23/05/2010

Falta vida ao largo do Parque das Nações

Moradores, trabalhadores e visitantes do Parque das Nações, em Lisboa, puderam dar ontem um passeio em embarcações típicas do Tejo. Doze anos depois da Expo'98, a população lamenta que o rio não seja mais aproveitado quer para recreio quer para trabalho.

O bote de fragata Baía do Seixal, uma embarcação de cores garridas e flores pintadas no casco, sulca pachorrentamente as águas da frente ribeirinha do Parque das Nações, em Lisboa. A dúzia de passageiros que transporta está tão encantada com a nova perspectiva desta zona da cidade que até esquece o sol inclemente que lhe fustiga o corpo.

São sobretudo moradores ou trabalhadores da zona onde se realizou a Expo'98, mas também alguns habitantes de outras paragens, que aproveitaram o Festival do Parque das Nações, promovido pela associação local de moradores e comerciantes, para dar um passeio à borla numa embarcação do Ecomuseu Municipal do Seixal. Só lamentam que a iniciativa não seja mais frequente.

"É pena que o rio não seja aproveitado, todos os dias, pelos jovens", considera António Felgueiras, 68 anos, residente no Parque das Nações. "A escola não está virada para a água, mas nós, como país de navegadores que somos, devíamos virar-nos mais para o Tejo e tentar promover o encontro entre as duas margens."

Para António Felgueiras - que, mais habituado com a vista da sua casa num dos prédios mais famosos do Parque das Nações, estava maravilhado com a perspectiva a partir do Baía do Seixal - o barco poderia servir até de meio de transporte alternativo entre a zona a norte da antiga Expo e o Terreiro do Paço.

Carlos Tomás, 57 anos, residente na zona de Alcântara, também acha que o Tejo podia ter "mais vida", que podia passar pela organização de passeios como se fazem no rio Douro. Mas acredita que com a marina do Parque das Nações recuperada desde Agosto do ano passado, após uma intervenção de 14 milhões de euros, passam a existir outras condições para usufruir do rio.

O imbróglio da marina, que esteve fechada durante oito anos, até 2009, devido a deficiências técnicas na infra-estrutura e a dificuldades de gestão, foi um dos marcos mais negativos dos 12 anos de pós-Expo'98.

Na sequência da exposição, Lisboa ganhou um espaço empresarial, residencial e de lazer com qualidade acima da média, mas que não está isento de alguns problemas. Nessa perspectiva, Carlos Tomás é o lisboeta médio: vai até ao Parque das Nações com alguma frequência, seja para visitar a Feira Internacional de Lisboa (FIL), passear nos jardins ou beber um copo num dos bares. Mas considera que a construção de edifícios já é mais do que suficiente - uma das críticas mais comuns ao Parque das Nações, onde ainda deverão ser construídos mais 1400 fogos -, ao contrário do estacionamento.

A dificuldade para encontrar um lugar para deixar o carro tem sido, de resto, fonte de crítica ao longo dos 12 anos. Durante anos, era quase impossível encontrar um "buraco" para o automóvel. Desde que os parquímetros entraram em funcionamento, os funcionários das muitas empresas ali sediadas queixam-se do dinheiro gasto no estacionamento.

In JN

6 comentários:

  1. Hoje em dia, não só o piso do passeio junto ao rio está a necessitar, em muitos locais de manutenção (há muitos «altos» perigosos), como se depara a cada passo (refiro-me ao fim-de-semana, que é quando lá costumo ir) com ciclistas circulando com velocidade manifestamente excessiva, passando tangentes às pessoas que andam calmamente a passear, sem se importarem com as muitas crianças, e também desrespeitando com todo o à-vontade a proibição de circular na ponte de madeira em frente ao Oceanário.

    Acho que faz falta ver por lá, por exemplo, em segways, agentes da polícia ou da segurança do recinto.

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  2. Usem o metro.
    Toda a gente na Europa já largou a os automóveis há que tempos e sabe que tem todas as vantagens possíveis e imagináveis em viver no centro num sítio com bons transportes para... tudo quanto interessa, porque toda a gente na Europa sabe que um bom sítio para montar um bar ou um restaurante ou mesmo um escritório é ao pé de uma estação de metro.

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  3. não é verdade que não há estacionamento. o parque do Parque do Tejo, junto aos pilares da ponte, estava quase vazio recentemente num Domingo. se querem aproveitar o rio podem estacionar lá e ir a pé ao longo do rio até ao destino preferido...

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  4. A zona do PDN é bem servida de estacionamento próximo dos 'limites' da zona (se é que existem limites). O que ali faz falta, e tenho-o dito por várias vezes, é um meio de transporte interno, que cubra eficientemente a zona de uma ponta à outra (de salientar que apostar aqui nos eléctricos seria fazer uma escolha inteligente). O que faz falta também é recuperar todo o pavimento junto ao Tejo que, em 12 anos aluiu e onde, em alguns locais apresenta desníveis com 30cm de altura ou mesmo mais. O que faz falta é deixar de ver o Parque das Nações como uma zona anexa a Lisboa e criar maneira de a integrar na cidade. Porque não criar percursos de ferryboats entre o pdn e o terreiro do paço e com a margem sul? O que faz falta é limpar e dragar a foz do Tejo. Em maré baixa, o lodo prolonga-se por mais de 5 metros para dentro do rio e não numa zona localizada. Este fenómeno acontece desde o rio Trancão (inclusive) até à Matinha. O que faz falta é parar de emparedar os jardins como o que estão a fazer com o Jardim da Água e restituir espaços de lazer (como deixaram demolir a Praça Sony?).
    Em 12 anos, do que era suposto tornar-se o Parque das Nações, pouco se fez: o Pavilhão da Realidade Virtual foi demolido ilegalmente para construção do casino, o Pavilhão de Portugal continua desocupado, o Pavilhão do Conhecimento está, aos poucos e poucos a sucumbir a realidade portuguesa (estão a abrir uma janela, sem qualquer nexo com as linhas do edifício), o hotel em frente da Torre Vasco da Gama? Sem comentários… Os exemplos são mais que muitos. Até quando vamos deixar que façam o que quiserem com o Nosso espaço?

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  5. Um dia destes passei pelo Jardim Garcia de Orta e aquilo é um desmazelo vergonhoso.

    Plantas secas, caminhos em mau estado, folhas no chão, por todo o lado, que ali parecem estar há séculos...

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  6. HOMOSAPIENS3:25 da tarde

    Anónimo das 7:55PM,

    E também não esquecer o cheiro a mijo quando o sol bate.

    Falta limpeza naquele lugar.

    Cumpts.

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