In Público (18/11/2010)
Por Ana Henriques
«Instituição quer entidades públicas e privadas a financiar projectos de 30 a 40 milhões de euros previstos no plano de pormenor do Parque Mayer
Vereador inquieto
O reitor da Universidade de Lisboa, António Nóvoa, diz que a instituição que dirige não tem dinheiro para levar a cabo as transformações do Jardim Botânico e museus adjacentes previstas no plano de pormenor do Parque Mayer. O plano de pormenor não é pacífico e já deu origem a uma petição criticando as opções escolhidas.
"A universidade não tem, nem de perto nem de longe, os 30 a 40 milhões necessários", admite o reitor. "Não é um investimento que possa ser feito por nós." A alternativa, explica António Nóvoa, passa por criar uma entidade com outros parceiros, públicos e privados, para financiar a operação, que inclui a construção de alguns edifícios novos no Jardim Botânico e a recuperação de outros antigos. São as novas construções criticadas pelos signatários da petição - nos quais se inclui o arquitecto Ribeiro Telles -, por entenderem que elas podem pôr em causa o equilíbrio do espaço verde.
Questionado sobre a natureza dessa entidade, o reitor diz que poderá assumir a forma de "um consórcio com alguma autonomia" em relação à universidade, adiantando que à instituição académica caberá sempre a tutela dos aspectos pedagógicos e museológicos do projecto. Numa época de austeridade, será que a universidade conseguirá angariar financiadores? "Haverá um faseamento deste projecto. Ficaremos muito felizes se daqui a dez anos conseguirmos concretizar grande parte", diz António Nóvoa, que também não põe de lado o recurso a fundos comunitários.
O reitor, que falava numa sessão de esclarecimento sobre o plano de pormenor que teve lugar anteontem ao fim do dia, considerou inaceitável o estado de "enorme degradação" a que chegou o Jardim Botânico, mas sublinhou que, para impedir um agravamento da situação, a universidade gasta por ano três milhões de euros com o jardim. "Apesar de todos os nossos contactos nos últimos anos, não houve nenhum governo que desse dinheiro para manter ou requalificar este património. E não é fácil convencer os órgãos de governo da universidade a canalizar para aqui recursos." Há uns meses, revelou, "o Jardim Botânico esteve à beira do encerramento, por questões de segurança". Nóvoa mostrou abertura à alteração de alguns aspectos do plano de pormenor para aquela zona: "Se calhar há coisas que podem ser melhoradas."»
Três milhões de euros por ano? Sendo verdade, são os três milhões de euros mais invisíveis que alguma vez me foi dado tentar ver.
ResponderEliminarO título do artigo devia ser «Universidade de Lisboa sem ideias para o Jardim Botânico»!
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