25/08/2012

Buraco a céu aberto compromete gastronomia no mercado da Ribeira

Lisboa
Buraco a céu aberto compromete gastronomia no mercado da Ribeira
Por Ana Henriques in Público
Paragem da construção de um parque subterrâneo leva o concessionário a dizer que não pode abrir esplanada no meio do estaleiro. Renovação do mercado fica para o Verão que vem, na melhor das hipóteses
A revista Time Out, que venceu o concurso de transformação do mercado da Ribeira,em Lisboa, num recinto dedicado à gastronomia e ao lazer não tenciona abrir os restaurantes, discoteca e sala de conferências prometidos para o local enquanto o estacionamento subterrâneo contíguo não ficar pronto. Acontece que a empreitada do parque parou há mês e meio, ignorando-se quando será retomada. "Gostava muito que os novos espaços do mercado abrissem no Verão de 2013", diz o director da publicação, João Cepeda. A conclusão da reabilitação do mercado, que nem sequer começou ainda, estava anunciada para o início deste ano. Demoras na elaboração e apreciação do projecto de arquitectura, da autoria dos arquitectos Aires Mateus, ditaram os primeiros atrasos, agravados pela situação económica do país. Agora, a interrupção das obras do parque de estacionamento vem aumentar esses atrasos
Isto porque o estaleiro que rodeia o gigantesco buraco a céu aberto na Praça D. Luís coLisboa
Buraco a céu aberto compromete gastronomia no mercado da Ribeira
Por Ana Henriques
Paragem da construção de um parque subterrâneo leva o concessionário a dizer que não pode abrir esplanada no meio do estaleiro. Renovação do mercado fica para o Verão que vem, na melhor das hipóteses
mpromete a criação de uma esplanada junto ao mercado e de um quiosque no jardim contíguo, conforme estava previsto, embora não impeça a instalação dos restaurantes e restantes valências no interior do recinto. "No limite, a paragem das obras do estacionamento não permitirá o cumprimento da concessão da Time Out", válida por 20 anos e ganha em concurso público, observa João Cepeda. "O contrato que temos com a Câmara de Lisboa diz que não somos obrigados a ter pronta a transformação do mercado senão dois ou três meses depois do fim das obras do estacionamento. Foi uma cláusula que acrescentámos para nos precavermos de alguma eventualidade".

Os atrasos na construção do parque - que foi objecto de uma concessão da câmara ao Jardim Zoológico destinada a servir de fonte de receitas a esta instituição - eram previsíveis, depois do surgimento durante a escavação, em Março deste ano, de um enorme estrado de madeira do séc. XVI ou XVII.

Só que assim que terminou a escavação arqueológica e o estrado foi desmontado e removido para uma zona lodosa da Margem Sul, onde será conservado em condições de conservação semelhantes àquelas em que foi descoberto, os trabalhos de construção do parque de estacionamento pararam também, deixando a empreitada a meio.

Contactados pelo PÚBLICO, nem o grupo Emparque, dono da obra, nem o Jardim Zoológico prestaram qualquer tipo de esclarecimento sobre o caso. O mesmo sucedeu com o empresa Eusébios, subempreiteira da Emparque, que segundo notícias recentes atravessa dificuldades. "Houve um problema com a empresa de construção", confirma o vereador da Mobilidade da Câmara de Lisboa, Nunes da Silva. "Mas penso que a Emparque está a resolver o assunto".

Já o porta-voz do vereador que tem o pelouro dos mercados, José Sá Fernandes, mostra-se francamente optimista: a questão das repercussões dos atrasos do estacionamento na remodelação do mercado "não se coloca, porque uma coisa não interfere com a outra", assegura João Camolas. Não é essa a opinião de João Cepeda: "O projecto pode ficar pendurado".

A Time Out espera entregar em Outubro ao município os projectos finais da obra do mercado, onde as tradicionais bancas de venda de produtos frescos conviverão com um food court e as restantes novas valências. "Dizem-me que a nossa obra pode levar seis a oito meses", diz o director da publicação, acrescentando que já estabeleceu contactos com "alguns dos melhores agentes económicos de restauração da cidade" com o objectivo de eles se instalarem no mercado.
Quatro milhões de euros em obras
Recinto foi concessionado por 20 anos
Quatro milhões de euros é o montante que se estima que seja necessário à reconversão do piso superior do mercado e de parte do piso inferior aos novos ramos de negócio. Além disso, pela concessão destes 5500 metros quadrados durante duas décadas, a empresa proprietária da revista Time Out, que ganhou um concurso público promovido pela autarquia para o efeito, terá ainda de pagar à Câmara Municipal de Lisboa uma renda mensal de 12 mil euros. O projecto inclui a instalação de um bar/discoteca no piso superior, ficando parte do piso inferior dedicado a um food court, lojas e pontos de venda de produtos gastronómicos e bebidas. No local, os promotores da reconversão pretendem instalar "alguns dos melhores agentes económicos de restauração da cidade". Uma sala multiusos para conferências, cursos ou exposições e uma pequena sala de espectáculos preencherão a vertente cultural do projecto, estando ainda previsto um serviço de apoio aos turistas.

2 comentários:

  1. "Paragem da construção de um parque subterrâneo leva o concessionário a dizer que não pode abrir esplanada no meio do estaleiro. Renovação do mercado fica para o Verão que vem, na melhor das hipóteses."

    "Já o porta-voz do vereador que tem o pelouro dos mercados, José Sá Fernandes, mostra-se francamente optimista: a questão das repercussões dos atrasos do estacionamento na remodelação do mercado "não se coloca, porque uma coisa não interfere com a outra".

    O Zé fazia lá imensa falta para a gente se rir das suas anedóticas inconsciência e incompetência...

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  2. "O contrato que temos com a Câmara de Lisboa diz que não somos obrigados a ter pronta a transformação do mercado senão dois ou três meses depois do fim das obras do estacionamento. Foi uma cláusula que acrescentámos para nos precavermos de alguma eventualidade".

    O coitado do Sá Fernandes é mesmo um caso de estudo.

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