Notas à att. Metropolitano de Lisboa

Exmos. Senhores


No seguimento do mais recente estudo ECSI que coloca o Metropolitano de Lisboa, merecidamente, como a melhor empresa de transportes públicos de Lisboa, e sendo uma das causas e preocupações maiores deste movimento, o pugnar por uma melhor mobilidade e uma maior e mais cómoda utilização dos transportes públicos, vimos por este meio endereçar a V.Exas. um conjunto de sugestões e críticas que apresentamos seguidamente, e que pensamos poderão contribuir para que o ML melhore ainda mais o seu nível se serviço, corrigindo algumas práticas que consideramos prejudicais aos passageiros:


1. Poluição sonora

a) Nas gares das estações -O sistema vídeo e sonoro de publicidade instalado nalgumas estações, ainda que disfarçado de sistema informativo, causa bastante incómodo a muitos passageiros e funcionários do ML, como deverá ser do conhecimento de V. Exas. Trata-se, a nosso ver, de um grave atentado ao direito ao silêncio. Reconhecemos que, sendo uma concessão a uma empresa privada, este sistema trará forçosamente dividendos ao ML, contudo, nada justifica a existência de som agressivo, o que agravado com a entrada dos comboios nas estações resulta em acentuada poluição sonora.

É perfeitamente despropositada a passagem de música com sons graves a acompanhar pseudo-informações culturais ou outras, quando manifestamente o objectivo é emitir publicidade. A este propósito não se pode deixar de referir a existência de informações retardadas, de interesse público nulo e com frequentes erros ortográficos. Esta crítica não se relaciona com a tentativa de “humanizar” as estações com música ambiente, solução que, ainda que discutível (não será o silêncio a melhor forma de “humanizar” as estações?), devia ser implementada com cautela, usando sons adequados e em tempo próprio.

b) Nos comboios – Não é invulgar que o sistema sonoro dos comboios esteja mal calibrado, emitindo num volume excessivo, e por vezes com dados desfasados.


2. Permissão de mendicidade – Sendo este um problema social a resolver noutro plano, reconheçamos que a permissão de mendicidade, salvo se houver alguma autorização em particular para determinada associação, é um problema de facto no ML, sobretudo dentro das composições; por contraponto, aliás, à experiência noutros metropolitanos onde apenas se verifica nos túneis de acesso às estações. Cremos que com o sistema de vigilância por vídeo são perfeitamente identificáveis, em tempo real, as várias pessoas que de modo organizado, sistemático e intensivo se dedicam à mendicidade nas carruagens, o que deveria levar a reacções atempadas por parte do ML.

3. Inexistência de um sistema de emissão "na hora" dos passes Lisboa Viva - Neste momento obriga-se o passageiro a vários e demorados passos, pelo que o ML deveria implementar este tipo de emissão, sendo que até que esse sistema esteja criado, é necessário um claro reforço do atendimento nos meses de Setembro/ Outubro, a fim de evitar as habituais enormes filas de pessoas esperando por entregar um mero formulário de adesão.

4. Falta de informação relativamente ao tempo previsto para a chegada do comboio seguinte - Apesar desta informação estar contemplada nos painéis electrónicos e ser bastante útil, ainda não se encontra disponibilizada aos utentes. Tecnicamente, não será difícil de implementar, pelo que a sua inexistência se nos afigura como um mistério.

5. Canais de acesso - Os canais especiais destinados a pessoas com mobilidade reduzida, que se acompanhem de carrinhos de bebé, de crianças pela mão ou de grandes volumes passaram a estar disponíveis somente para a saída da estação, sendo necessário solicitar a acção de um segurança para entrar por estes canais. Este facto implica uma perda de auto-suficiência bem como de tempo para pessoas com mobilidade reduzida sem que daí advenha, aparentemente, uma vantagem em termos de gestão de fluxos de passagem que o justifique. Por outro lado, algumas estações apresentam um deficit de canais de acesso que gera longas filas aquando da saída dos passageiros. Se em algumas estações esta situação é muito difícil ou impossível de corrigir, noutras pode ser facilmente rectificada com a colocação de mais canais ao lado dos existentes. São disto exemplo a estação da Cidade Universitária especialmente no lado norte ou o átrio norte de Entre Campos.

6. Noutro plano, queremos manifestar a nossa perplexidade por aquilo que nos parece ser um acréscimo significativo de avarias:

a) Nas várias linhas, com enfoque para a Azul e a Verde, que prejudicam de modo frequente a circulação das pessoas.
b) Nas escadas mecânicas e nos elevadores, sendo incompreensível a demora na sua resolução, com tempos de reparação demasiados longos, não sendo raro que uma avaria/interrupção demore vários dias/semanas até ser solucionada (expoente máximo os quase 5 meses no arranjo das escadas rolantes da estação Baixa-Chiado), com óbvios incómodos para idosos e pessoas de mobilidade reduzida, na maioria das vezes justificadas pelo ML de forma ambígua e imprecisa.


O Fórum Cidadania Lx fica à disposição da Administração do ML para discutir formas de colaboração para a melhoria do serviço a prestar às pessoas.

Na expectativa, subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos


Nuno Caiado, Paulo Ferrero, Jorge Pinto, João Mineiro, Virgílio Marques, Pedro Gomes, Mónica Albuquerque, João Oliveira Leonardo, Beatriz Empis, Bernardo Ferreira de Carvalho e Luís Serpa