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Por princípio, qualquer alteração que leve à diminuição do
trânsito neste eixo e à diminuição da velocidade de circulação é positiva. Esta
proposta vai nesse sentido, o que é de aplaudir. Seria fácil deixar tudo como
está ou mesmo piorar a situação. Porém, este é um plano que enferma de vários
erros do passado, o que já me parece condenável e mostra que há ainda um longo
caminho a percorrer na gestão da mobilidade e desenho do espaço público. O
plano está pensado com a primordial preocupação da gestão do tráfego automóvel
e não da gestão da mobilidade, que é mais ampla e inclui, os peões (espaço a
estes destinado e possibilidade da sua fruição efectiva, atravessamentos de
estrada, saídas de transportes públicos), os transportes públicos (autocarros e
saídas de metro), os transportes suaves (bicicletas por ex.) e os transportes
individuais (automóvel e moto) A saber:
1.
É visível na primeira imagem da Rotunda que não
há qualquer previsão de desenho das passadeiras para peões. Este é um esquecimento típico de um projecto desenhado do
ponto de vista único da circulação automóvel, ao contrário da intenção inicial.
O peão não conta para o plano, nem se dá a conhecer antecipadamente as vias que
estão programadas para ele. No Blog A Nossa Terrinha, este problema na Rotunda
do Marquês de Pombal foi muito bem explicado, como se pode verificar aqui.
Pergunto: Vai ficar na mesma? Pelo projecto, não há como saber. Para quem anda
a pé nunca há direito a projecto de alterações. A serem construídas passadeiras
novas, tudo será feito no momento à luz do momento e colocadas onde
atrapalharem menos o trânsito automóvel. É o que se tem visto acontecer.
Questiono:
a.
Quantas são as pessoas que passam na zona
envolvente da rotunda a pé? Foi/será estudado? Ninguém sabe. Mas haverá
certamente muitos estudos sobre a quantidade de automóveis, o que diz muito da
percepção do problema.
b.
Quais são os tempos de atravessamento previstos entre
cada lanço de passeio e a quantos metros estão uns dos outros?
c.
Os sinais verdes vão abrir em simultâneo quando
impliquem o atravessamento pedonal de mais do que uma via, permitindo
atravessar as avenidas de uma só vez? Ou essa lógica só se aplica aos
automóveis?
d.
Os passeios vão ser rebaixados permitindo a
facilidade de atravessamento em cadeira de rodas?
e.
Estão salvaguardadas as travessias de quem sai
do Metro na Rua Braamcamp e na Av. Duque de Loulé?
2.
Sob o lema de “Passeios mais largos, menos vias, mais espaços verdes e menosestacionamento”,
vai ser aumentado o espaço pedonal (?) à
volta da estátua e criada uma “zona verde” entre as duas rotundas, a interior e a exterior. Em compensação,
volta-se a ter trânsito nas faixas mais próximas dos edifícios à volta da
Rotunda.
a.
Gostaria de saber como é que um espaço (Estátua)
rodeado 360º por trânsito automóvel é interessante para quem quer que seja. As
pessoas vão lá dentro sentar-se (se bancos houver, mas para quê?) a ver o
trânsito a circular? O mesmo se aplica a essa “zona verde” entre rotundas, que embeleza
as vistas de quem circula na Rotunda, mas tem efeito zero em termos de usufruto
pedonal.
b.
Por outro lado volta o trânsito às tais
laterais, que deviam ser pura e simplesmente fechadas ao mesmo. Repare-se que
quem sai do metro no lado da Avenida Duque de Loulé ou no lado da Rua Braamcamp
(ou pretende entrar) tem que atravessar
sempre a estrada (é mais um sinal verde porque tem que aguardar). Neste
momento, pelo menos do lado da Braamcamp, esse atravessamento é facilitado.
PROPOSTA: Manter a rotunda interior não no espaço já
existente, próximo da estátua, com essa
segunda rotunda externa a ficar mais próxima da primeira. O espaço pedonal/zona
verde que agora está desenhado existir à volta da estátua e entre as duas rotundas
seria então atribuído às laterais. Toda a dita “zona verde” e “espaço pedonal”
ficaria muito mais utilizável, contribuindo para uma efectiva devolução do
espaço às pessoas.
3.
Face à intenção de se fechar uma via de trânsito
da Avenida da Liberdade (um passo na direcção correcta), não se compreende que
o espaço ganho seja em benefício de um separador central.
PROPOSTA: Se se
pretende diminuir o trânsito automóvel e assim reduzir a poluição, porque não
redesenhar as laterais das faixas centrais de modo a acomodarem uma via para
bicicletas? A subida da Avenida da Liberdade não é muito acentuada e seria uma
excelente oportunidade de abrir caminho a outras formas de circular dentro da
cidade. Esse trânsito de bicicletas poderá estar pensado para as laterais da
avenida, no entanto e por experiência própria, não é o ideal. Um automóvel
ocupa praticamente a totalidade da largura da faixa de rodagem e a bicicleta ou
é impedida de circular com rapidez pelos automóveis a descer ou impede o
trânsito dos automóveis que sobem, porque circula mais devagar. A possibilidade
de subir e descer a Avenida da Liberdade de bicicleta com rapidez e segurança
seria um sinal claro de que a cidade privilegia estes modos de transporte
verdadeiramente verdes e com muito mais efeitos positivos do que a aposta nas
restrições de circulação de automóveis que não têm controlo de emissão de
gases.
4.
Esta
autarquia tem sido, no papel e no discurso, muito amiga da circulação em
bicicleta. Há inclusive um projecto de Partilha de Bicicletas na gaveta, devido
ao seu custo astronómico que na altura estava orçamentado em cinco milhões de
Euros. Não havendo disponibilidade financeira para um sistema destes, uma boa
alternativa é a redefinição de estruturas viárias, conforme a oportunidade, de
forma a facilitar o trânsito de bicicletas. Essa redefinição nem sempre passa
por ciclovias, mas no caso da Avenida da Liberdade, parece um passo fácil face
à proposta agora apresentada. Vamos aproveitá-la?
Nota: Esta proposta foi enviada para o email avenida.liberdade@cm-lisboa.pt, na perspectiva do contributo para a discussão pública que decorre para a alteração prevista. Esta discussão está receptiva a propostas e comentários até 30 de Junho.
Mas que pos t tão bom, a sério! boto a minha assinatura por debaixo de todas as propostas e comentários! o folheto que "informa" a consulta pública é uma pérola de cinismo...
ResponderEliminarum exemplo: se a via esterior é dedicada "ao transporte público e ao transporte individual", ora porra, o que é fica de fora, o comboio?
outro exemplo: até setembro é tudo provisório, porque primeiro é só um teste, tudo muito bem, mas vejam lá uma coisa, para testar a via esterior é preciso rasgála, e um rasgo a camartelo não é uma coisa lá muito provisória, ou é?
Bons comentários!
ResponderEliminarGostei bastante do que li, sugestões pensadas. Moro em Almada e desloco-me para a Av. Miguel Bombarda (entre Saldanha e Campo Pequeno) de bicicleta atravessando o rio nos barcos da transtejo. Como tal o meu trajecto inclui toda a av. da liberdade e do marquês para o saldanha. Como vou cedo aproveito haver pouca gente e circulo na parte de jardim da av. da liberdade. É que apesar do pouco transito na lateral, por enquanto ha carros estacionados de um lado e de outro o que deixa pouco espaço para os carros que por la circulam me ultrapassar em segurança. Do marquês para o saldanha muitas faixas existem na estrada, mas opto por ir com atenção triplicada no passeio... é que não sou suicida para fazer aquela estrada de bicicleta, portanto os peões que me desculpem, eu até vou devagarinho. Ao fim do dia... impossivel fazer este trajecto para voltar a casa. Acabo por vir ali pela rua de santa marta que como é de sentido unico e em calçada em mau estado, acabo por não ter problemas com os carros, o pior são os peões que circulam de costas para mim sem se aperceberem que aquela calçada no meio dos dois passeios é efectivamente uma estrada e nem olham se vêm alguém. Portanto, por enquanto, aos olhos de quem usa a bicicleta em Lisboa para os dias normais de trabalho e não apenas para as passeatas domingueiras, Lisboa está um caos. Podem dizer que há já muitos kms de ciclovias em Lisboa, eu até conheço uma grande parte desses kms... mas nunca foi a deslogar-me para o emprego, porque em dia normal apanho 100m de ciclovia na duque d'ávila, que acaba por ser apenas uma parte do passeio que é de outra cor, porque os peões que tanto resmungam com os ciclistas que vão nos passeios depois por um qualquer tipo de vingança acabam por achar que aquele troço de passadeira vermelha é o local ideal para caminhar. Em conclusão, aos meus olhos actualmente Lisboa é ainda um caos para andar de bicicleta, o futuro não se adivinha melhor porque falta ambição em fazer algo realmente em grande e bem pensado, que incomode os "excessos", e principalmente de uma vez só (como por exemplo ciclovias a pensar nas zonas de maior concentração empresarial, com parques de estacionamento devidamente vigiados, obrigatoriedade de quer nos metros quer nos comboios haver 1 carruagem apenas para ciclistas com uma fileira de bancos e 1 fileira de suportes para estacionar a bicicleta na carruagem).
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