In Público (4/6/2010)
«Empresa diz que tem contrato válido e que aguarda decisão de Cavaco Silva. Movimento cívico diz que revogação "era o mínimo" que se podia fazer
O presidente da Liscont, concessionária do terminal portuário de Alcântara, em Lisboa, afirmou anteontem que a empresa irá "fazer valer os seus direitos" caso a prorrogação da concessão seja anulada.
"Temos um contrato válido e assinado, que estava a ser cumprido por ambas as partes e foi anulado sem razão aparente nenhuma", disse Eduardo Pimentel à agência Lusa. O gestor reagia assim à revogação da prorrogação do contrato de concessão, aprovada horas antes na Assembleia da República, com os votos favoráveis de PSD, BE, PCP e PEV, contra do PS e a abstenção do CDS-PP.
Eduardo Pimentel acrescentou que a Liscont, controlada pelo grupo Mota-Engil, aguarda a apreciação do Presidente da República sobre a promulgação do diploma e a "reacção" da Administração do Porto de Lisboa, a entidade concedente do terminal, que já comunicou à Lusa que não irá reagir. "Se a decisão da APL for de anular o contrato, vamos fazer valer os nossos direitos", frisou Eduardo Pimentel.
O diploma de revogação da prorrogação do contrato foi aprovado em votação final global, após ter obtido luz verde na Comissão Parlamentar de Obras Públicas. Em meados de Abril, o Ministério Público interpôs uma acção junto do Tribunal Administrativo de Lisboa, requerendo a anulação e a nulidade do aditamento ao contrato de concessão celebrado em Outubro de 2008. A revogação da decisão governamental que prorrogou o contrato foi entretanto saudada por Miguel Sousa Tavares, um dos membros movimento "Lisboa é das Pessoas. Mais contentores? Não!". Na opinião do jornalista e escritor, a revogação "era o mínimo que um Estado de direito, com vergonha e pudor, podia fazer". Sousa Tavares disse aguardar que a Liscont e o Porto de Lisboa "acatem a decisão", porque "nem isso está garantido".
"Uma coisa é aprovar uma resolução, outra coisa é vê-la executada na prática. Como o Porto de Lisboa funciona como um quartel fechado, pode-se lá passar tudo e a gente não dá por nada", sustentou, acrescentando: "A luta não acabou, agora vai continuar nos tribunais". O escritor lamentou o voto contra do PS e disse-se "muito surpreendido" com a abstenção do CDS-PP, depois de este partido ter defendido publicamente que a prorrogação da concessão "era uma vergonha".»
Caso a Liscont venha a ser indemnizada, esperemos que o povo português faça valer os seus direitos, accionando os responsáveis por tão espúrio contrato.
ResponderEliminarEstranho e triste país o nosso. Estranho porque as partes de um contrato considerado anulado e nulo, invocam direitos, triste, porque provavelmente vão lhes ser reconhecidos.
ResponderEliminarLuís Alexandre
Hummm....anda muito "boa gente" a viver à grande destas indemnizações..um pouco por todo o lado (Túnel de Marques, etc.).
ResponderEliminarUma só questão:
Os incompetentes que dão origem a estas "ofertas", vão para a rua em que ano ????
Normalmente os "incompetentes" que dão origem a estas "ofertas", são severamente castigados:) São mandados de castigo para uma entidade qualquer, como vogais ou assessores, a ganhar alguns milhões por ano.
ResponderEliminarPortugal é um país de corruptos onde a impunidade fez jurisprudência.
Luís Alexandre