14/12/2011

Metropolitano não vai fechar mais cedo mas a Carris pode ficar sem 16 carreiras


Metro de Lisboa já não fecha cedo na proposta entregue ao Governo

Por Inês Boaventura in Público

A proposta final do grupo de trabalho nomeado pelo Governo prevê o fim da ligação fluvial entre a Trafaria e Belém e a introdução de novos horários em duas linhas da CP

O grupo de trabalho incumbido de estudar a reformulação da rede de transportes da Área Metropolitana de Lisboa recuou e da proposta final apresentada ao Governo já não consta a antecipação da hora de fecho do metropolitano. Para a Carris continuam a propor-se cortes significativos, entre eles a supressão de 16 carreiras.
Segundo o documento a que o PÚBLICO teve acesso, se a reformulação da rede de transportes avançar nos termos agora sugeridos haverá uma poupança anual de 20,84 milhões de euros. Na Carris a redução de custos prevista é de 8,52 milhões, na Transtejo de 7,2 milhões, no metro de 4,77 milhões e na CP de 350 mil euros.
As propostas iniciais do grupo de trabalho presidido por Pedro Gonçalves (ex-presidente executivo da construtora Soares da Costa) foram tornadas públicas no início de Novembro e geraram grande contestação. As 18 câmaras municipais da Área Metropolitana de Lisboa rejeitaram por unanimidade os cortes previstos e houve também críticas de eleitos do PS, do PCP e do Bloco de Esquerda, de representantes dos trabalhadores das empresas de transportes e de utentes.
Uma das medidas mais contestadas foi a possibilidade de se antecipar o horário de fecho do Metropolitano de Lisboa para as 23h na generalidade da rede e para as 21h30 nos troços entre a Pontinha e a Amadora Este (Linha Azul) e entre o Campo Grande e Odivelas (Linha Amarela). O próprio ministro da Economia pronunciou-se negativamente sobre esta proposta. "À partida, não faz sentido", disse na altura Álvaro Santos Pereira, referindo que "nenhuma capital europeia fecha o metro às 11 da noite".
Essa alteração no horário de funcionamento do metro acabou por ficar pelo caminho, e não consta do documento final que o grupo de trabalho entregou ao Governo. Ainda assim, está em cima da mesa "a implementação de um novo modelo de oferta, alterando as frequências entre comboios, de acordo com a procura de cada linha e em troços específicos". Além disso, propõe-se para o metro "a introdução do regime de marcha económica em todas as linhas", o que significa uma redução da velocidade máxima de 60 para 45 quilómetros por hora, e "o encerramento de átrios secundários de diversas estações".

Barcos mais económicos

Quanto à Transtejo, também foi posta de parte a supressão da ligação fluvial entre o Cais do Sodré e o Seixal. Tanto esta ligação como a existente entre o Cais do Sodré e o Montijo vão no entanto ser reduzidas, passando a realizar-se apenas aos dias úteis e períodos de ponta.
Quanto à ligação fluvial entre a Trafaria e Belém, o grupo de trabalho nomeado pelo Governo mantém a sugestão de que esta deve acabar. Já as viagens entre Cacilhas e o Cais do Sodré e entre o Barreiro e o Terreiro do Paço deverão passar a ser feitas com "navios de mais baixo consumo", antecipando-se a sua hora de encerramento e reduzindo-se a frequência ao fim-de-semana.
Na Carris, propõe-se a supressão total de 16 carreiras, das quais dez são urbanas e seis suburbanas. São ainda sugeridas mexidas em outras 42 carreiras, em termos de horários e de percursos. Segundo o PÚBLICO apurou, algumas das carreiras que podem ter os dias contados são a 10, 49, 79, 777, 790, 797, 203, 205, 208, 21, 25, 76, 745, 753 e o eléctrico 18.
Para a CP, como o PÚBLICO já noticiou, sugere-se a introdução de um novo horário nas linhas de Sintra e Azambuja, o que permitirá "uma optimização de recursos". A transportadora ferroviária já adoptou, desde domingo, alterações aos horários nas linhas suburbanas. O Governo ainda não se pronunciou publicamente sobre as conclusões do grupo de trabalho, desconhecendo-se se todas as suas propostas serão concretizadas

5 comentários:

  1. Acabar em simultaneo com a 203 e 208!!! Chelas fica sem rede da madrugada!!! Ou seja na prática passa a haver novas carreiras "clandestinas" à moda dos anos 80 e 90 para transporte de pessoal para a estação de Cabo Ruivo, semelhante com a 748 de Domingo que não consta nos horários assim como as madrugadas da 726 do Bº Padre Cruz para o M. Pombal e S. Sebastião que não constam do horário! Vamos provavelmente voltar a ter 742 durante toda a madrugada mas sem constar do horário da carreira para substituir a 203. LOL é só inteligentes nestes grupos de trabalho.

    Benfica deve ter mais passageiros que a zona das Laranjeiras e Carnide mas mesmo assim extingem a 205 em vez da 202 porque é uma carreira de transporte de pessoal para duas estações da Carris, apesar duma delas ter sobreposição com a 201.

    A 753 é uma carreira lucrativa que chega a ter quase 200 passageiros por autocarro na paragem do Centro Sul na hora de ponta da manhã o que faz com que os passageiros da portagem por vezes não consigam embarcar devido à lotação do veiculo, mas os idiotas da comissão de trabalho querem acabar com ela...

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  2. Mas alguém ainda tem dúvidas sobre o conteúdo das caixas cranianas destes indivíduos e sobre os seus propósitos? Como se explica que o Estado ande a alienar empresas lucrativas só porque sim (ou melhor, por razões ideológicas, ou porque foram forçados pela troika, não me interessa pois para mim isso é "porque sim" e tudo menos uma opção inteligente)? Citando Upton Sinclair, "é difícil levar um homem a compreender algo quando o seu emprego depende da sua não compreensão disso". ;)

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  3. Acabar com a 10 até é na boa, tem as alternativas das 793, 794 e metro.

    49 é estupidez acabar, porque só tem duas chapas durante o dia e 3 nas horas de ponta, logo o que se poupa não é nada de relevante e vai afogar ainda mais Chelas, porque a sua substituta vai ser a gigante 755 que demora imenso devido ás voltas e voltinhas nas zonas N2 e N1 de Chelas. Da Zona J a Entrecampos fazia-se em 5 minutos com a 49, agora passa para meia hora até à Cidade Universitaria na 755 para se conseguir apanhar a linha amarela do metro!

    79 chega a andar com uma chapa logo não sei o quê que se ganha em acabar com ela. Só vão prejudicar as velhinhas dos Olivais e da Encarnação a ir ás compras!

    777 ainda se compreende. Carreira em que cerca de 80% anda à borla e já houve muitos incidentes de vandalismo aos autocarros e injurias/agressões a motoristas. A carreira tem as alternativas das carreiras 108, 701, 703 e 717.

    O fim da 790 vai matar o transporte entre duas colinas que são vizinhas da frente, e vai afogar ainda mais a colina da Pena! Fala-se que o 760 passa a ser prolongado à Gomes Freire, vamos lá ver no que vai dar. A 758 é ainda mais sobrecarregada de passageiros!

    O fim da 797 é ridiculo. É uma carreira regular que ganhou imensos clientes na Penha de França precisamente por ter um serviço de qualidade entre as estações do metro do Saldanha e Arroios e o comércio da Rua Morais Soares. Esta carreira é imprescindivel aos passageiros da Penha de França. Se acabam, vão ter que aumentar a frequência da 735 e as despesas aumentam de novo. Não sei o que ganham com isso, só vão prejudicar a Penha de França! Quanto muito acabavam com a carreira ao fim de semana já que a procura não é muita e tem a alternativa das 726, 30 e 735.

    A 203 apesar de poucos passageiros, transporta alguns que são fixos logo aquela carreira faz um verdadeiro serviço publico que não pode acabar. Vai dexar alguns trabalhadores sem alternativa de transporte! Lá vai a Carris prolongar os horários às 742 e 759 e passa a funcionar quase 24 horas por dia, o que dificulta a logistica de abastecimento de viaturas e rendições durante a madrugada. Os custos ficam identicos ou até mais elevados que manter a 203.

    208 uma estupidez acabar. Entre as 4 e as 6 da madrugada há imensa gente nas paragens de Chelas à espera de transporte para ir trabalhar. A alternativa vai ser alargar os horários da 794 pelo que não percebo o que se ganha com o fim da carreira! O Aeroporto vai ficar sem transporte publico durante a madrugada! É bom que passem a deixar os funcionários da Groundforce estacionar as viaturas particulares na pista do Aeroporto já que lhes tiram os transportes publicos para o local de trabalho.

    21 pode acabar, tem alternativas e devem fazer um adaptação no 31 de modo a absorver melhor os clientes do 21.

    25 é substituido pelo metro e RL.

    76 passa para a Vimeca.

    745 é fundido com o 83. Obriga a transbordo na Quinta do Morgado para o 781 para quem quiser ir para o Prior Velho. Acaba-se o transporte directo entre o Aeroporto e o Prior Velho o que prejudica centenas de funcionários do aeroporto que residem naquela localidade. Secalhar terão que pôr autocarros articulados no 781 porque o Prior Velho dá muitissimos clientes à Carris e agora vai passar a ser a unica carreira da Carris a ir lá.

    753, acaba-se uma carreira das mais lucrativas que a Carris tem. O serviço passa a ser feito pela TST. Vamos lá ver se o IMTT deixa a TST aumentar a frequência à carreira 151! Já que demoraram quase 10 anos a autorizar a carreira!

    O E18 tem as alternativas das 732, 742 e 760 e ajuda a Carris a ter mais electricos para as restantes carreiras, já que os electricos são um bocado à conta.

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  4. E colocar a carreira 709 que liga o bairro de Campo de Ourique ao Terreiro do Paço apenas com percurso entre o Cemitério dos Prazeres e Marquês??!! Então quem precisa ir Campo de Ourique até à baixa vai como? Desloco-me diariamente até aos Restauradores para apanhar outro autocarro e como eu centenas de pessoas, senão milhares. Como vai ser? Temos de apanhar 2 autocarros só para ir de Campo de Ourique até aos Restauradores? Fazer isto à principal ligação entre um bairro habitacional e comercial e o resto da cidade é absurdo!!

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  5. E os electricos não contam para ligar Campo de Ourique à Baixa?

    Aqui está a prova que para a maioria dos Lisboetas (inclusive quem mora em bairros servidos por ele) o electrico é uma peça de folclore.

    Aliás há lisboetas que nem sabem que ainda existem electricos. Ainda noutro dia uma residente de Benfica que trabalha no Lumiar ficou espantada quando lhe disse que ainda havia electricos. Ela jurava a pés juntos que já não havia porque à muitos anos que não vê nenhum. E como esta cada vez há mais lisboetas que não passam da Segunda Circular para Sul.

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