04/03/2011

Obras de requalificação no IPO de Lisboa estão a ser feitas à custa do próprio instituto

In Público (4/3/2011)
Por Patrícia de Oliveira

«Tutela aprovou orçamento de 45 milhões de euros para intervir nas infra-estruturas e adquirir equipamento, mas a verba ainda não foi aplicada. "Dignidade" dos utentes está comprometida

Ministério da Saúde autorizou compra

A promessa do Ministério da Saúde era de 45 milhões de euros para melhorar as instalações do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa, localizadas junto à Praça de Espanha. A decisão foi tomada pela tutela em meados de Julho de 2010, mas as obras realizadas até agora foram financiadas apenas pelo IPO de Lisboa.

Aquele montante foi aprovado pelo ministério de Ana Jorge, quando este anunciou que o IPO de Lisboa iria continuar no local actual, pondo assim fim a avanços e recuos do Governo sobre uma eventual mudança do instituto para Oeiras ou para o Parque da Bela Vista. O investimento seria feito através de obras (30 milhões de euros) e da aquisição de equipamentos pesados (15 milhões) para os diversos serviços do instituto. Foi ainda estabelecido que o IPO de Lisboa iria suportar parte do investimento e que o plano de intervenção arrancaria durante os últimos meses de 2010. O plano começou, mas tem vindo a ser executado "com recurso ao capital estatutário" do próprio IPO, esclarece o ministério de Ana Jorge.

Entre os serviços já reformulados estão a Unidade de Cuidados Intensivos, a Pediatria e a Pneumologia. Em breve vai ser criada uma Farmácia, mas segundo o director clínico do IPO de Lisboa, Nuno Miranda, a intervenção será novamente feita através do "capital social" do instituto. Perante estas intervenções "de fundo", este responsável clínico considera que é preciso fazer mais. "As instalações são velhas e os espaços diminutos para a quantidade de doentes que são atendidos", afirma. Garante que "não existem situações que comprometam o atendimento dos doentes", mas acrescenta que estão em causa a sua "privacidade, dignidade e comodidade", assim como o desempenho dos profissionais de saúde, que são "obrigados a um reforço extra". "[O edifício] precisa de uma grande reforma", conclui.

No projecto inicial, suportado pelos 45 milhões de euros, está prevista uma "grande intervenção de construção", que ainda não começou. O atraso foi motivado por "projectos que vieram a revelar-se inviáveis" em matérias de "engenharia e de segurança", conta o responsável. Segundo o Ministério da Saúde, o projecto foi revisto e actualizado "a pedido do IPO", sofrendo alterações ao nível da intervenção nas infra-estruturas. Na semana passada foi apresentado ao Governo e está agora "em fase de estudo".


Duas propostas na mesa

Em paralelo com a requalificação das instalações do IPO de Lisboa, cuja construção data de 1923, a actual direcção pretende que sejam criados novos espaços para o funcionamento de alguns dos seus serviços. Para isso, apresentou na semana passada duas novas propostas ao Governo.

A primeira prevê a utilização do pólo Francisco Gentil da Escola Superior de Enfermagem de Lisboa (ESEL), sediada dentro do recinto do IPO, pelo serviço de Pediatria. Segundo o director clínico do instituto, que no passado realizou mais de 200.000 consultas e quase 6900 cirurgias, a proposta foi também apresentada aos ministérios da Educação e da Ciência e justifica-se pela "actividade residual" daquele pólo, um dos quatro que integram a ESEL.

A segunda proposta prevê a construção de um novo edifício, também em Palhavã, destinado a acolher o serviço de Medicina do IPO, e "toda a parte de ambulatório", refere Nuno Miranda.

A direcção do IPO está agora em conversações com o ministério, que está a estudar as propostas. "O diálogo tem corrido bem", considera o mesmo responsável. "Sentimos que as portas estão abertas." Apesar dos novos projectos apresentados, o plano de uma "grande intervenção de construção" nas actuais instalações continua em vigor (embora ainda não haja uma data para o seu início).»

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Resumindo e concluindo:

Enquanto nos entretiveram com a negociata, sob a forma de novela, da ida/não ida para a Bela Vista havia dinheiro com fartura para construções, betão e "infraestruturas", e já nos terrenos da Palhavã se anunciavam equipamentos e "parques urbanos". Agora, que ganhou o bom senso e a opinião técnica de quem sabe (e sabia) o que era melhor para o IPO, não há dinheiro para as obras de remodelação do IPO e ele que pague. EXTRAORDINÁRIO!

2 comentários:

  1. É realmente extraordinário!

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  2. Não é extraordinario nada. O IPO ia ser construido pelos construtores que iam ficar com o terreno de Palhavã. Tantas vezes que se faz negócios destes.

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