FIA)"

    "Este organismo, de que faz parte o Automóvel Clube de Portugal (ACP)"

    tem a credibilidade que lhe quiserem dar.. a mim pouca...

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  3. Os transportes em Lisboa e em Roma são melhores que em Londres? Creio que está tudo dito

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  4. a minha teoria de conspiração :) diria que o intuito do estudo é mostrar que cidades em que a mobilidade já está sustentada em transportes públicos estão no topo para lhe dar alguma credibilidade.. as que estão a tentar o paradigma estão cá para baixo, desmotivando as pessoas a experimentar e fazê-las continuar a dar preferência ao transporte privado, o que é bom para as FIAs e ACPs por aí fora...

    Em Lisboa e apenas posso falar sobre Metro e Carris, com alguma confiança posso afirmar que o principal problema dos transportes públicos é o excesso de carros e completo desrespeito pelas faixas bus, provocando atrasos, engarrafamentos, ajuntamento de pessoas nas paragens e alguma insatisfação. Retirando estas situação que advêm do que acima descrevi, acho que os clientes até estão satisfeitos com o serviço.
    Concretamente em relação à Carris, acho que o serviço melhorou substancialmente nos últimos anos(carreiras, informação, profissionalismo dos motoristas, conforto, etc..)

    Posso no entanto apontar o já conhecido problema da não uniformização da bilhética entre os vários operadores. ter 3 "viva viagens" para usar em linhas de comboio diferente e rede Metro/Carris, é muito...
    Talvez este seja o maior problema dos transportes públicos em Lisboa.
    Será que a renascida autoridade metropolitana conseguirá impôr-se às operadoras..

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  5. Claro que Lisboa tem ainda bastante por conseguir até ter um sistema de transportes públicos perfeito. Há, no entanto, que reconhecer dois pontos: por um lado, que o serviço, a assiduidade e os percursos (especificamente os da Carris) têm vindo a melhorar exponencialmente nos últimos anos; por outro, que o maior problema da frequência e da [falta de] rapidez dos autocarros da cidade se prende, frequentemente, com questões cuja responsabilidade cai fora das mãos das operadoras. E, mesmo assim, menos mal para quem more na AML - porque o sistema de tarifários no centro de Porto é mais caótico do que quaisquer 7 cidades com todas as coroas que existam.
    Na verdade, quando saio no Cais do Sodré para ir à Baixa às sete da tarde e, a pé, chego mais depressa do que o autocarro de que saí, não creio que isso se deva a uma rede de TP deficiente; parece-me mais uma questão de combinação infeliz entre distribuição de faixas de trânsito, obras intermináveis e incapacidade física dos arruamentos em escoar o trânsito.
    Ando de transportes públicos na cidade e na periferia, todos os dias. E faço-o porque não estou disposta a ter de passar horas da minha vida à procura de lugar para o carro, a ter de pagar parquímetro (e a um qualquer junkie que me venha ajudar a arrumar o carro quando acabei de o desligar), a ter de andar às voltas por entre sinais de trânsito e de sentidos proibidos.
    O centro da cidade está a ficar agreste para os condutores - o que só não é bom porque o que os TP têm a melhorar ainda não justifica os entraves à circulação privada.

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  6. Esse estudo conciderou o que nas cidades? A cidade ou a AML? Em Lisboa facilmente se anda a pé nas 'Zonas de ouro' (de belém ao castelo/saldanha) mas mais do que isso começa a escassear transporte eficiente. Ainda assim considero que a carris (em comparação com a RL) tem um serviço quase de luxo, tanto em horários como em equipamento.

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  7. E a RL tem um serviço de luxo em comparação com o grupo Vimeca e TST.
    Na RL raramente não se fazem viagens no horario, na TST e na Vimeca acontece todosa os dias, chega a haver carreiras sem um unico carro lá a circular, e sempre sem aviso aos passageiros.

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  8. Então concordamos Xico: por mais que o lisboeta se queixe do serviço da Carris, o pessoal da AML tem um serviço bastante pior e poucas alternativas para além do carro.

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  9. Dentro das empresas de transportes publicos sustentaveis, a Rodoviária de Lisboa é a melhor. Não dá para melhorar mais mantendo a sustentabilidade. Convem não esquecermos que por cada passageiros com passe social a empresa só recebe 1,50€ e tem a obrigação de o transportar todos os dias a todas as horas do mês.
    A Autoridade metropolitana de transportes já obriga a manutenção de alguns horários que de sustentaveis não têm nada.
    Em quatro viagens entre Caneças e Dona Maria a média de passageiros transportados é de 6. Dá uma média de 1,5 passageiros por viagem. Porque se mantém estas circulações?

    Eu melhorava uma coisa ou outra na RL, como por exemplo manter um serviço de madrugada entre o Oriente e Alverca, mas para fazê-lo cortava muitas circulações que não transportam quase ninguem.

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