05/08/2012

Ortografia no Verão.


A forma de como nos foi imposto o Acordo Ortográfico ... A importância e as consequências deste DICTATUM  para o futuro da Lingua e Identidade Portuguesas impõem uma resistência e um debate por parte da Cidadania ...
António Sérgio Rosa de Carvalho.
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"Bem, então e agora? "Já está", não é? Não! Felizmente, há uma maneira muito simples de resolver tudo isto: revogar (anular) a entrada em vigor do "acordo" "ortográfico" em Portugal. (A sério? Sim, sim, muito a sério.) Basta juntarmos 35.000 assinaturas (em papel) para entregarmos a Iniciativa Legislativa de Cidadãos (ILC) Contra o Acordo Ortográfico."
Debate
Ortografia no Verão
Por Hermínia Castro in Público
Imaginemos que nos diziam que doravante tínhamos de passar a representar o céu, por exemplo, de amarelo, em vez de ser de azul. Perguntávamos: porquê? "Porque sim." Dizíamos: nós sabemos que não passa de uma representação e de uma convenção, mas porquê isto? Traz alguma vantagem? Fizeram estudos? Resolve alguma coisa? Melhora alguma coisa? E a resposta era sempre a mesma: "Porque sim". Como se a opinião não fundamentada de meia- dúzia pudesse obrigar todos a fazer uma mudança sem sentido.
Agora troquemos a tonalidade do céu pela ortografia do português. Porque as alterações iriam unificar e simplificar, iriam aproximar a escrita da oralidade, seriam uma evolução da língua... ou "porque sim"? Vejamos.
Temos o irresistível argumento de aproximar a escrita da oralidade. Com pronúncias tão distintas como as dos alentejanos, timorenses, brasileiros, moçambicanos, cabo-verdianos, minhotos, guineenses, são-tomenses, açorianos, angolanos, etc., nada mais lógico senão dizer-lhes a todos que escrevam como pronunciam...? Quando estamos ao mesmo tempo a "unificar", claro! Isto só como anedota. Será possível que haja quem ainda não tenha visto a contradição gritante deste disparate?!?
Mais irresistível ainda é o argumento de que temos que "ivoluir". Impagável. Como se evoluir alguma vez pudesse significar cilindrar a riqueza e a diversidade do que quer que fosse, quanto mais de uma língua viva. Então porquê estas alterações, que implicam a desestabilização da ortografia com a introdução de milhares de novas facultatividades - leia-se também: ambiguidades - e com a invenção de "regras" absurdas e impossíveis de seguir, pois mais não são do que a consagração das excepções e dos erros? Ora, porque sim e está tudo dito.
Já sabemos que o destino de tudo no Universo é a entropia, mas será necessário dar um empurrão tão grande à ortografia da nossa língua? Temos uma ortografia que não é perfeita (aliás, nenhuma língua tem uma ortografia perfeita), mas introduzir mudanças aleatórias não significa melhorá-la. Muito pelo contrário.
Bem, então e agora? "Já está", não é? Não! Felizmente, há uma maneira muito simples de resolver tudo isto: revogar (anular) a entrada em vigor do "acordo" "ortográfico" em Portugal. (A sério? Sim, sim, muito a sério.) Basta juntarmos 35.000 assinaturas (em papel) para entregarmos a Iniciativa Legislativa de Cidadãos (ILC) Contra o Acordo Ortográfico. É uma proposta de lei, tal e qual como as que são submetidas pelos deputados, mas com a diferença de sermos nós, os cidadãos, a apresentá-la. Parece-me uma óptima ideia. Passamos a vida a reclamar e a dizer que se fôssemos nós faríamos assim e assado e cozido e frito. Pois façamos, então. Já temos largos milhares de subscritores, precisamos de mais uns quantos. Se cada pessoa que ler este texto (e concordar um bocadinho) subscrever, já serão mais uns milhares. Se depois falar nisso a mais meia dúzia de pessoas, já serão mais meia dúzia de milhares. E assim por diante. Numa onda de cidadania a lavar o país dessa escrita empeçonhada.
É só ir a http://ilcao.cedilha.net/, imprimir o formulário de subscrição, preencher, assinar e enviar. Pode enviar-se por correio tradicional ou electrónico (com o impresso digitalizado em anexo). Tem é de ser assinado em papel antes de enviar, que é o requisito fundamental (está tudo explicadinho na página). Bastam cinco minutos. E acreditar que podemos ajudar a reparar este erro tremendo.
Aproveitemos então o Verão, a contemplar o azul (e todas as outras cores) do céu, para pensarmos nas palavras. Queremos ficar com esta imitação patética de ortografia, imposta à força e sem razão, ou preferimos ter uma língua viva, rica e que seguirá o caminho que nós lhe quisermos dar? Pensem e contemplem, verão certamente o que quero dizer. Depois é só enviar o impresso. E voltar à contemplação do céu, mas desta vez com a satisfação de ter feito o que está certo e de ter ajudado a repor um pouco de bom senso no país. Para saber mais: http://ilcao.cedilha.net/

7 comentários:

  1. Como defensor do Património que sou, e conhecendo a História da Língua Portuguesa, que é escrita, mas sobretudo falada, discorda destas opiniões, e, com o respeito e admiração que tenho pelo Rosa de Carvalho.

    Portugal expandiu a sua língua, por vezes a outros povos (Ásia, África)ou pelo seu povoamento do Brasil, e NÃO PODE alterá-la quando lhe "apetece", a língua passou a ser pertença de mais de 250 MILHÕES.

    E alterou-a perigosamente na PRONÚNCIA (vogais mudas, troca generalizada do ei pelo ai, do em pelo ãe, do e pelo a, etc) desde meados do século XIX, e depois, de quando em vez, na ortografia, sem consultar o Brasil (como na época republicana) que SEMPRE teve grande respeito pela língua comum.

    As alterações do Acordo Ortográfico são mínimas e lógicas, e só são eliminadas as consoantes mudas, que não se pronunciam.

    Aconselho a ler alguma literatura, sobre a História da Língua, sobretudo brasileira, porque em Portugal NÃO HÁ LINGUISTAS, é a ignorância e o preconceito que dominam.

    Por 7 euros, comprem uma breve História da Língua, de Paul Teyssier, editado pela Sá da Costa.

    Mais preocupados deviam estar estas pessoas, e assinarem o envio de professores de português para Goa, Damão e Sri Lanka, (como fizeram os franceses na Índia)onde por despreso e arrogância da nossa elite, a Nossa Língua se está a perder.

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  2. Os meus melhores votos para que esta borrada (o acordo) vá para o lixo.

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  3. O anónimo arroga-se condenar o devir do idioma em Portugal como se os portugueses não tivessem direito ao devir da História?! -- Esta nunca tinha ouvido...
    Ao mesmo tempo advoga direito do Brasil ser consultado por mudanças políticas no idioma feitas por portugueses para valerem sòmente em Portugal? É descarada discriminação: direito de o do Brasil ser consultado e dever de Portugal consultar sobre como se deve escrever o português. Em Portugal. -- Notável! -- Deve ser por isso que o «Acordo Ortográfico» de 1990 traz preto no branco na sua «Nota explicativa» a «teimosia» dos portugueses com as consoantes etimológicas. -- Que é lá isso?! O Brasil proibe-o... -- Com o mesmo sofisma omite este anónimo das dúzias o facto histórico de o Brasil violar um Acordo Ortográfico desde 1945, tornando unilateralmente a uma convenção ortográfica de 1943 que particular e unilateralmente lhe mais conveio; qual a diferença deste infame quebrar dos trautos em relação à condenação de Portugal pela reforma política interna em 1911? -- A diferença é que Portugal não o Brasil. --
    É assim que chegamos a que o Brasil (e a seguir os novos países) pode fazer as tropelias que entende sobre o idioma português, sem condenação (mesmo se violar tratados internacionais livremente firmados) e Portugal não manada nada no português e tem direito de ser capacho. E é assim porque no Brasil palram mais araras.
    Decreta-se: os portugueses perdem o direito ao seu idioma!... Nem na sua própria terra podem decidir como se escreve. Os portugueses, para remissão da sua História pecaminosa segundo a certa moral dos bons anónimos que defendem os fracos e os coitadinhos também tem agora de entregar a soberania do idioma na sua própria terra.
    E mais agora que não tem Portugal linguistas...
    Não tem?!
    Qual a base duma afirmação destas duma autoridade parda que recomenda bibliografia de 7€?
    Ora! Esse ente anónimo que se dispa do anonimato se quere ver-se por aí ràpidamente alcatruzado a cavalgadura de nomeada. Dá vontade de lhe seguir o altivo conselho e comprar o tal livro dos 7 € só para lhe com ele dar na cornadura. Antes de se lhe cuspir nas trombas, o anónimo que vá vendo se o Brasil -- que tanto «respeito» vai tendo pelo meu idioma -- que ponha uns professorezecos brasileiros a caminho de Goa para ensinar aos indianos a gramática d' «os minino pega os peixe». Mas já agora que o faça mudando antes o nome do idioma para brasileiro, a ver se os indianos o querem aprender. E independentemente disso, ao menos assim desamparava-me a loja.
    Xô!

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  4. O anónimo tem o atrevimento típico da ignorância e da má fé.
    O Brasil já em 1823 discutia se não devia mudar o nome do idioma para brasileiro.... São políticas nacionalistas grátis...
    Por isso, em 1907 houve, no Brasil uma tentativa de reforma da ortografia que apenas não foi avante porque a corrupção era menor.
    A reforma portuguesa de 1911, foi já uma reacção a essa brasileira e unilateral.
    Essas ideias de reformas não eram brasileiras: eram subprodutos do positivismo francês que eles por lá iam decrifrando... Claro está que a França se guardou de mudar fosse o que fosse da sua Língua - que não é para brincadeiras de palermas e se mantém exactamente como era há 250 anos.
    O mesmo com o Inglês ou o Castelhano.
    É que, a regra é simples:
    - Quanto mais culto um país menos a ortografia muda, como é fácil de perceber...
    O Brasil, que é apresentado como uma potência, é hoje um país com 32 000 000 milhões de famintos e o triplo de analfabetos.
    Entretanto, quer ser membro permanente do conselho de segurança da ONU (é esse, confessadamente, o ponto principal da sua agenda de política internacional nos últimos 40 anos!!!!)e acha que poder apresentar-se como represente de um idioma ajuda nessa ambição atoleimada - e irreal.
    E para os palermas portugueses, lançou, para que aceitassem ser vítimas passivas de um crime de aculturação sem precedentes no mundo, a lengalenga da "lusofonia", que as maçonarias de cá transmite. Mas potência, por este andar, lá e cá, nem com os pedidos de equivalência do Relvas - distinto partidário do acordo ortográfico.

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  5. O denominado «acordo» foi condenado pelos grandes especialistas portugueses em pareceres que foram ignorados por gente de poucas letras, como cavaco bpn silva, que não sabia quantos cantos tem Os Lusíadas.
    Resume-se a um crime de aculturação, facilitado pela corrupção e tráfico de influências a cargos das maçonariais.
    De linguística, como confessou o tal malaca, nada tem, tratando-se, segundo o mesmo, de política.
    O anónimo aí de cima, que escreve mal e com erros de ortografia (despreso) é um dos muitos provocadores de serviço.

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  6. Pois, aí está a PROVA do que disse.

    Quem é contra o acordo ortográfico, perante argumentos e verdades mais que evidentes e estudadas ... recusa, insulta,e é contra ... porque sim ... acabou.
    Como Saramago disse escandalosamente num programa da TV brasileira, "a língua é dos portugueses, não dos brasileiros"
    Xenofobia pura, e crime de lesa cultura portuguesa.

    E mais, a maioria dos portugueses são A FAVOR DO ACORDO, só uma minoria de pessoas mal informadas e sem conhecimento da História da Língua Portguesa, é contra.

    Enfim ... Bué da Giro, melhor, giríssimo, isto está em cima da mesa e stá dfcl, como dizia um ex-presidente ...

    Meu caro, tente comprar o dito livro , ou vá à net procurar ...

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  7. Se não quereis publicar o meu último devolvei-mo-lo que publico-o eu.
    biclaranja[a]sapo.pt
    Obrigado!

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