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11/01/2012
Reabilitação da Ribeira das Naus inclui construção de silo automóvel de três pisos
Neste espaço vai nascer um silo automóvel de três pisos
Por Ana Henriques in Público
Câmara de Lisboa diz que fica muito caro fazer o estacionamento enterrado que havia anunciado. E precisa de arranjar pelo menos 90 lugares de estacionamento para a Marinha
Destinado a aproximar Lisboa do Tejo, o projecto de requalificação da Ribeira das Naus passou a incluir a construção de um silo automóvel na zona central da frente ribeirinha.
A novidade foi divulgada ontem, na cerimónia de assinatura do auto de consignação das obras, que começam agora e se prolongarão pelo menos até ao fim do ano, numa primeira fase dos trabalhos. Se tudo correr bem, daqui a um ano vai ser possível passear à beira-rio entre o Terreiro do Paço e o Cais do Sodré.
A ideia é fazer avançar a margem para dentro do Tejo com plataformas de relva e de pedra. Também está prevista a criação de um lago no recinto da Marinha, que passará a estar aberto ao público, com os edifícios militares protegidos por um gradeamento amovível. Serão ainda postos à vista vestígios do antigo Arsenal da Ribeira das Naus.
"As duas fases do projecto representam um investimento de 10 milhões de euros, 6,5 milhões provenientes do Quadro Comunitário de Apoio e o restante de capital próprio da câmara", refere uma nota de imprensa da autarquia. Os responsáveis camarários invocam razões financeiras para terem substituído o inicialmente projectado estacionamento enterrado por um silo de três andares, entre o edifício da Marinha e a Rua do Arsenal. A zona é neste momento ocupada por um estacionamento térreo arborizado, por baixo do qual existem vestígios de um faustoso edifício do séc. XVI, o Palácio Corte Real - que deverão agora ser integrados no silo.
"O estacionamento enterrado [que estava previsto para um espaço fronteiro, junto ao Tejo] custaria dez milhões, e teria maiores custos de manutenção, enquanto o silo custa 4,5", explicou o vereador Manuel Salgado. O autarca refere-se ao silo como "uma hipótese", mas um dos arquitectos encarregues do projecto da Ribeira das Naus, João Gomes da Silva, mencionou-o durante a cerimónia como um facto assente. "Terá três andares de altura e capacidade para 300 automóveis", explicou Gomes da Silva aos jornalistas.
Já no Verão passado o presidente da câmara, António Costa, tinha admitido esta alteração: "É necessário concluir o parque urbano da Ribeira das Naus e para isso é preciso o estacionamento. Graças às condições financeiras vamos ter de ser poupados para fazer um parque à superfície e não enterrado". Ontem, o autarca não regateou elogios à Marinha, proprietária do espaço à beira-rio que vai abrir ao público. Segundo o porta-voz da Marinha, Santos Fernandes, no recinto que vai ser cedido havia espaço para 163 viaturas, parte das quais passará a ficar no novo silo. O protocolo para a requalificação da Ribeira das Naus, firmado entre a autarquia e os militares em 2010, estabelece "a cedência à Marinha, para sua utilização exclusiva, do parque de estacionamento do Largo do Corpo Santo", num total de pelo menos 90 lugares. Apesar de o silo anunciado ontem não ser o parque previsto no protocolo, o Estado-Maior da Armada garante que o acordo não foi nem vai ser revisto. A câmara não forneceu esclarecimentos sobre a matéria.
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É nítido que o EGO criador Arquitectónico e a necessidade de deixar “OBRA” marcante e assinada , custe o que custar à Cidade e e ao Erário Público, numa total ausência de elementar bom senso, continua a determinar as decisões do Vereador do Urbanismo.
Porque não, depois de tanto tempo de vergonhosa e decadente espera, simplesmente reconstituir e “cerzir”a passagem ajardinada beira-rio que existia ?
Mais construção Beira-Rio ( Silo 3 andares ) ?
Coerência...?!? ... perante afirmações anteriores, conforme o artigo seguinte do Público ilustra ...?!?
António Sérgio Rosa de Carvalho
Espertos do cabeça, vão roubar espaço e destiná-lo a tonterias e depois construir um silo para 90 automóveis da Marinha!
ResponderEliminarE não é por nada, mas não me admirava nem um bocadinho que mais ano menos ano a Marinha abandonasse aquelas instalações, vendidas para se fazerem lá restaurantes, esplanadas, lojas gourmet, desfiles de moda, after-hours, essas coisas...
O planeamento para pópós é que segura a batuta...."destinado a aproximar Lisboa do Tejo"....
ResponderEliminarO dinheiro não é deles, se o fosse...
ResponderEliminarMas o TC (ou outra entidade) não irá a tempo de travar este perfeito desconchavo?
Fiquei sem saber de facto onde vai ficar o silo. No local do actual parque de estacionamento do Corpo Santo?
ResponderEliminarQuero ver o projecto e o parecer do igespar...
O silo de três andares é para alojar os carros que terão de sair para dar lugar a um lago artificial. Nada como inventar despesas.
ResponderEliminarÉ com profunda tristeza e julgo estes projectos de uma enorme irresponsabilidade.
ResponderEliminarA descaracterização da Baixa Pombalina irá inviabilizar a classificação da Baixa Pombalina como Património Mundial, esta classificação permite a recuperação desta zona da cidade com fundos da UNESCOe UE.
Polvilhar a Frente Histórica Ribeirinha de Lisboa com construções e obras avulso como tem sido feito até hoje irá destruir o nosso maior armazém de memória cultural e de identidade.
Gonçalo C. Silva, arquitecto
PRECISA de meter 90 viaturas?
ResponderEliminarE os autocarros também não PRECISAM de voltar a circular pela Avenida da Ribeira das Naus, reduzindo significativamente os seus tempos de percurso e os custos que a Carris tem ao circular pela Rua do Arsenal?
CIDADE DE TRISTES!!
c´um caraças! Porra! não conseguem fazer nada sem por sempre os pópos na frente. Deixem-se de mega projectos e dêm um ar digno à zona,não é preciso grandes invenções nem gastar balurdios...
ResponderEliminarA localização de Lisboa, em colinas que se derramam sobre o lago formado pelo Tejo confere-lhe um carácter único e pouco aproveitado por lisboetas e turistas, afastados do rio por linhas de comboio, docas e contentores.
ResponderEliminarEsta situação está mais do que identificada e tem vindo a ser corrigida a norte, na zona da Expo e a poente, a partir de Alcântara, mas permanece inalterada na zona histórica com maior potencial turístico, entre o Campo das Cebolas e o Cais de Sodré, cortando os trajectos que poderiam e deveriam existir entre a Alfama, a Baixa ou o Chiado e o rio.
O projecto de recuperação da Ribeira das Naus era por isso um passo na direcção certa: Recuperava-se património, condicionava-se a circulação automóvel, ajardinavam-se os espaços em volta do Ministério da Marinha, criando percursos pedonais agradáveis, junto ao rio e entre este e a Baixa e o Chiado, através da Rua do Arsenal e da Praça do Município.
Esta obra, anunciada com grande pompa antes das últimas eleições autárquicas, está parada há um par de anos, dizem-nos que por falta de verbas, sendo apenas visíveis os cartazes que anunciam os jardins prometidos que, supostamente, iriam substituir o lamaçal do estaleiro que por lá está esquecido.
Não posso por isso deixar de manifestar a minha enorme surpresa com este anúncio, por todas as razões:
- Porque afinal há verba, já não para completar a recuperação da zona ribeirinha, mas para construir um silo para automóveis.
- Porque os previstos trajectos pedonais que deveriam ligar a Baixa e o Chiado à Ribeira da Naus, através da Praça do Município e da Rua do Arsenal são afinal interrompidos pela construção de um mamarracho de três andares.
- Porque numa zona classificada, onde ninguém pode sequer alterar uma janela, se vai autorizar a construção de um silo de três pisos.
- Porque o condicionamento de trânsito nesta zona histórica, tantas vezes defendido, será substituído por um parque de estacionamento, com o consequente e inevitável incentivo à circulação automóvel.- Porque uma alteração desta magnitude é anunciada como facto consumado, na cerimónia de adjudicação da empreitada.
- Porque esta zona está melhor servida por estacionamentos do que a maior parte da zona histórica de Lisboa, só se sentindo verdadeiramente a sua falta nas noites de copos (5ª feiras e fins de semana), o que só espelha um hábito a desincentivar, o de ir (e vir) dos copos a guiar.
- Porque esta zona está muitíssimo bem servida por transportes públicos: Passam na Rua do Arsenal 14 ou 15 carreiras de autocarros, mais 2 ou 3 de eléctricos e duas linhas de metro com 3 estações num raio de 5 minutos a pé.
Mais perigosas que os discursos contraditórios são as decisões contraditórias. Nos últimos anos, em Lisboa e não só, a palavra de ordem tem sido desviar o trânsito particular do centro da cidade. Ora, é senso comum, isso só pode conseguir-se conjugando duas medidas: a construção de parques de estacionamento periféricos e a implementação de uma rede de transportes públicos de ligação ao centro da cidade que seja realmente eficaz. Num pacote de medidas relativas à requalificação da Ribeira das Naus (entre as quais surge uma descabida praia artificial...) a zona é presenteada com o projecto de construção de um silo automóvel de 3 andares. O movimento cívico já começou: "A rua do Arsenal não quer um silo automóvel de três andares!!!" E, perdoem-me o egoísmo, Eu Também Não!
ResponderEliminarSubscrevam a petição pública contra esta aberração em:
ResponderEliminarhttp://www.peticaopublica.com/PeticaoVer.aspx?pi=P2012N19416