In Jornal de Notícias (31/7/2010)
Telma Roque
«O projecto prévio dos futuros terraços do Carmo, na zona do Chiado, em Lisboa, deverá estar pronto após o Verão, integrando já um sistema de drenagem de águas que evite as infiltrações que afectaram vários lojistas da Rua do Carmo no período das chuvas.
Não é um projecto fácil, mas Siza Vieira já projectou a recuperação do Chiado após o grande incêndio de 1988, e o que tem agora pela frente é apenas um pequeno quarteirão, justamente o pedaço que faltava para apagar de vez com as marcas da devastação.
Siza Vieira confessou ao JN que recebeu esta semana por parte da Câmara a informação de que a ligação entre o Largo e a Rua do Carmo está em condições de avançar para concurso.
O projecto, há muito que está pronto e aprovado. Teve apenas que sofrer “acertos” para integrar vestígios arqueológicos que surgiram em resultado de escavações. A segunda etapa da empreitada, que contempla a construção dos terraços do Carmo, ou jardim suspenso, está ainda a ser projectada, mas o primeiro esboço deverá ser apresentado à Câmara logo após o Verão.
Carlos Castanheira, que faz parte da equipa de arquitectos que está a trabalhar no projecto, sublinha que nada será feito sem ter em conta a dinâmica do escoamento das águas. Porém, reconhece que é um trabalho penoso. “Não há registos. Estamos a falar de coisas muito antigas e temos que procurar saber como é que as águas pluviais funcionam”, explica, acrescentando que os arquitectos estão a trabalhar numa zona de escarpa que integra uma muralha que tem 11 metros de profundidade e que foi “furada” ao longo dos anos no subsolo.
Na área onde vão nascer os terraços do Carmo, a Câmara efectuou apenas demolições e fez sondagens arqueológicas. Após as infiltrações que causaram danos em seis lojas da Rua do Carmo durante o Inverno, o espaço foi impermeabilizado e procedeu-se a uma drenagem provisória. “Tal como está não haverá problemas para os lojistas”, garantiu Nunes da Silva, vereador do pelouro das Obras.
As marcas das infiltrações e dos prejuízos causados nas lojas – duas delas propriedade da Câmara e outras quatro da Direcção-geral do Tesouro – continuam bem visíveis, mesmo a partir da rua. Na Joalharia do Carmo, por exemplo, a montra ostenta dois grandes buracos causados pelas águas. Nunes da Silva assegura que a autarquia assumirá os prejuízos nas lojas de que é proprietária, mas quando avançar a construção dos terraços do Carmo.»
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E já agora, convinha que se fizesse do espaço libertado uma coisa com gosto, bom gosto, ao ar livre, e que desse resposta a um desígnio muito antigo do Museu do Carmo: uma cafetaria e um espaço onde pudessem organizar palestras. A ver vamos.
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