23/11/2010

Prédio evacuado no centro de Lisboa está a "mexer"


In Jornal de Notícias (23/11/2010)
Telma Roque e Catarina Cruz


«A protecção Civil já fez uma vistoria ao prédio, de seis andares, que ameaça ruir no centro de Lisboa e concluiu que o imóvel "está a mexer", o que impedirá para já o regresso das duas famílias que deixaram as habitações, por precaução.

Após uma avaliação técnica por parte dos serviços camarários, a chefe da Divisão de Planeamento e Operações, Emília Castela, adiantou que as duas famílias que habitam no edifício, junto à antiga feira popular, já retiraram alguns bens de primeira necessidade e estão proibidas de voltar ao local. Também o restaurante do piso térreo ficará encerrado.

"Verificou-se que o prédio estava a mexer. Só face a uma estabilização é que poderão voltar. O prédio deu indícios de que havia movimentos, por barulhos e por fendas", informou a responsável.

Sublinhando que não é possível prever de forma fiável se existe um risco iminente de derrocada, Emília Castela explicou que por vezes os prédios estabilizam sem receber obras.

Por enquanto, os serviços municipais vão monitorizar a situação, em articulação com a empresa responsável pela obra do prédio contíguo.

"Se se verificar que houve estabilização, os moradores poderão voltar, mas não é uma questão de dias, de uma semana ou de um mês. Não sei se poderão voltar, mas pelo menos num curto espaço de tempo não voltarão de certeza", referiu.

O prédio que aparenta risco de derrocada, na rua 5 de Outubro, em Lisboa, já estava referenciado. Na semana passada, foi visitado, duas vezes, pelos Sapadores de Lisboa.

Hoje, já depois das famílias terem deixado o edifício, evacuado devido ao "agravamento do mau estado de conservação" do imóvel, a Protecção Civil chegou ao local para uma vistoria, marcada para as 16 horas.

Segundo o JN apurou no local, as famílias saíram do edifício por precaução, aconselhadas, pela Protecção Civil, a deixar as habitações, por razões de segurança. Só mais tarde voltaram para retirar alguns bens de primeira necessidade.

No local, era possível ver as más condições do edifício: ocasionalmente, cai um azulejo da fachada ou um pedaço de vidro das janelas.

Entre os moradores, dividem-se as culpas do mau estado do edifício. Uns viram-se para o senhorio, a empresa "Alves Ribeiro", acusando-o de "não fazer obras de conservação". Outros voltam-se para o vizinho do lado e atribuem responsabilidades à empresa de construção que está a fazer uma escavação no terreno contíguo, local em que ruiu um prédio há alguns meses.

Segundo o director municipal de Protecção Civil, Vítor Vieira, a evacuação foi justificada pelo aparecimento de algumas fendas do prédio, que tem várias fracções devolutas.

Pela primeira análise que já foi feita, "a situação parece não ser tão grave" quanto se pensou inicialmente.

Vítor Vieira adiantou que o proprietário já esteve no local, perto da antiga feira popular.

Por prevenção, também o trânsito está condicionado no perímetro envolvente.»

...

Está na cara que a demolição do vizinho do lado provocou enorme instabilidade a este prédio, aliás processo igual ao que decorre na Rua de São Bento.

9 comentários:

  1. Está-se mesmo a ver que o problema deste prédio está relacionado com o do lado.
    Além disso, até hoje ninguém fez uma monitorização a sério e integrada, do subsolo de Lisboa, não sabendo nada sobre a estabilidade dos terrenos e o que podemos construir em cima.
    Há alguns, na zona do Martim Moniz, quando se construiu o parque subterrâneo, um quarteirão inteiro de prédios na zona do Desterro abriu fendas. Os bombeiros/protecção cívil até suspeitaram que fosse da instabilidade do terreno e recomendaram análises ao msmo, mas a CML apressou-se a notificar os proprietários para a realização de obras coercivas e ignorou a recomendação da Protecção Cívil.

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  2. "Emília Castela explicou que por vezes os prédios estabilizam sem receber obras".

    E o Pai-Natal está aqui está aí.

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  3. Mais uma vez do mesmo!
    O prédio que ao lado foi demolido, restando a fachada, era um prédio que já havia sido referenciado aqui. Tinha um telhado em abóboda, solução típica de muitos edifícios e palácios franceses mas que em Portugal poucos exemplares restavam. E ainda assim foi permitida a demolição dos seus interiores.
    Continua, a passos largos, a destruição das nossas avenidas e ruas do período romântico ao Estado Novo. Uma vergonha para uma cidade europeia como Lisboa! A Avenida 5 de Outubro é uma das mais castigadas com a incultura de uma sociedade que permite a destruição irremediável de património. Lisboa merece melhor que portugueses e lisboetas.

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  4. A camara só gasta dinheiro com obras que tenham visibilidade. Verificar terrenos sai caro e não deixa marcas logo não se faz.

    Se fizessem obras extremamente necessárias mas sem visibilidade perdiam as proximas eleições, o povo dizia todo: "tiveram lá 4 anos e não fizeram nada! Tu vês alguma coisa que eles tenham feito?".

    Quando são estes os eleitores, há que governar de acordo com os criterios que rendem votos, que é pintar os bairros sociais onde está grande parte do eleitorado de Lisboa. Quem quer ganhar a câmara tem que ter o apoio maioritário dos bairros sociais.
    O problema do Santana Lopes é que achou que Chelas e a Alta de Lisboa chegavam, mas lixou-se porque a área de influencia tem que abranger bairros sociais em toda a Lisboa.

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  5. Quando a imagem foi captada ainda não estava muito visível o problema.
    A esta hora (20h-23/11), as varandas do lado do edifício em obras já estão partidas ao meio e com um degrau de desnível...

    Abrem buracos para a eternidade depois é o que dá...

    fandif

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  6. Conforme judiciosamente previu a grande perita Emília Castela, o prédio já estabilizou sem receber obras: ruíu hoje, 24 de Novembro.

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  7. É o triste e anunciado fim de muitos prédios em Lisboa.
    Concordo inteiramente que os políticos que temos adequam-se aos cidadãos que somos!!!
    Os últimos presidentes da CML fazem-nos sentir saudades do PSL.

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. Eu só sinto saudades mesmo do João Soares. Quando nasci estava lá o Abecassis, que segundo dizem foi bastante mau (na altura não ligava a politica, obviamente), o Sampaio tambem tinha medo de tomar decisões.
    Acho o Santana bastante mau. Demoliu predios de habitação social novinhos em folha no Bº Bela Flor, porque tapavam a vista do Aqueduto a quem circula na A5!!! Demoliu predios de habitação social na Rua das Açucenas porque violavam o PDM, mas ninguem proibiu de os construir, e já estavam prontos na altura da demolição!
    Criticou predios de habitação social novinhos em folha construidos no mandato do João Soares na Quinta do Lavrado porque as pessoas (dando como exemplo um agregado familiar) pagavam 10 euros de renda numa barraca da Curraleira, e nos predios iam pagar 90€! Deu como legitimo comentario um morador da curraleira que tinha um quintal à volta da barraca a queixar-se que na "porcaria" do 2º andar que a CML lhe atribuiu não ia ter quintal! A jornalista da Sic que o entrevistou até argumentou que ele no apartamento ia ter uma sala maior que na barraca, mas o morador disse que não queria uma sala para nada, queria um quintal para apanhar sol.

    Mas mais tarde quando o Santana Lopes teve que proceder a realojamentos de 103 agregados familiares ciganos do Vale do Forno, uma cigana não quis aceitar um 6º andar na Ameixoeira alegando ter vertigens, o Santana só lhe disse: ou aceita esta casa ou assina o papel em que dispensa ser realojada, a sua barraca é demolida e o processo encerrado.

    É um oportunista esse homem. Quando foi primeiro ministro, a primeira medida que tomou foi ir buscar a RP do Lux para secretaria dele! LOL

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