Infelizmente cada vez mais verificamos que os critérios que a CML tem para a reabilitação da BAIXA são - um pouco como acontece no resto da cidade histórica - superficiais. Como se constata aqui nas obras a decorrer neste imóvel (antiga Lanalgo) o que interessa é que o aspecto exterior se pareça com um edifício pombalino. Os interiores podem ser como na Alta de Lisboa ou no Parque das Nações. Sabemos que no caso deste imóvel os interiores já não eram pombalinos pois tinham sido destruídos/adulterados nos meados do séc. XX. Mas, e se ainda alimentamos a ambição de ver a Baixa-Chiado reconhecidas como Monumento Nacional (processo em curso) e seguidamente como Património da Humanidade (UNESCO), então este tipo de "reconstrução" em betão armado não deviam acontecer. Porque a Baixa Pombalina é importante e notável não tanto pelo seu desenho urbano e de fachadas normalizadas mas especialmente pelo seu sistema construtivo anti-sismíco, a conhecida Gaiola Pombalina. Na Holanda, França, Itália, Reino Unido, zonas urbanas com este valor têm outras regras - e um edifício destes teria de ser reconstruído numa tecnologia tradicional. Atenção não confundir isto com fazer pastiche, uma mentira. A Gaiola Pombalina está bem estudada, funciona, e pode ser melhorada. Ou seja, pode ser interpretada de forma contemporânea nos casos em que já desapareceu de um edifício. Que a cidade não tenha exigido ao proprietário deste imóvel a reconstrução estrutural em madeira é, na nossa opinião, uma grande falha do Plano de Pormenor de Salvaguarda da Baixa. São oportunidades perdidas para qualificar, autenticamente, o perfil patrimonial da Baixa Pombalina.
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