Esclarecimento sobre os
trabalhos de limpeza do Jardim Botânico de Lisboa
Depois de
inúmeros pedidos de apoio, a entidades públicas e privadas, para ajudarem na
conservação do
Jardim
Botânico, todos sem qualquer sucesso, a Universidade de Lisboa não podia
deixar, no quadro da sua
responsabilidade,
de proceder a obras de limpeza e a reparações inadiáveis.
Infelizmente
são apenas obras mínimas, não estando a Universidade de Lisboa em condições de
proceder a
uma recuperação e/ou requalificação do Jardim Botânico.
Esperamos que, com base na limpeza a que agora se
procede, seja possível mobilizar, no futuro próximo,
apoios de
entidades públicas e privadas para a requalificação de um Jardim com grande
centralidade e
relevância
patrimonial. Todos os apoios são bem-vindos. Nesse sentido a Universidade de
Lisboa já está a
trabalhar,
com várias equipas, no sentido de preparar candidaturas a programas nacionais e
internacionais
que permitam uma requalificação mais profunda do
Jardim Botânico de Lisboa.
No que diz respeito às actuais intervenções, tendo em
conta alguma informação errada que foi veiculada
sobre esta matéria, é importante esclarecer o
seguinte:
1.º Os trabalhos que estão a decorrer no Jardim
Botânico destinam-se, única e exclusivamente, à limpeza e arranjos pontuais
inadiáveis.
2.º Os canais dos regatos, cuja fendilhação localizada
pontualmente em algumas zonas era a causa da
degradação das argamassas e da perda de água, viram
reposta a capacidade de escoamento e em simultâneo
de impermeabilização das suas paredes, sendo certo que
rapidamente voltarão a formar-se e a depositar-se
limos e outros revestimentos de plantas. A tecnologia
adoptada utiliza materiais comummente aceites em
intervenções deste género e os regatos serão objecto
de revestimento progressivo de “vida vegetal“,
garantindo todas as condições para assegurar a sua
proliferação e desenvolvimento. Foram mantidas
integralmente as características de escoamento
da água, nomeadamente no que respeita ao “fio de
água”, às pendentes, bem como às bacias comunicantes
entre si e que permitem acumular e manter
quantidades
significativas de água.
3.º O “Lago de Baixo”, sujo, estragado e sem água há
vários anos, viu reposta a sua impermeabilização,
usando materiais inodoros e invisíveis. A imprescindível
estabilização do fundo do Lago, há muito
programada,
teve de ser garantida em virtude das fortes trepidações causadas pela passagem
inferior dos
comboios no “túnel do Rossio”, colocando em causa todo
o circuito da água do Jardim Botânico.
4.º Não foi afectada uma única árvore ou planta do
Jardim Botânico, tendo sido dadas instruções
rigorosas nesse sentido. Os técnicos do Jardim
Botânico e os responsáveis pela colecção
acompanharam, de perto e em permanência, todos
os trabalhos de limpeza. Sobre um “muro em betão
em volta de uma das árvores mais sensíveis e
emblemáticas do Jardim, o Taxodium distichum”, trata-se, na
verdade, de
repor um pequeno murete já existente, também em betão, mas bastante degradado
pelas raízes
da árvore, que tinha como função reter a água
necessária para reproduzir o seu habitat natural e ideal. Com
efeito, segundo foi apurado junto dos técnicos do
Jardim, esta espécie habita na natureza em ambiente
pantanoso, sendo necessário as suas raízes estarem
permanentemente molhadas. Assim, era imperioso
proceder à sua reparação nos termos originais.
5.º As antigas "Casas de Função" estavam
transformadas numa lixeira imunda no centro da cidade,
estando a Universidade obrigada, por lei, a resolver
esta situação. Todas as demolições foram objecto de
projecto de execução no que respeita às questões
de arquitectura, engenharia e organização e
entrega de um processo licenciado pela Câmara
Municipal de Lisboa. A emissão da autorização
municipal mereceu parecer prévio dos serviços
municipais competentes, bem como de parecer favorável
do IGESPAR, sem
qualquer tipo de condicionante nem exigência específica, uma vez que se tratava
de
imóveis sem valor histórico, arquitectónico ou
cultural. Ainda assim foi realizado o levantamento
arquitectónico prévio e um levantamento fotográfico
exaustivo antes, durante e após a conclusão. Acresce
que não foram realizadas quaisquer escavações,
pelo que se mantêm intactos eventuais vestígios
arqueológicos existentes.
Em relação a estes aspectos – e em relação a todos os
outros trabalhos de limpeza e arranjo (escolha dos
materiais para repavimentação dos caminhos mais
destruídos, pintura dos bancos, limpeza das valetas, etc.)
– tudo foi feito de acordo com a matriz original do
Jardim, sem qualquer alteração (nem sequer de
pormenor) e com um acompanhamento permanente dos
técnicos, em particular dos especialistas e
responsáveis pela colecção do Jardim Botânico.
Uma das intervenções mais importantes prende-se com a
libertação da Alameda das Palmeiras (entrada do
Jardim Botânico) das dezenas de carros que há décadas
ali permaneciam, criando graves situações de
insegurança, sobretudo na entrada e saída das crianças
que visitam o Jardim e no eventual acesso de
veículos de emergência.
Simultaneamente, iniciar-se-ão os trabalhos de
recuperação do Observatório Astronómico, edifício simbólico no interior do
Jardim Botânico, com o apoio já garantido da Secretaria de Estado da Cultura.
Esperamos que, a partir de agora, seja possível reunir
os apoios necessários a uma verdadeira requalificação
do Jardim Botânico, algo que constitui, de imediato, a
nossa prioridade. Para isso, ficaremos muito gratos a
todas as entidades públicas e privadas que nos possam
efectivamente apoiar.
Nunca nos resignaremos é com a estagnação e degradação
do Jardim Botânico, com carros estacionados em
zonas nobres, com casas em ruínas e lixeiras a céu
aberto junto ao Picadeiro, com lagos sem água e
destruídos, com cascatas sujas e degradadas, com
caminhos esburacados, com gradeamentos sem segurança, com um Observatório
Astronómico em ruínas.
Fizemos uma parte importante do trabalho que era
preciso fazer, no plano da limpeza e de uma conservação
mínima, respeitando integral e escrupulosamente o
Jardim em todas as suas vertentes.
Esperamos, agora, a mobilização da sociedade e dos
poderes públicos para a definição e concretização de um Programa de
Requalificação do Jardim Botânico, certamente mais ambicioso, em benefício da
Cidade e dos Cidadãos.
25 de
Maio de 2012
A
Reitoria da Universidade de Lisboa
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Aqui fica o outro lado da história.....
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