In Sol Online (30/12/2010)
"Manuel Maria Carrilho, que em Janeiro deixa o posto de embaixador de Portugal junto da UNESCO, acusou o Governo de «total desinteresse» pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.
«Há um lado decepcionante que tem a ver com a falta de empenho e o total desinteresse do Governo português pela UNESCO», afirmou Manuel Maria Carrilho em Paris à Agência Lusa, numa entrevista de balanço da sua passagem pela organização.
«Tirando o caso da eleição do famoso incendiário (o homem que queria queimar as bibliotecas onde houvesse obras da cultura judaica) para a direcção-geral da UNESCO, nunca senti o mais pequeno empenho do Governo pelo trabalho na UNESCO», acusou o ex-ministro da Cultura.
Manuel Maria Carrilho aludia à polémica com o Ministério dos Negócios Estrangeiros em torno do voto português para a eleição do novo director-geral da UNESCO, em Setembro de 2009. Lisboa pretendia votar no polémico candidato do Egipto, Farouk Hosni, ministro da Cultura egípcio, indicação recusada pelo embaixador português.
«Foi uma diferença insuperável entre mim e o Governo português. O ministro (dos Negócios Estrangeiros) Luís Amado nunca me falou de qualquer outro assunto, tendo nós tantos», resumiu Carrilho.
Ao fazer o balanço de dois anos na UNESCO, o ex-ministro da Cultura assinala como «mais negativo» o fracasso do processo para a transferência para Lisboa do secretariado executivo da Conferência Intergovernamental dos Oceanos (COI).
«Tivemos uma oportunidade única de levar a COI para Lisboa. Só não a levámos por absoluto desinteresse do Governo português», acusou Manuel Maria Carrilho na entrevista à Lusa.
«Era preciso tratar de duas ou três coisas com o Governo francês na cimeira (franco-portuguesa) de Maio (de 2010), mas o primeiro-ministro José Sócrates desinteressou-se, o ministro Luís Amado não se interessou grandemente e perdeu-se uma oportunidade histórica», argumenta o embaixador junto da UNESCO.
«Tínhamos uma verba garantida do ministério das Finanças, tínhamos a casa para residência do secretário executivo da COI, instalações num dos edifícios emblemáticos de Lisboa, mas tudo foi por água abaixo», acrescentou Manuel Maria Carrilho, para quem a transferência da COI seria «um passo importantíssimo para a afirmação de Lisboa e de Portugal no domínio do mar».
O empenho da Câmara Municipal de Lisboa e do seu presidente, António Costa, no processo da COI contrasta com as «falhas sistemáticas» na candidatura do fado a património imaterial da UNESCO, disse.
«A CML atrasou-se em todos os prazos e a candidatura foi aceite duas semanas fora de prazo apenas devido à abertura da directora do Património da UNESCO, Cécile Duvelle, e depois de os próprios formulários serem refeitos à última hora aqui em Paris», afirmou Manuel Maria Carrilho.
Apesar disso, «o fado correu bem. Há um grande entusiasmo em torno da candidatura e a classificação como património da UNESCO é uma questão apenas formal, de calendário», que deverá concretizar-se em Setembro de 2011, adiantou.
Manuel Maria Carrilho considerou como o «mais forte» da sua passagem pela UNESCO «a afirmação de Portugal em várias convenções de que estávamos ausentes» e «a defesa dos valores da cultura e dos direitos humanos, que são a base da organização».
O MNE nomeou como novo embaixador junto da UNESCO o diplomata e poeta Luís Filipe de Castro Mendes.
Lusa / SOL"
O puzzle da verdade acaba por vir a cima...interessante o desempenho da CML.
ResponderEliminarUma vergonha.
ResponderEliminarRedBull Air Race é que foi fixe!!! -.-'
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