Património
Quiosque com 103 anos esquecido no Largo da Estrela
Por Liliana Pascoal Borges in Público
Há cinco anos que o presidente da Junta de Freguesia da Lapa luta para reabilitar o quiosque do Jardim 5 de Outubro
O quiosque do Largo da Estrela, no Jardim 5 de Outubro, vulgarmente conhecido como Jardim da Burra, conta já 103 anos e foi outrora um dos mais bonitos e apreciados de Lisboa. Ao longo dos anos, foi propriedade do já extinto jornal O Século, serviu de apoio à praça de táxis nas décadas de 1960 e 70 e deu abrigo ao funcionário do ponto de abastecimento de combustível nos anos 90. Actualmente, o quiosque tem servido de refúgio a um sem-abrigo e é usado como lixeira.
O exemplar com mais de um século é propriedade particular, que depois da morte do seu proprietário ficou preso num processo de partilhas que se arrasta há 20 anos. O presidente da junta de freguesia, Nuno Ferro, defende uma intervenção da câmara e explica já ter esgotado os mecanismos ao seu alcance para tentar resolver o problema. "Nós andamos de três em três meses a enviar ofícios para a câmara e não obtemos qualquer resposta. Este ano já enviámos dois, dirigidos à vereadora da Cultura e ao vereador Sá Fernandes. Enviamos uma média de dois a três por ano, e nada." O autarca tentou também contactar o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, mas não conseguiu resposta.
Inaugurado em 1909, o quiosque nasceu na época em que a Arte Nova chegava a Portugal e com ela trazia a preocupação com a ornamentação, decoração e exploração dos novos materiais, entre eles o ferro. E o ferro forjado é o material dominante no quiosque. Com uma cobertura de zinco em forma de escamas, elementos rendilhados e compostos por movimento, o quiosque assume-se como um exemplar único de Arte Nova na capital portuguesa.
O estado de abandono do quiosque prejudica o largo, onde a riqueza do património arquitectónico e dos espaços verdes pode ser observada do emblemático eléctrico 28. Os turistas são convidados a reter um cenário de desmazelo e desleixo junto à basílica e ao jardim da Estrela.
O primeiro ofício da junta de freguesia, a alertar para o problema, data de Novembro de 2007. Nesta primeira carta, a autarquia propôs à Divisão de Requalificação do Espaço Público duas soluções: a reabilitação do quiosque centenário ou a colocação de um novo quiosque. A proposta tinha por base o interesse de um particular em explorar o espaço com "a já tradicional ginjinha, café e água".
Três anos depois do primeiro pedido, Nuno Ferro estendeu as cartas ao vereador do Espaço Público e Espaços Verdes, José Sá Fernandes, e à vereadora da Cultura e Turismo, Catarina Vaz Pinto. "O quiosque da Burra não é da câmara, é propriedade privada e estamos a tentar ver como é que resolvemos esse assunto, mas não posso adiantar mais nada", respondeu o vereador José Sá Fernandes. Sobre eventuais planos para o quiosque e a possibilidade de o município o adquirir o autarca apenas disse estar "a estudar o assunto".
se o presidente da junta da lapa dedicar a mesma energia que dedicou quando conseguiu que um passeio fosse usado como lugar de estacionamento de certeza que vai conseguir salvar o quiosque...
ResponderEliminarAqui está uma excelente oportunidade para entregar o restauro das peças em ferro forjado à Associação Portuguesa de Ferreiros, e desta forma recuperar um património centenário e uma arte milenar.
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