28/08/2012

Nem membro residente da troika escapou à arte dos carteiristas lisboetas

 
 De tal forma que, contou o chefe da operação, “muitas vezes abordam--nos a perguntar até que hora vamos andar por aí”.
"Os cerca de 50 carteiristas portugueses a actuar em Lisboa, assim como muitos dos cerca de 20 estrangeiros dedicados ao furto, são já bem conhecidos da divisão"
" E sem flagrante delito não há detenção."
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Paradoxos situados na linha de tensão demarcadora entre os direitos da vítima e do criminoso ... mas os efeitos erosivos para a Cidade de Lisboa e para a sua imagem são devastadores a nível Internacional.O aumento progressivo em "blogs" e Imprensa Internacional de relatos negativos sobre a imagem de segurança de Lisboa é notório ... acima de tudo a imagem de indiferença da Polícia e das Autoridades Camarárias ... veja-se o permanente assédio na Baixa de vendedores de Droga, que pseudo ou não, não minimizam a forma permanente e agressiva de como as "abordagens" são feitas ...
Em Nova Iorque compreendeu-se à muito tempo que a principal experiência "vivida" da Criminalidade, reside precisamente na de proximidade, no quotidiano ... na chamada "Pequena Criminalidade" ... "pequena" mas com GRANDES e DURADOUROS efeitos pelo seu armazenamento na memória associativa das vítimas e espectadores e assim fonte psicológica permanente de erosão para a Imagem de Lisboa. 
 
António Sérgio Rosa de Carvalho
  

Nem membro residente da troika escapou à arte dos carteiristas lisboetas

Por Ricardo Paz Barroso, publicado em 28 Ago 2012 - in (jornal) i online 
O i seguiu uma operação policial contra carteiristas na baixa de Lisboa, esses “artistas” que adoram multidões e andar de eléctrico
Há quem acuse a troika de estar a meter a mão nos bolsos dos portugueses, mas também ela já se pode queixar de que lhe foram ao bolso em Portugal. É que o representante do Fundo Monetário Internacional (FMI), o austríaco Albert Jaeger, a viver em Lisboa desde Outubro, ficou sem a carteira no eléctrico 28 quando foi passear entre os turistas ao Castelo de São Jorge e teve a prova de que os carteiristas se infiltram por todo o lado, não olhando a cargos ou estatutos das vítimas. Na cidade de Lisboa há uma equipa policial que anda em cima deles e o i foi acompanhar como lidam com este jogo diário do gato e do rato na Baixa da cidade que faz centenas de vítimas por ano, com alguns furtos a render milhares de euros. O recorde de perda pertence a um turista italiano que, em 2011, ficou sem os 3700 euros que trazia na carteira.
O encontro estava marcado para as 10h, mas os elementos da Divisão de Segurança dos Transportes Públicos (DSTP) – criada em 1995 e com raio de acção no metro, Carris, linhas de Sintra, Cascais e Azambuja – já andavam pela rua, nos seus postos de observação, que passam pelas paragens mais “quentes” das rotas preferidas dos carteiristas – os eléctricos 15 (mais usado pelos turistas de manhã) e 28, que anda sempre cheio da parte da tarde. Estes pontos são, na linha do 28, o Largo das Portas do Sol, Rua da Madalena e área envolvente da Sé, ao passo que na linha do 15 o apetite dos carteiristas se centra no Cais do Sodré e na Praça da Figueira. E o dia prometia, com quatro cruzeiros estacionados em Santa Apolónia, de onde desembarcaram mais de nove mil turistas em Lisboa.
As atenções da brigada estão concentradas nos eléctricos, pois a eficácia da videovigilância no metro, assim como o facto de ser um circuito “fechado”, tem vindo a desmotivar as actuações dos carteiristas no subterrâneo. “Ainda há carteiristas que tentam tapar as câmaras de vídeo com pastilhas elásticas, mas esquecem-se de que são filmados e depois reconhecidos pela nossa divisão”, contou o chefe da operação, enquanto andávamos às voltas pelo centro numa viatura “à civil” mas que “já é conhecida de todos os carteiristas”, reconhecem os agentes.E também há contravigilância às movimentações policiais. Mas o sucesso destas operações baseia-se nos agentes que andam à civil pelos circuitos dos carteiristas.
 Os cerca de 50 carteiristas portugueses a actuar em Lisboa, assim como muitos dos cerca de 20 estrangeiros dedicados ao furto, são já bem conhecidos da divisão – ao ponto de haver agentes que, nas férias, já se cruzaram em Paris, Barcelona ou Granada com carteiristas estrangeiros que também actuam em Lisboa.
Os primeiros indícios de que poderá haver acção surgem apenas às 11h40: as comunicações por rádio dão o alerta de uma eventual tentativa de furto a um turista no eléctrico 15. O carro segue na direcção, mas entretanto somos avisados de que o furto saiu frustrado. E sem flagrante delito não há detenção. Antes tinha surgido a única queixa do dia, de um turista inglês que terá ficado sem 500 libras que trazia na carteira. Os suspeitos são o “Jardel” e o “China”, que tinham sido vistos naquela linha do eléctrico – suspeitas reforçadas pelo facto de “Jardel” e “China” nunca mais terem sido vistos: “Provavelmente já ‘comeram’ e foram fazer a divisão do dinheiro”, comenta um dos agentes.
Calão e alcunhas são o prato forte entre os carteiristas: “Há o Xamã, o Nove-dedos, o Cheira-mal, o Zé do Porto, o Treinador, o Vidrinhos, o Madeirense e até o Pichas, que começou a furtar aos nove anos”, são alguns dos cognomes mais ouvidos. Sem casos flagrantes a acontecer, foi com o Zé do Porto que nos foi descrito um dos episódios mais hilariantes: este carteirista foi apanhado, com outro, a furtar e, quando foram confrontados com o facto pela polícia, negaram que se conheciam. Mas afinal eram irmãos, tendo cabido ao agente fazer, com ironia, as apresentações entre eles.
Quanto ao calão, basta ver como um carteiristas descreveria o furto da carteira do chefe da missão da troika em Portugal: “O ‘guiro’ (turista) estava no ‘fatio’ (paragem prometedora de bons resultados) e parecia ter ‘brasa’ (carteira recheada). Quando entrou na ‘montada’ (eléctrico ou autocarro) fizemos o ‘tampão’ (um dos carteiristas provoca confusão à entrada do eléctrico, distraindo o turista), usei a ‘muleta’ (mapa, saco ou casaco usado para esconder a mão que vai ao bolso da vítima) e saquei o ‘cabedal’ (carteira). “
Depois de almoço, “já que os carteiristas portugueses também param a essa hora”, arrancámos para a tarde com a promessa de mais acção e sempre atentos ao grupo do Dário, Paulinho Boxeur, filho do Zé do Porto e namorado do filho do Zé do Porto (forma como os agentes apelidam os comparsas daquele carteirista), que andavam pelas imediações, estacionando por vezes no café Pombalina, na Rua dos Fanqueiros.
Ou pela presença dos agentes, ou pela falta de vítimas que valessem o risco, os carteiristas resolveram não arriscar nenhuma acção neste dia. Os dados apontam para qualquer coisa como uma média de dois furtos diários nestes transportes, tendo a polícia já detido, só no primeiro semestre deste ano, 37 carteiristas.

4 comentários:

  1. Ah, mas os carteiristas contumazes que são apanhados estão bem arranjados.

    Vão ao juiz e são mandados em liberdade, voltando no próprio dia à actividade...

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  2. E os vendedores de "haxixe" já andam na Rua Augusta pelo menos há 30 anos...!

    Lá para 2042 alguém vai escrever que já lá andam há 60 anos ?

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  3. Quem anda com frequência nos transportes de Lisboa reconhece, seguramente, cerca de uma meia dúzia destes "profissionais", para além de, pelo seu comportamento nas paragens e, sobretudo, no momento da entrada no meio de transporte, ser relativamente fácil detectá-los. Quando há operações policiais para os apanhar, acompanhadas pelas televisões, nos telejornais aparecem quase sempre caras muito conhecidas de há anos. No dia seguinte, lá andam eles novamente na sua faina. Esta do flagrante delito tem graça, tal como a sanção de ficarem sujeitos ao "termo de identidade e residência". Será que dão moradas verosímeis? A história do senhor austríaco da troika ter sido "apanhado" no eleéctrico 28, quando ele vive em Lisboa desde Outubro de 2011, não abona muito em favor da sua atenção. Imaginem que ele é destacado para um país que não seja muito sério em contas... Enganá-lo-iam facilmente...
    JF

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  4. Conheço o gangue! Num dei um par de bofatadas pois tinha roubado uma juiza do SEJ, após várias ameaças de morte, o rapaz foi solto à tarde. Estava eu nas Portas do Sol a beber uma imperial, vejo o cromo, e pergunto-lhe,...atão meu já cá estás fora? Já e olha o que gamei! Mostrou de longe o que tinha roubado e com as duas mãos largou a fugir alfama a dentro!
    Numa outra tentaram roubar duas miúdas, sem sucesso e descontente dá-lhes um apalpão, estas num ápice larga uma chapada bem assente, o valente não vai de modas, um belo ponta-pé karateka...foi um sarilho! Fui lá "Então meu? A bater em meninas? A puta deu-me uma chapada!" Retorquiu o contomaz. Lá conseguiu que as raparigas se fossem embora mas o contomaz furioso, virou-se a mim e o resto do gangue apareceu...não fossem os vizinhos com um deles de bastão de basebol, tinha acabado mal! vidas de bairro! A Polícia sabe quem são os paulinhos e outros não faz absolutamente nada, bastava fotos destes caramelos nos electricos e o assunto está resolvido. Mais muitos dos condutores de electrico para fora das paragens para eles subirem!

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