In Sol Online (11/7/2011)
Por Sónia Balasteiro
«Trago aqui as crianças todos os dias, mas isto é uma vergonha», lamenta Eliana, ama de três meninos de quatro, cinco e dois anos, olhando para o fontanário que enfeita o Jardim Constantino, na zona de São Jorge Arroios, em Lisboa.
Apesar de recuperado pela Câmara de Lisboa há um ano, o lago tem estado completamente votado ao abandono, tornando-se um perigo para a saúde pública, especialmente das dezenas de crianças que todos os dias ali passam as tardes a brincar.
«Nem a Junta de Freguesia nem a Câmara fazem a manutenção do fontanário e dos jardins» – acusa Aníbal, funcionário da esplanada aberta ao lado do fontanário. A falta de manutenção levou a que a «bomba de água avariasse e que a água ficasse parada e suja, tornando-se um enorme perigo para a saúde pública», acusa.
Apesar da gravidade da situação, Aníbal diz que ninguém a resolveu: «Nunca, desde que aqui estou, há um ano, vi este lago ser limpo. Até que dois sem-abrigo deitaram mãos à obra há uma semana e limparam eles próprios o lago, que estava cheio de lama».
Mas os dois homens, que usaram dois baldes grandes para tirar toda a sujidade da fonte, não conseguiram limpar tudo: na conduta por onde sai a água encontra-se ainda um peixe morto. «Nem esse peixe os serviços de limpeza tiraram», acusa, criticando ainda o facto de ninguém agradecer o acto dos sem-abrigo.
«Nem um cafezinho, nem um prato de sopa!», concorda Sérgio Santos, de 31 anos, que começou a trabalhar recentemente no quiosque do Jardim Constantino. O pior, diz, é que «os clientes pensam que o lago pertence à esplanada e que somos nós que deveríamos limpar, por isso vêm perguntar-nos o que se passa».
É que, até há uma semana, «e dependendo da direcção do vento, o cheiro era insuportável, nojento mesmo», conta, lembrando que se tratava de água parada.
Tal como Eliana, também Neide é ama de duas crianças que costuma passear no jardim. «O fontanário transformou-se num banheiro público: as pessoas fazem ali as necessidades», denuncia, preocupada com a saúde dos menores que ali passam horas a fio: «A água está sempre verde e cheira mal, sobretudo quando há muito calor».
Pedro, de 31 anos, leva, uma vez por semana, o filho de três anos para brincar no parque infantil do jardim e para evitar problemas já estabeleceu regras. «Nunca o deixo brincar junto ao lago», garante, recordando que nunca viu o fontanário a funcionar.
Manuel, um reformado de 74 anos, mora naquela zona há 40 e recentemente foi exigir explicações à Junta de Freguesia. Mas a resposta foi a de que a responsabilidade era da Câmara Municipal de Lisboa. «E fui encaminhado para o gabinete de apoio ao munícipe da Câmara». Mas, aqui, conta, disseram-lhe para se dirigir à junta. «É uma vergonha», dispara.
Ao SOL, João Taveira, autarca de S. Jorge de Arroios, deu a mesma resposta que dá a quem o procura. «A Junta não está autorizada a fazer qualquer intervenção nos espaços ajardinados públicos», garantiu, acrescentando que tem alertado o vereador do Urbanismo da CML para a necessidade de resolver o problema, sendo «sempre ignorado». Sá Fernandes, por seu lado, admite que «a competência da limpeza do espaço é da câmara». O vereador atribui o problema da sujidade do lago a «alguns frequentadores» e diz que «está desactivado devido a uma avaria para a qual a CML não prêve data da resolução».»
A cambada camarária é assim que trabalha. Ao fim de tempos e desmazelo infinitos, recuperaram o jardim e ficaram todos satisfeitos, a pensar que o trabalho estava feito e já não tinham mais que se ralar com aquilo durante o resto da vida...
ResponderEliminarO Sá Fernandes no fim da entrevista assumiu a sua própria incompetência.
ResponderEliminarSempre o mesmo descartar de resposabilidades de todas as entidades, enfim...
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