23/09/2012

Na Avenida Duque de Ávila há um café onde se pode entrar e estacionar.



Na Avenida Duque de Ávila há um café onde se pode entrar e estacionar
Por Liliana Pascoal Borges in Público
A ciclovia da avenida lisboeta continua para dentro do estabelecimento, onde se pode comer, beber e comprar acessórios daniel rocha
O aumento dos combustíveis e do preço de bilhetes e passes de transportes públicos pode mover até o mais preguiçoso. Para os apaixonados das bicicletas, surgem novos
A ciclista toca a campainha para alertar um homem que caminha no espaço reservado às bicicletas. A ciclovia da Avenida Duque de Ávila, em Lisboa, é um dos espaços da cidade a que nem todos ainda se habituaram, mas conta agora com uma nova atracção: o Velocité Café, um estabelecimento onde é possível entrar e estacionar o próprio modo de transporte.
O número 120 A chama a atenção de ciclistas e peões. A porta, ao lado de uma montra que exibe uma bicicleta de modelo urbano, é a mesma que antes dava acesso a um stand de automóveis. "Uma simples coincidência", que retrata a tendência que se faz sentir nos centros urbanos, onde a bicicleta surge como alternativa de transporte quotidiano, garante João Camolas, um dos proprietários do primeiro velo café português.
João Bernardino, um dos primeiros clientes do Velocité Café, ouviu falar do estabelecimento nas redes sociais. Há dez anos que anda de bicicleta por Lisboa. Antes também recorria aos transportes públicos, mas nos últimos dois anos percebeu que conseguia prescindir deles. Como forma de tornar a cidade mais amiga das bicicletas, defende "a redução das velocidades de circulação dos automóveis em vias secundárias, uma medida sem custos e que beneficiaria peões e ciclistas". E elogia a Carris e os Bike Bus, onde é possível entrar com bicicleta, no horário normal, nas carreiras 708, 723, 724, 725 e 731.
João Camolas, de 32 anos, pretende cativar para o Velocité Café ciclistas e converter automobilistas ou utentes de transportes públicos. Nos últimos três anos, passou a usar a bicicleta nas suas deslocações. O negócio surgiu, assim, com naturalidade: "Existem dificuldades em encontrar um determinado tipo de acessórios para quem anda de bicicletas todos os dias, e quis criar um espaço que pudesse oferecer estes objectos para quem usa a bicicleta na cidade". Fala de produtos Yakkay (marca dinamarquesa que fabrica capacetes que se assemelham a elegantes chapéus), Tabour (marca portuguesa de selins em couro, feitos à mão) e Brooks (marca britânica de cadeados ou cestos).
No fundo da loja, uma escada de alumínio exibe livros e manuais sobre tudo o que é preciso saber sobre bicicletas e percursos. As bicicletas? Existem de várias marcas, cores, estilos e feitios, urbanas, com cesto e sem cesto. Entre a variedade encontram-se as portuguesas Órbita e também a britânica Tokyo. A maior novidade são as dobráveis. Três das cinco bicicletas que entraram no Velocité dobravam-se, o que permite fechá-las e guardá-las facilmente. Uma opção para quem usa como complemento o transporte público ou tem limitações de espaço em casa. As crianças não são esquecidas e pequenos modelos em madeira estão disponíveis para que os mais novos possam aprender a equilibrar-se, sem recurso às rodas de apoio.
A ideia de criar uma loja e oficina de bicicletas urbanas inserida num espaço de café ganhou dimensão nos Estados Unidos da América, Austrália e também na Europa. Maria Baeta, co-proprietária do Velocité Café, não tinha o hábito de se deslocar de bicicleta, mas começa também a apaixonar-se. "É como regressar aos tempos de adolescência, sente-se uma grande liberdade", descreve.
Alexandrino Fernandes, de 90 anos, já há algum tempo que deixou de andar de bicicleta, mas o espaço devolveu-lhe uma alegria de juventude. Mora nas redondezas e a sua paixão levou-o a escolher o Velocité para almoçar com a mulher, a filha e amigas da família. Partilha a esperança de que o conceito deste espaço conquiste quem ainda não parou para pedalar.

Página na Internet mostra Lisboa Ciclável
Autarquia e associações promovem iniciativas
Para os que começam agora a descobrir as vantagens do ciclismo urbano, a Câmara de Lisboa disponibiliza uma página na Internet - Lisboa Ciclável - alojada no site da autarquia (www.cm-lisboa.pt). Os interessados podem, entre outras funcionalidades, consultar quais os percursos possíveis para andar de bicicleta, através da pesquisa por Temas e Mobilidade. A câmara, em parceria com a Federação de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta, disponibiliza também cursos de aprendizagem. É o caso do que decorre inserido na Semana da Mobilidade. Mas estão previstos mais cursos, ainda sem data confirmada. Para os que querem começar já a pedalar, a Massa Crítica, uma comunidade presente em várias cidades do país, organiza passeios de grupo. Em Lisboa, o encontro realiza-se nas últimas sextas-feiras de cada mês, por volta das 18h. O ponto de encontro é o renovado Marquês de Pombal, junto ao início do Parque Eduardo VII.

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