In Jornal de Notícias (9/8/2010)
Telma Roque
«O cenário é desolador, tanto para quem passa na rua como para quem habita as torres das Amoreiras, em Lisboa. Há anos que as janelas oferecem vistas para um campo de golfe que nunca chegou a abrir. O espaço está abandonado e sem projecto de reconversão.
"Se a relva estivesse tratada, o aspecto era logo outro. Tolerava-se... Agora assim, tudo seco, degradado e com lixo, bem no centro da cidade e junto ao Shopping das Amoreiras?", critica Júlio Fonseca, que trabalha na zona e, por isso, convive há anos com um campo de golfe que, na verdade, nunca o foi. Suscitou tanta polémica que nunca chegou a funcionar.
“É uma triste ruína que aqui está, como tantas outras que existem na cidade. Gastou-se dinheiro à toa. O campo nunca serviu para nada. Ao menos, façam qualquer coisa para mudar este aspecto degradado”, pede Alice Santos, que costuma frequentar o Centro Comercial das Amoreiras.
O campo de golfe, situado em terrenos da EPAL (Empresa Pública de Águas Livres), por cima de um dos seus reservatórios de água, começou a ser construído em 1998 e deveria ter sido inaugurado nesse mesmo ano.
A construção de gigantescas torres e a instalação de uma rede de protecção em redor do recinto, com 35 metros de altura "sem licença de construção e em desacordo com o projecto aprovado" acabou por ditar a sua "morte". Uma comissão de moradores entretanto constituída exigiu o embargo da obra para travar a empreitada. Os moradores do condomínio de uma das torres das Amoreiras, por sua vez, criaram um movimento de contestação contra o que chamavam de "capoeira".
As torres e as redes acabaram por ser retiradas, mas tudo o resto ficou. Até hoje. Mais de 10 anos depois, a EPAL não tem ainda um projecto de reconversão para o local e, em tribunal, estão por julgar vários processos relacionados com os contratos celebrados para a construção e gestão do campo.
“A EPAL não deixará de avaliar a utilização que se revele mais adequada para aquele espaço, bem como as soluções urbanísticas para a área envolvente que venham a resultar do Plano de Pormenor das Amoreiras que a Câmara de Lisboa tem em curso”, avança apenas a empresa.
A autarquia chegou a manifestar interesse em criar ali um espaço de utilização pública no âmbito do Plano de Pormenor das Amoreiras, mas a EPAL rejeitou a ideia, por considerar que não seria compatível, dada a antiguidade do reservatório, que poderia não suportar o peso dos terrenos.
O treino e ensino de golfe foram objecto de um contrato assinado entre a EPAL, o Clube de Golfe das Amoreiras, o Supergolf Amoreiras e a Gravinor construções S.A.O contrato previa a construção em duas fases: uma a cargo do Clube de Golfe e a outra ao Supergolf, num valor que ascendia, na moeda antiga, a mais de 260 mil contos, para a construção de balneários/vestiários, área de restauração, postos para bater bolas, postos de treino do “putting-green”.
Ficou acordado que as duas empreitadas iriam decorrer em simultâneo e que o campo estaria pronto no prazo de um ano. A EPAL, proprietária dos terrenos, constituiu o Clube de Golfe das Amoreiras que ficaria como arrendatário e que, por sua vez, cederia a exploração do estabelecimento à Supergolf Amoreiras, por um período de 15 anos. Acontece que o recinto nunca chegou a abrir as portas, apesar de a empreitada ter sido concluída e de todo o investimento feito. A EPAL e a Supergolf continuam em litígio nos tribunais.»
Portugal no seu melhor.
ResponderEliminarNinguém, ao fim destes anos todos, foi responsabilizado por nada.
E aquele espectáculo em plena área de luxo da capital do país.
O 25 de Abril não serviu para acabar com o luxo?
ResponderEliminarPara o anónimo das 2.44. Qual é o mal do luxo ?. Infelizmente o 25 de Abril não acabou com aquilo que já devia ter acabado,a pobreza. E não é por desaparecer o luxo ( que todos dizem mal mas que todos, se puderem, o aproveitam, que acaba a pobreza.
ResponderEliminarAs Amoreiras é o quê? Subúrbio?
ResponderEliminarNão. O 25 de Abril serviu para acabar com a falta de Liberdade.Serviu para que pudessemos denunciar, protestar,ajudar a resolver os problemas.Antes do 25 de abril cometiam-se grandes atrocidades,completamente impunes, hoje também se cometem algumas,muitas delas também impunes, mas falamos delas, podemos falar delas.
ResponderEliminarOu seja, tudo na mesma.
ResponderEliminarO 25 de abril é a desgraça de Portugal. Hoje tudo está numa bandalheira graça a esta anarquia em que vivemos.
ResponderEliminarEstá na altura de repôr a ditadura que desenvolveu e deu ordem publica a Portugal.
Atendendo aos terrenos estarem sobre um reservatório a utilização para o golfe até era bastante meritória.
ResponderEliminarO problema foi a questão da rede que se calhar com novos materiais mais finos até poderia ser resolvida a bem.
Se aquilo não for para o golfe vai para o quê? Para Jardim aparentemente não serve.