In Público (21/1/2011)
Por Ana Henriques
«Medida inédita para Lisboa já vigora em diversas cidades da Europa. Emergências e residentes são excepções
Tapar buracos é um segredo bem guardado
Os veículos mais poluentes vão ser proibidos de entrar na Baixa a partir do Verão, anunciou ontem Fernando Nunes da Silva, vereador da Mobilidade da Câmara de Lisboa e especialista em transportes. As únicas excepções à regra são os carros dos residentes e os veículos de emergência.
O objectivo é que a zona mais castigada pela poluição, a Avenida da Liberdade, passe a cumprir as normas europeias de poluição atmosférica. Assim, as viaturas que não tenham motores pelo menos da categoria Euro I no que respeita à emissão de partículas só poderão circular na Baixa ao fim-de-semana. Estes carros não têm catalisador, peça que faz o tratamento das emissões poluentes. O seu fabrico data de há cerca de duas décadas. "Nem sequer sabia que ainda havia carros destes a circularem", reage o presidente do Automóvel Clube de Portugal, Carlos Barbosa, que apoia a medida. "Serão sobretudo táxis e carrinhas de distribuição muito velhinhas a serem afectadas".
Segundo o vereador Nunes da Silva, metade da poluição que existe no eixo Avenida da Liberdade-Baixa é produzida por este tipo de veículos. Daí a necessidade de criação de uma zona de baixa emissão de poluentes, à semelhança do que já existe noutras cidades europeias. "Eu e o presidente da câmara tropeçámos numa notícia que dizia que todas as cidades alemãs iam introduzir este conceito", contou Nunes da Silva.
Autocarro velho não entra
O controlo das entradas na Baixa deverá ser feito através de operações stop, embora mais tarde possa ser criado um sistema de "selos verdes" para os carros. Se a inspecção de veículos funcionasse em condições, o problema das emissões de partículas poluentes em excesso nem sequer se punha, referiu ainda o vereador. A Carris também não vai poder continuar a ter as viaturas mais antigas na Baixa, admitiu, acrescentando que a frota da empresa tem muitas viaturas cumpridoras das novas exigências. [..]»
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Uma boa notícia, algo lírica, é certo, porque não estou a ver como vai ser feito o controlo, mas uma boa notícia. Convinha que a Carris deixasse de fazer o que faz na Baixa, também. Vamos ver se há coragem é para fechar as laterais da Avenida da Liberdade, "pedonalizar" mais ruas no miolo da Baixa e apertar o "garrote" à circulação automóvel de atravessamento da Baixa.
Selo verde? Mais uma taxa?
ResponderEliminarOs táxis serão os mais afectados: cerca de 85% da frota de táxis de Lisboa são Mercedes 190D, com mas de 20 anos. Quanto a saber as emissões dos veículos, a idade (e correspondente norma EURO é um bom indicador. Em alternativa, podem sempre ser feitas medições em estrada, com opacímetro portátil. Os nossos parceiros ingleses da VOSA produziram uma tabela de equivalências, entre as normas EURO e a opacidade dos veículos:
ResponderEliminar"There are different levels for the metered smoke opacity test, depending on the type of engine. For RPCs, the levels are as follows:
diesel engines with particulate traps: 0.2m-1
Euro 1 diesel engines without particulate traps: 0.8m-1
Euro 2 diesel engines without particulate traps: 0.4m-1
Euro 4 or 5 diesel engines with or without particulate traps: 0.4m-1
Euro 0 diesel engines that have been replaced with an Euro 2 diesel engine: 1.0m-1"
Caro Nuno Santos Silva, o selo verde é uma opção (utilizada nas cidades Alemãs) mas não é a única. Pode ver mais informação acerca de Zonas de Emissões Reduzidas (formatos, abrangência, cidades etc) aqui:
ResponderEliminarhttp://www.lowemissionzones.eu/
"Se a inspecção de veículos funcionasse em condições, o problema das emissões de partículas poluentes em excesso nem sequer se punha, referiu ainda o vereador."
ResponderEliminarSe não temos aqui uma república das bananas, temos o quê?
Esse homem que disse que as inspeções funcionam mal acabou de mostrar que não percebe nada do assunto! Existe uma tabela de emissões poluentes para cada modelo e obviamente que é variável de acordo com as caracteristicas do modelo. Nunca se vai obrigar um carro com 30 anos a ter emissões poluentes actuais do mesmo modo que não é obrigado a ter cintos de segurança caso o carro não os tivesse de origem nem 3º stop.
ResponderEliminarTodos os autocarros da Carris cumprem a norma Euro1, logo todos estão aptos a passar na Baixa.
Quanto aos 85% de taxis Mercedes 190D, lembro que já não estamos em 2004. A percentagem já é mais baixa, a maioria já são Mercedes C200.
Mais uma vez a câmara a mostrar que nada percebe do assunto! Raramente se vê um carro em Lisboa que não tenha catalisador excepto taxis.
Esse Nunes da Silva percebe tanto de transportes como eu percebo de coser à maquina.
caro Xico205: tenho dados de 2008, a proporção entre táxis Mercedes 190D e Mercedes C220 ainda anda ela por ela (infelizmente). E sim, quem vai ser mais afcetado são mesmo os "fogareiros", mas se a própria ANTRAL se queixa de que ha táxis a mais em Lisboa, e que por isso a actividade não é rentável, que melhor maneira de ajustar a oferta (e melhorar a qualidade e conforto do serviço) do que esta? A Carris não terá qualquer problema em cumprir esta medida, como diz. Tirando alguns articulados que ainda são EURO I, toda a frota é EURO II ou EURO III.
ResponderEliminarDe qualquer das formas tendo em conta alguns comentários que tenho lido nos media (que é uma medida discriminatória, coitados dos pobres que vão poder deixar de entrar com os carros antigos na Baixa...) dá a impressão que Portugal até nem tem a segunda frota automóvel mais moderna da Europa. Que pobres somos...
Pedro Gomes concordo consigo em tudo.
ResponderEliminarEu dados concretos não tenho, só o que observo a olho e tenho a impressão que já vejo mais C,s do que 190,s; no entanto os primeiros C,s de 1993, 94 e 95 pelo menos, não têm catalisador. Penso que só em 1996 saiu a tecnologia CDI já com catalisador. E muitos dos carros que recentemente se tornaram taxis (a maioria importados) são de tecnologia diesel simples, identicos aos 190,s.
Se assim fôr os taxistas vão estrabuchar imenso, fizeram investimentos à pouco tempo e os carros de repente deixam de servir para a actividade! Se já quando foram obrigados a pintá-los de beje foi o que foi! E mais grave ainda, é que um veiculo que já foi taxi não tem quase valor comercial porque tem um porradão de quilometros e ninguem os quer. Podem sempre comprar um CDI mais recente que esteticamente é identico e guardam o velho para peças.
Mas de qualquer das maneiras eu não estou a ver como é que vão fazer a seleção dos que podem entrar na Baixa ou não! Não estou a ver enfiarem um medidor de CO2 no escape de cada carro!
Outra coisa engraçada é que os MAN 18.310 da Carris que (supostamente) cumprem a norma Euro3, e são de 2004 e 2005, desde há um ano que mandam uma fumarada preta que eu duvido que ainda estejam a cumprir a norma Euro3! Tendo em conta que estes autocarros estão afectos à estação de recolha de Miraflores que é a "dona" da maioria das carreiras da Baixa, não sei como vão fazer! Isso vai lixar a logistica toda à Carris. Terão que os mandar por exemplo para a Estação da Pontinha, que é a estação que menos carreiras tem na Baixa, e têm um trabalhão a mandar todo o material de oficina destes carros e as peças em stock para a Pontinha! E estes autocarros são tambem os mais potentes daí terem sid atribuidos ás carreiras de Miraflores que são as que têm percursos mais inclinados e que exigem os 12 mil cm3 de motor e 310 cavalos. Se puserem os MAN 18.280 a fazer as 714, 732, 759, 760 coitadinhos deles quando tiverem a subir o Restelo, a Ajuda e a Madre Deus bem carregados! Num estantinho devem partir os motores!
Essa medida de limitar os carros por emissões de poluentes é estupida porque não trás efeitos práticos. Qualquer um observa que a maioria dos carros de Lisboa e particularmente do centro de Lisboa são recentes, excepção feita aos veiculos dos residentes dos bairros populares que é onde reside a pobreza.
A ANTRAL queixa-se que há taxis a mais em Lisboa, mas por vezes observamos que há dificuldade em apanhar taxis!
ResponderEliminarO problema é que há picos de procura, mas quem investe num taxi não pode viver só dos picos de procura! Para rentabilizar um taxi o ideal é ser o proprietário a conduzi-lo e trabalhar umas 14 a 16 horas por dia. Alguns chegam a trabalhar 20, dormem nos taxis enquanto estão parados na praça.
Fora das horas de ponta, os taxis passam tempos enormes sem clientes. É um trabalho pouco produtivo, aliado aos cursos carissimos que a lei obriga a quem quer ter a atividade de motorista.
É estupida a lei que obriga carros mais poluentes a estarem proibidos apenas de passar na Baixa. Não me parece que a Baixa seja mais poluida que outras zonas de Lisboa. De certeza que a Segunda Circular, a Cç de Carriche, a Rua Joaquim António de Aguiar, A Av. Antonio Augusto Aguiar, Sete Rios, Av da Republica, Av Alm Reis e outras têm niveis de poluição identicos à Baixa com a agravante que são zonas com muito mais residentes que a Baixa. Mais uma medida estupida sensionalista com o patrocinio da CML só para prejudicar quem trabalha!