02/05/2012

Índice de cidades inteligentes apresentado amanhã em conferência internacional





A mobilidade eléctrica será um dos temas em debate

Por Paulo Miguel Madeira in Público

Boas práticas para o desenvolvimento sustentável chegaram já a algumas cidades portuguesas


Almada, Aveiro, Cascais e Gaia são as cidades portuguesas que mais se destacam pelo seu grau de inteligência urbana, segundo a Inteli, que amanhã revela numa conferência em Lisboa como o índice de cidades inteligentes será aplicado em Portugal.
Este índice serve "para qualificar e quantificar o grau de inteligência urbana" das cidades e vai ser aplicado à rede de 24 cidades que integram o projecto Rener - Renewable Energy Living Lab, o qual visa impulsionar a integração dos agentes no projecto de inovação para a mobilidade eléctrica nacional. Os resultados da aplicação do índice só serão divulgados em Setembro ou Outubro, mas ele será apresentado na Conferência Internacional Smart Cities for Sustainable Growth (Cidades Inteligentes para o Crescimento Sustentável), que decorre amanhã no Museu da Electricidade, em Lisboa, organizada pela Inteli - Inteligência em Inovação e pela Fundação Luso-americana para o Desenvolvimento, em parceria com o Ecologic Institute (Alemanha).
O que são afinal cidades inteligentes? "Estão muito ligadas às tecnologias de informação e comunicação, mas o conceito é mais abrangente", explica Catarina Selada, directora da área de Cidades e Território da Inteli. As cidades inteligentes distinguem-se pelo investimento na inovação, na sustentabilidade, na inclusão social e cultural e ainda na governação urbana e na conectividade. "Uma cidade nunca é globalmente inteligente. É um percurso que se faz, e que está sempre em curso", acrescenta.
Assim, quem viver numa "cidade inteligente" deverá dispor de transportes públicos com baixas emissões de carbono, instrumentos de participação pública online e instrumentos digitais de inclusão dos mais desfavorecidos. O trabalho da Inteli - um centro de inovação com capital maioritário do IAPMEI, orientado para a promoção da inteligência em inovação e que actua no apoio às políticas públicas e às estratégias empresariais - tem-se vindo a centrar nesta área, desde há seis anos, em projectos que são vistos como "laboratórios de novos produtos e serviços associados à economia verde".
A Inteli promove a conferência para receber contributos a levar à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que decorre no Rio de Janeiro, em Junho, onde se pretende entregar um documento português para "levar a debate sobretudo no contexto da lusofonia", diz Catarina Selada. Além disso, será também entregue ao Governo um documento com as conclusões da conferência, "para estimular o debate em Portugal, que tem estado muito centrado no ambiente e energia", quando nas cidades inteligentes a perspectiva é mais ampla, abrangendo também a coesão social, cultura e governação.
A rede Rener abrange também Sintra, Porto, Loures, Braga, Guimarães, Coimbra, Leiria, Viseu, Setúbal, Viana do Castelo, Torres Vedras, Santarém, Faro, Évora, Castelo Branco, Guarda, Beja, Portalegre, Bragança e Vila Real, que subscreveram o acordo com o Governo português no âmbito da Conferência Internacional sobre Mobilidade Eléctrica, em 2009, criando a rede Mobi.E, para levar à prática o programa para a mobilidade eléctrica nacional.
Catarina Selada considera que, em Portugal, "não temos cidades inteligentes, mas projectos inteligentes nalgumas cidades". Cascais, Aveiro, Gaia e Almada "destacam-se por terem projectos que indicam boas práticas", havendo outras "com boas práticas mais pontuais". Um exemplo é o Inovcity, em Évora, uma rede inteligente de energia que "tem sido muito visitada por equipas técnicas estrangeiras".
Estas cidades são vistas como "laboratórios de novas soluções", e a Inteli pretende replicar a experiência com a mobilidade eléctrica noutras áreas, como a regeneração urbana, de forma a conseguir avanços importantes na energia verde, pois os edifícios são adaptados a novas necessidades. O financiamento da economia e das famílias enfrenta dificuldades, mas o Banco Europeu de Investimento está a estudar o alargamento do programa Jessica (Joint European Support for Sustainable Investment in City Areas), iniciativa conjunta com a Comissão Europeia muito utilizada na regeneração urbana, ao financiamento de projectos relativos a cidades inteligentes.

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