22/09/2012

Espaço único de observação de aves do estuário do Tejo abre na lezíria.



Iniciativa da mais alta importância para o desenvolvimento da Consciência Ambiental e Pedagogia da Natureza e, no Futuro, local aprazível para visitas de Lisboetas ... e respectiva consciencialização dos mesmos ( adultos e crianças ) de que ... "Mais de 120 mil aves passam anualmente pelo estuário do Tejo, que é tido como uma das dez mais importantes zonas húmidas da Europa"
António Sérgio Rosa de Carvalho

Ambiente
Espaço único de observação de aves do estuário do Tejo abre na lezíria
Por Jorge Talixa in Público
Projecto, idealizado há mais de dez anos, terá três grandes lagoas e zonas cobertas com corredores por onde os visitantes podem passear e observar as aves sem que estas se apercebam da sua presença
Mais de 120 mil aves passam anualmente pelo estuário do Tejo, que é tido como uma das dez mais importantes zonas húmidas da Europa no que diz respeito à avifauna. Uma parceria liderada pela Companhia das Lezírias (CL), que contou com o apoio financeiro da Brisa, permitiu criar um espaço único em Portugal para a observação destas aves e para o conhecimento da Reserva Natural do Estuário do Tejo. O projecto foi lançado no início de 2010 e resultará, em meados de Outubro, na abertura do Espaço de Visitação e Observação de Aves (EVOA) na Ponta de Erva.
Trata-se de um investimento de 2 milhões de euros, onde são aguardados 25 a 30 mil visitantes por ano, parte dos quais estrangeiros interessados no chamado birdwatching, que movimenta cerca de 6 milhões de turistas por ano na Europa.
O complexo, desenvolvido na Ponta de Erva, junto ao local onde o rio Sorraia desagua no Tejo (cerca de 12 quilómetros a sul da Recta do Cabo), contempla três grandes lagoas artificiais de água doce, um centro de interpretação (ver caixa) e zonas cobertas integradas na paisagem com corredores por onde os visitantes podem passear e observar as aves sem que estas se apercebam da sua presença.
O Outono que agora se inicia é exactamente a melhor época do ano para a observação de aves migratórias que se concentram no estuário do Tejo para passar o Inverno. Entre elas contam-se mais de uma dezena de espécies protegidas (ver caixa).
"Vamos começar na época mais interessante do ponto de vista da observação de aves. Teremos uma equipa no local que vai desenvolver programas educativos para as escolas que nos queiram visitar, para visitantes espontâneos ou para famílias que queiram passar um dia agradável. Acho que temos ali um pacote único no país que vai ser apreciado", disse o presidente da Companhia das Lezírias ao PÚBLICO, explicando que as estimativas apontam para uma média de 25 a 30 mil visitantes nos primeiros anos de funcionamento, que poderá crescer nos anos seguintes.
A divulgação do EVOA já está a ser feita através da Internet em www.evoa.pt. "É um projecto de interesse pedagógico e didáctico que vai mostrar às pessoas um lado do Tejo e uma funcionalidade do rio que as pessoas desconhecem: a sua importância ambiental no que diz respeito à avifauna", refere António Saraiva.
A ideia surgiu em 2001, desenvolvida pela associação Aquaves e pelo seu presidente, Pedro Mello, que já observara estruturas deste tipo em Inglaterra. Foi proposta à Companhia das Lezírias, que se disponibilizou para ceder cerca de 80 hectares para a sua concretização. Aderiram também outros parceiros, como a Câmara de Vila Franca de Xira, a Associação de Beneficiários da Lezíria Grande, a Liga para a Protecção da Natureza, o Instituto da Conservação da Natureza e a Brisa que, no âmbito dos seus programas de responsabilidade ambiental, resolveu contribuir com 1 milhão de euros (metade do investimento total) para o projecto. E com uma comparticipação de fundos comunitários obtida através do Programa Operacional da Região de Lisboa o empreendimento teve pernas para a andar quase dez anos depois.
As obras de modelação dos terrenos, de enchimento das lagoas (há sistemas de regulação do nível da água) e de construção do centro de interpretação foram demoradas e, nos últimos meses deu-se uma fase de adaptação das aves a estes novos habitats, situados a norte da Reserva Natural do Estuário do Tejo, em frente da Póvoa de Santa Iria (cidade situada do outro lado do rio).
"É possível aos visitantes não só visitarem o centro de interpretação, mas fazerem também percursos a pé. Vai haver três percursos diferentes, que vão percorrendo as lagoas com observatórios estrategicamente colocados para que as pessoas possam observar e fotografar com qualidade as aves que ali permanecem e nidificam", prossegue António Saraiva. A gestão do EVOA pertence à Companhias das Lezírias, que vai contratar quatro a cinco funcionários fixos e mais alguns colaboradores e que conta com o apoio de outros parceiros em vários aspectos técnicos, como o da preparação das exposições temáticas, que serão regularmente renovadas.
"A parceria vai continuar, será através dela que vamos desenvolver as exposições e os programas de actividades que vamos oferecer aos visitantes. Pensamos que o projecto estará financeiramente acima da linha de água num horizonte de 5/6 anos e que poderá ter 25 a 30 mil visitantes por ano. Mas o EVOA não viverá só das visitas, tem de viver também da colaboração de outros parceiros que queiram promover ali os seus eventos ou fazer ali as suas acções formativas e de divulgação. Temos um pequeno auditório que poderá ser utilizado para reuniões de empresas, por exemplo, e cria-se aqui um novo pólo de interesse na região", sustenta o presidente da Companhia das Lezírias.

Mais de 120 mil aves passam por ali
Anualmente são mais de 120 mil as aves que frequentam ou passam determinados períodos do ano no Estuário do Tejo, classificado por isso como uma das dez mais importantes zonas húmidas da Europa, principalmente devido às aves aquáticas. De acordo com o site do EVOA, "aqui ocorrem com regularidade cerca de 100.000 aves invernantes (ou seja, que passam apenas o Inverno), ultrapassando o valor de 120.000 aves nos períodos de passagem migratória". Em 14 destas espécies, o estuário acolhe mais de 1% da população europeia. Por toda esta área (cerca de 14 mil hectares estão protegidos pela Reserva Natural) passam 54% das aves limícolas recenseadas em Portugal (borrelhos, tarambolas, pilritos, maçaricos e outras), cerca de 30% dos anatídeos (patos e gansos) e 4% das garças.

Centro de interpretação multifacetado
Para construir em madeira o edifício do centro de interpretação do Espaço de Visitação e Observação de Aves (EVOA), devido às regras ambientais rigorosas ali existentes, a Companhia das Lezírias teve de demolir outra construção a título de compensação.
Embora com uma volumetria baixa, para não ferir a paisagem da extensa planura da Lezíria Sul de Vila Franca de Xira, o centro de interpretação inclui áreas de recepção e apoio aos visitantes, exposição, loja, auditório, sala multiusos, bar e instalações sanitárias.
"Tem um conteúdo expositivo muito interessante que vai explicar toda a importância do estuário do Tejo, as características das aves que nos visitam e contém também informação sobre o crescimento e o desenvolvimento dos terrenos da lezíria e sobre o seu aproveitamento", explica ao PÚBLICO António Saraiva, presidente da Companhia das Lezírias.

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